O volume financeiro das emissões de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) aumentaram 45% no primeiro semestre, para R$ 19,3 bilhões. O movimento foi impulsionado por captações envolvendo investidores maiores. Já o número de operações caiu. Os dados fazem parte de um levantamento da fintech Bloxs e foram antecipados à Reuters.
Segundo o levantamento, o prazo médio das emissões de CRAs realizadas na primeira metade de 2024 aumentou em cerca de um ano, para 6,33 anos, em relação a igual período de 2023. O aumento sinaliza captações com maior qualidade de crédito. Já o total de operações caiu para 76, de 96 um ano antes.
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“Apesar de ter tido um aumento de R$ 6 bilhões no volume de emissões, houve 20 emissões a menos. Ou seja, as emissões foram mais concentradas em empresa maiores”, declarou Guilherme Sharovsky, líder de Crédito Corporativo da Bloxs Capital Partners.
Segundo ele, “grandes players” no mercado fizeram algumas emissões de CRAs. Entre elas, ele cita uma operação recente da SLC Agrícola de mais de R$ 1 bilhão.
“No primeiro semestre, a maior parte das (empresas) listadas de agro emitiu um ou mais CRAs”, destacou.
Com isso, o volume médio das operações também subiu, passando de R$ 168,19 milhões no primeiro semestre do ano passado para R$ 254,78 milhões, segundo o Bloxs Data.
Sharovsky destacou ainda o prazo mais alongado das emissões no primeiro semestre. “É um movimento um pouco mais ‘high grade’ das emissões, ou seja, emissões com maior qualidade de crédito conseguem prazos maiores.”
Cerco aos títulos incentivados
Vale lembrar que no início deste ano os certificados de recebíveis e as letras financeiras de crédito em operações dos setores imobiliário e do agronegócio entraram na mira do governo federal. Esses títulos passaram a ter regras mais rígidas para novas emissões, com possíveis impactos para empresas e para o investidor.
Por exemplo, uma empresa que emitisse um CRA deveria investir os recursos com a emissão em projetos do agronegócio. Porém, havia a suspeita de que os emissores estivessem usando os recursos da operação para outra finalidade.
O líder de Crédito Corporativo da Bloxs avaliou que muitos “players” grandes, mais capitalizados, estavam usando mais caixa próprio nas suas atividades. Para ele, as emissões retornaram diante da queda da taxa Selic até maio deste ano, frente à estabilidade do juro básico no mesmo período do ano passado.
O ciclo de afrouxamento monetário do Banco Central começou em agosto de 2023 e foi até março deste ano. “Isso tudo reforça que são players mais consolidados que estão aproveitando o momento de taxa um pouco mais baixa para voltar a captar”, diz
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Os CRAs são títulos lastreados em recebíveis originados de negócios de produtores rurais. As empresas cedem seus recebíveis a uma securitizadora, que emite os títulos, e conseguem, assim, antecipar os recursos.