A Embrapa Agroenergia, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Brasília (DF), lançou uma nova ferramenta para auxiliar os produtores de canola do Brasil do início ao fim da colheita. A produção de canola, um grão de onde se extrai óleo comestível, está concentrada no sul do país, mas há potencial para outras regiões, como o Cerrado.
A estimativa para a atual safra é de 60,9 mil toneladas, o dobro da safra passada que enfrentou intempéries. No mundo, o Canadá é o maior produtor e exportador.
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O aplicativo da Embrapa, chamado Mais Canola, quer facilitar a gestão de dados de todo o ciclo de produção da oleaginosa, do plantio à colheita, levando para o produtor informações técnicas que auxiliarão no preparo da área, semeadura e monitoramento da planta.
Os produtores também poderão inserir dados sobre etapas do cultivo e sobre a colheita. Para a Embrapa, esse será um meio de aprimorar o aplicativo que, por ora, está disponível gratuitamente em versão beta, para dispositivos de sistema Android. Em breve, também para iOS.
Soluções apresentadas pelo aplicativo
Entre as principais funcionalidades do aplicativo está a possibilidade de conhecer dados sobre a produção no Brasil e no mundo, além do acesso ao Zarc (Zoneamento de Risco Climático) da canola para dez estados.
As informações vêm acompanhadas por fotografias das diversas fases do plantio e pós-plantio e infográficos com informações atualizadas de órgãos como o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
O aplicativo traz também informações sobre as principais cultivares disponíveis no mercado, e uma lista de herbicidas, inseticidas e fungicidas registrados no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para as principais plantas daninhas, pragas e doenças que afetam a cultura.
“Inserimos no aplicativo uma calculadora que mostra com precisão qual a quantidade de sementes ideal para a área desejada de plantio. A etapa da semeadura é crucial para o sucesso do plantio”, diz Bruno Laviola, pesquisador da Embrapa. “Se o produtor faz os cálculos corretamente e o plantio no período ideal indicado pelo ZARC, as chances de sucesso na hora da colheita são altas.”
O usuário poderá cadastrar a sua fazenda, inserir os dados sobre a cultivar plantada e acompanhar todas as fases do plantio. Com esses dados, será possível gerar relatórios e gráficos sobre as safras e as produtividades alcançadas pelas cultivares ao longo dos anos. Após o cadastramento de uma área, o Mais Canola envia notificações aos usuários nas épocas dos tratos culturais, como a adubação de cobertura e o monitoramento de determinadas pragas e doenças.
Canola para o Cerrado brasileiro
O aplicativo é um dos resultados do projeto Procanola, cujo objetivo é desenvolver a cadeia produtiva da canola (Brassica napus L. var. oleifera) no Cerrado, adaptando o sistema de cultivo às condições edafoclimáticas da região central do Brasil.
Espécie oleaginosa da família das crucíferas, a canola é uma variação genética da colza, cuja semente é cultivada no Canadá e desenvolvida inicialmente para regiões de clima temperado. No Brasil, é considerada uma cultura de inverno, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor da cultura em âmbito nacional.
No ano passado, foi realizado um plantio experimental de três variedades comerciais no Distrito Federal, em parceria com os produtores rurais da Coarp (Cooperativa Agrícola do Rio Preto).
Os resultados mostraram que foi alcançada uma produtividade média de 2 mil kg/ha, valor acima da média brasileira, mesmo com baixo índice pluviométrico. Para o plantio deste e dos próximos anos, o aplicativo Mais Canola irá mostrar com dados as causas do sucesso alcançado no centro-oeste brasileiro e também as oportunidades de melhoria.
“A canola é a terceira oleaginosa mais cultivada no mundo e uma excelente alternativa para uso em rotação de cultura em sistema de safrinha. Atualmente, o valor de mercado do óleo de canola é equivalente ao da soja, o que nos faz apostar que a sua tropicalização veio para ficar”, prevê Laviola. (Com Embrapa)