A expansão acelerada da energia solar no Brasil tem incentivado empresários a criarem novos modelos de negócio, incluindo até operações junto a clientes do setor agrícola que preveem troca de painéis fotovoltaicos por safras futuras e um “marketplace” totalmente focado na tecnologia de geração limpa.
As permutas, comuns no setor rural, onde são conhecidas como “barter” e envolvem a entrega de produtos por agricultores em troca de insumos como defensivos agrícolas, passaram a ser oferecidas nos últimos meses na indústria solar do país, disse à Reuters o presidente da distribuidora de equipamentos Sunny Store, Hugo Albuquerque.
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“O cliente consegue pagar o equipamento com três ou quatro safras, essa é a moeda dele. Essa é uma modalidade que tem surgido a partir deste ano”.
“Vamos dar a ele (produtor rural) a possibilidade de pagar com a safra, porque essa é a linguagem que o agricultor fala”, acrescentou o executivo, que vê grande potencial para a geração fotovoltaica no campo reduzir custos de irrigação, por exemplo.
Ele disse que a Sunny Store fechou parceria com um fundo de investimento que permitirá atender uma demanda total de R$ 2 bilhões no setor agrícola.
“Isso para projetos grandes, para irrigantes, silos, grandes agricultores que têm indústria de transformação nas fazendas”, detalhou Albuquerque, que antes foi executivo das fornecedoras de painéis Canadian Solar e Kyocera no Brasil.
O novo modelo de vendas chega em meio a um salto principalmente nas instalações solares de pequeno porte, conhecidas como GD (geração distribuída), que geralmente envolvem placas em telhados e cresceram mais em 2020 do que qualquer outra fonte de energia no país, superando o ritmo de grandes usinas eólicas e térmicas.
A consultoria especializada Greener estimou que a instalação desses sistemas solares menores movimenta cerca de 14,7 mil empresas em território nacional, conhecidas como integradoras, segundo relatório do segundo semestre de 2020.
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Albuquerque disse que a Sunny Store está de olho nesse mercado não só por meio de vendas de equipamentos, mas também com a oferta de outros serviços aos clientes, como conteúdos educacionais e acesso a crédito.
O presidente da Sunny Store revelou que tem parcerias com grupos como Santander, BV e Losango para garantir financiamentos a clientes na compra de produtos solares, além de oferecer outras opções de crédito.
A empresa disponibiliza em seu site conteúdos educativos sobre o setor solar para apoiar técnicos que atuam com instalações. O conteúdo será em breve oferecido também por meio de aplicativos de celular.
MARKETPLACE E MAIS DA ENERGIA SOLAR
O aquecimento no mercado de sistemas fotovoltaicos para residências e empresas guiou também a criação da 77Sol, que se define como “fintech de energia”, ou “energytech”, e mira a oferta de equipamentos e soluções comerciais, de financiamento e de engenharia para integradores e profissionais do setor solar.
A plataforma digital, que funciona como um “marketplace” com serviços agregados, promete apoiar principalmente pequenos negócios, uma vez que a forte expansão da geração solar distribuída no Brasil passou a ser vista por muitos como oportunidade de empreender em meio à crise gerada pela pandemia.
“Estamos investindo em mudar a matriz elétrica do Brasil, e também ajudando a gerar renda para quem está desempregado”, disse à Reuters o empresário Sylvio de Barros, fundador da WebMotors e da startup ZFlow, que fechou acordo para realizar aportes de R$ 100 milhões na 77Sol em cinco anos.
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“A 77Sol nasceu para trazer profissionalização a esse mercado, essas empresas pequenas, que não têm capacidade de engenharia, ferramentas comerciais, estrutura para acessar o mercado financeiro. A plataforma entrega tudo isso, para que elas possam se tornar grandes companhias de energia”, disse o sócio da empresa Rodrigo Pedroso.
O presidente da 77Sol, Luca Milani, que também é piloto de automobilismo, disse que a plataforma tem fornecido cotações de equipamentos para usuários que têm potencial de gerar até R$ 200 milhões em vendas por mês.
O Brasil deve receber neste ano investimentos de cerca de R$ 22,6 bilhões em energia solar, sendo R$ 17 bilhões em sistemas de menor porte, de geração distribuída, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar). Em 2020, o país ficou em nono lugar em um ranking global de expansão da capacidade solar, com 3,15 gigawatts adicionados. (Com Reuters)
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