São poucos os programas de fidelidade focado no agro. Em geral, e não apenas no setor, esses programas seduzem seus adeptos com a possibilidade de alguma vantagem financeira que, no caso dos produtores rurais, é bem definida: pontos acumulados podem ajudar a baixar o custeio da lavoura. A startup Clube Agro Brasil, criada em 2020 como um programa de fidelidade multimarcas, entre elas Corteva, Elanco, da startup Fieldpro, além de empresas de fora do setor, como Mapfre, Magalu e Movida, anunciou hoje que vai expandir seu modelo de negócio.
A criação de uma nova modalidade, chamada Dealer, deve permitir que os canais de venda tenham seus próprios programas de fidelidade e que as compras realizadas nesses canais, por exemplo em uma revendedora de insumos, acumulem pontos exclusivos para esse negócio. Não por acaso, a startup está apresentando a modalidade nesta semana, durante o congresso nacional da Andav (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários) que ocorre nesta semana, em São Paulo.
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O setor de revendas de insumos, como fertilizantes, agroquímicos e medicamentos, tem cerca de 2.000 empresas no país, a maioria atendendo médios e pequenos produtores, um público estimado em 4,7 milhões de propriedades rurais, do total de 5,3 milhões. “Estar em um programa de fidelidade pode ajudar o produtor a melhorar a sua gestão financeira, ele ajuda no custo da lavoura ou da criação”, diz Eduardo Fernandes Júnior, sócio-fundador da empresa que tem 56.000 produtores em sua plataforma acumulando pontos e que desde o início das operações já intermediou transações da ordem de R$ 4,6 bilhões.
A intenção com a nova modalidade no programa de fidelidade vai permitir que o varejo tenha um portfólio maior de produtos para os seus clientes. No caso do Clube Agro são 98 canais de vendas, entre cooperativas, revendas e distribuidores, com 1.200 pontos físicos de vendas. Entre eles estão grandes cooperativas, como Coamo, Copercitrus, Coplacana e Integrada. “A mudança é que um produtor, dentro de uma única plataforma, também pode participar do programa de fidelidade do canal de vendas”, afirma Eric Chinen, diretor comercial.
Os pontos, nessa modalidade, são negociados entre o canal de venda e os fornecedores, e podem vir de produtos e catálogos de produtos próprios. Nos programas de fidelidade, o resgate dos vouchers são feitos no balcão do comércio ou nas compras on line. “Nossa intenção é dar independência para os canais em relação aos pontos acumulados e para a escolha dos produtos que vão pontuar, além do seu resgate”, diz Fernandes Júnior. “A ideia é não tirar o fluxo de venda deles, o que queremos é aumentar esse fluxo.”
O executivo também diz que a abertura deve trazer para dentro da plataforma um número maior de empresas. “Temos 80 empresas em prospecção, das quais muitas são startups de tecnologias”, afirma Chinen. Além disso, faz parte do projeto transformar o programa em uma conta digital, o que deve gerar ainda mais facilidades nas transações, e parcerias para oferecer crédito aos produtores. “Estamos em conversas com instituições financeiras e agfintechs, porque faz sentido para o programa”, diz Fernandes Júnior. A expectativa é colocar essa opção passe a compor o pacote de fidelidade em 2023.