Resumo:
- “The Most Spectacular Restaurant in the World” (“O Restaurante Mais Espetacular do Mundo”, em tradução em português), de Tom Roston, resgata memórias e revela curiosidades sobre a história do Windows on the World, que ficava no 107º andar do World Trade Center;
- As Torres Gêmas foram destruídas há 18 anos em um atentado terrorista;
- O autor faz um relato detalhado da trajetória do restaurante, inagurado nos 1970, quando Nova York não era uma cidade esplendorosa;
- Embora o final da história seja conhecido, as revelações sobre o que aconteceu antes são o que prendem a atenção do leitor.
Nesta semana, completaram-se 18 anos do atentado terrorista de 11 de setembro. Entre as muitas perdas, é possível citar a destruição de um dos restaurantes mais culturalmente valiosos de Nova York, o Windows on the World. Ainda me lembro de forma vívida das experiências extraordinárias que eu tive quando jantei no 107º andar do World Trade Center. Felizmente, um livro novo e fascinante, “The Most Spectacular Restaurant in the World” (“O Restaurante Mais Espetacular do Mundo”, em tradução em português), do escritor veterano Tom Roston, trouxe essas memórias (e tantas outras) de volta.
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Quando peguei a obra, deixei de lado tudo o que estava fazendo e a devorei. Roston escreveu algo muito mais esclarecedor e edificante do que uma simples crônica dessa conquista ridiculamente audaciosa de alimentar pessoas a 400 metros do chão.
Pergunte a qualquer baby boomer nativo de Nova York qual foi a era mais emocionante desta cidade e, sem hesitação, quase todos dirão “os anos 1970”. Muito antes de “I Love New York” começar a ser cantada unanimemente, as únicos que queriam estar nesta cidade eram os que moravam aqui, porque ela era suja, repleta de crimes, violenta e degradada. Uma particularidade eletrizante, emocionante e francamente muito fabulosa era que as pessoas que escolheram morar neste município tinham uma personalidade arrogante o suficiente para acreditar que podiam fazer qualquer coisa contra todas as probabilidades.
Foi por isso que, enquanto o Governo Federal se recusava a ajudar a crise financeira da cidade, as Torres Gêmeas estavam em ascensão e um ousado restaurateur achou que podia dar às estruturas brilhantes uma coroa gustativa que provocaria a inveja de todos.
Não é possível contar a história da criação do Windows on the World (que foi inaugurado em 1976) sem entender o que ia contra o seu sucesso e o impulso maníaco de torná-lo realidade. Então, Roston criou o retrato mais detalhado fascinante que eu já li da minha cidade natal durante essa década assustadora e delirante.
Ele sabia que “como contador de histórias, um dos grandes desafios existentes era o fato de todos já conhecerem o final. Assim, como é possível prender a atenção das pessoas? Contando tudo o que aconteceu antes. Fiquei surpreso que, quando investiguei, descobri uma história que nunca foi contada. “
E o que Roston revela é uma narrativa sobre personagens incríveis: o brilhante e astuto caráter de Joe Baum, a força motriz do Windows; a administração tirânica, mas eficaz de seu gerente, Al Lewis, sobre o qual Roston escreve “seu filho o chamou de o homem mais malvado da cidade”; o belo e imponente maître, P.T. Eggar, que fez uma fortuna aceitando suborno para disponibilizar as mesas mais desejadas próximas às janelas; assim como o inspirado sommelier, o gerente particular da boate que guardava dinheiro na meia e vários outros responsáveis pelo Windows on the World se tornar o restaurante com maior faturamento do mundo.
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O autor acredita que esta também é “uma história de imigrantes, visto que mais de trinta idiomas foram falados no restaurante. Muitos chegaram longe porque trabalhar aqui era uma oportunidade sem igual. ”
Além disso, é um conto de uma maravilha arquitetônica. Como alterar um projeto estrutural único, porém rígido, para obter vistas panorâmicas? Como você leva gás de cozinha ao 107º andar? Você não leva. Então como cozinhar? Esta é também uma história da crescente sofisticação na comida de Nova York. “Agora é casual, mas quem naquela época já havia ouvido falar em camarão ao coco? Baum queria que o cardápio do chef Michael Lomonaco surpreendesse tanto quanto a vista. “
O mais importante, todavia, é que Roston se encanta com o fato de ser uma história sobre uma cidade que possui algo ainda mais hipnótico do que seu horizonte: as pessoas que dão vida a ela. Há o acrobata Philippe Petit, que percorreu o topo dos dois edifícios e “não apenas humanizou as estruturas, mas transformou os edifícios em uma atração”.
O grande crítico gastronômico Gael Greene escreveu uma matéria de capa na “New York Magazine”, periódico mais influente da cidade na época, definindo o restaurante com a expressão que dá nome ao livro. “Eu não podia acreditar em como esse restaurante absorveu todos os traumas e triunfos da cidade. Como as pessoas lidaram com o blecaute de 1977 (elas se divertiram e comeram de graça), o primeiro bombardeio do prédio, em 1993, e as celebridades tão diversas quanto John Lennon e Henry Kissinger que vieram e eram queridas ou odiadas pela equipe.”
A obra narra ainda um conto de tragédia e sofrimento de uma cidade mudada para sempre pela perda. Não do restaurante ou mesmo dos prédios, mas de milhares de entes queridos. “Fico muito agradecido que o fundo de compensação das vítimas tenha se unido para ajudar as famílias das 73 pessoas que perderam a vida trabalhando no Windows”, diz Roston.
Ele admite que saber o final trágico da história que escrevia foi o que forneceu a inspiração para produzir uma obra tão cativante. “Quando você ouve um elogio memorável, trata-se de como a pessoa viveu, não a forma como morreu”, acrescenta. “Os garçons, os chefs, os construtores, os famosos, esse incrível elenco de personagens criou algo incrível no 107º andar daquele edifício. O restaurante foi destruído há 18 anos. É um marco antigo o suficiente para ser considerado história para muitos ‘jovens demais para se lembrar’, mas ainda recente para se obter informações em primeira mão e estar fresco na memória de tantos. Tudo naquele lugar refletia a cultura de Nova York em um momento que nunca devemos esquecer”.
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Veja, na galeria de imagens a seguir, um pouco da trajetória e das personalidades que já estiveram presentes no Windows on the World:
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ReproduçãoForbes A chef de rang (responsável por explicar o cardápio e fazer o pedido para os clientes de sua seção de mesas) Claudette Fournier serve Guy Tozzoli e outro cliente do Windows on the World em 1976
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ReproduçãoForbes Dolly Parton e John Belushi jantam no Windows on the World em maio de 1977
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Reprodução/Forbes O restaurateur Joe Baum discursa no seu Windows on the World, recém-renovado à época, 10 de setembro de 1995
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Reprodução/Forbes Joseph Baum e seu parceiro David Emil brindam a reabertura do Windows on the World em Nova York em junho de 1996, após uma reforma de US$ 25 milhões
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ReproduçãoForbes O artista equilibrista Philippe Petit, que andou na corda bamba entre as Torres Gêmeas em agosto de 1974, janta no Windows on the World com George Willig em 27 de maio de 1977, um dia após Willig escalar a Torre Sul do World Trade Center
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Reprodução/Forbes Cortesia Da Baum + Whiteman International Restaurant Consultants e Dennis Sweeney
A chef de rang (responsável por explicar o cardápio e fazer o pedido para os clientes de sua seção de mesas) Claudette Fournier serve Guy Tozzoli e outro cliente do Windows on the World em 1976
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