A Covid-19 tem sido a maior prova de força e resistência enfrentada pelo mundo nos últimos 80 anos. Sabemos onde foi a largada, mas não temos ideia de onde será a chegada – nem que caminho percorreremos até lá. Há, no entanto, uma certeza em meio a tanta imprecisão: assim como na vida social e profissional, os hábitos das pessoas no quesito atividade física não serão os mesmos no pós-pandemia.
Flávio Settanni, dono da academia paulistana Sett, que promove treinos personalizados e atendimento exclusivo aos clientes, afirma que a prática de atividades físicas transcendeu o aspecto estético. “Depois que as pessoas perceberam a vantagem daqueles que são mais saudáveis em resistir à doença, passaram a dar mais valor para sua saúde”, afirma. “Estamos observando um aumento grande na procura vindo de pessoas que antes não se preocupavam em fazer exercícios.”
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O impacto no setor foi severo, pois as academias tiveram que fechar as portas e congelar os planos dos alunos. Para se manterem ativas, muitas criaram programas de instrução à distância, sem custo para os clientes. “Oferecemos aulas virtuais ao vivo, com um professor à disposição do aluno. Essa foi a forma que encontramos para ajudar nossos clientes a passar por esse momento”, afirma Flávio. “Depois de tudo isso que está acontecendo, as academias serão mais reconhecidas como instituições voltadas à promoção da saúde e do bem-estar, indispensáveis na vida das pessoas”, analisa.
Luiz Urquiza, CEO da rede de academias Bodytech, acredita que a tendência pós-isolamento é que as pessoas pratiquem mais exercícios, “pois uma nova alternativa passou a ser cogitada por um número maior de pessoas: as aulas virtuais, que não precisam do deslocamento físico do aluno”.
Segundo ele, estudos apontam três principais motivos pelos quais as pessoas alegam não praticar exercícios físicos: inibição, falta de tempo e falta de dinheiro. “Um aplicativo com aulas virtuais resolve esses problemas”, afirma Urquiza.
A Bodytech já havia percebido essa tendência há alguns anos, ao lançar, em setembro de 2015, o aplicativo BTFIT – que oferece uma gama de atividades que podem ser praticadas em qualquer lugar.
Urquiza afirma que a marca sempre apostou na conjugação das duas alternativas, presencial e virtual, de forma que uma completasse a outra. Por isso, todos os clientes da rede têm acesso ao aplicativo. Com o isolamento social, segundo o CEO, a Bodytech foi menos prejudicada: “Nós já tínhamos uma alternativa pronta, não foi preciso criar nada de última hora, e o número de pessoas que passaram a usar o aplicativo aumentou bastante”.
Ana Carolina Corona, diretora dos estúdios do grupo Bio Ritmo que caíram no gosto dos paulistanos, como o Race Bootcamp, criou alternativas desde o início do isolamento para que os alunos continuassem a se exercitar em casa. “No início da quarentena, não tínhamos nenhuma iniciativa online. Quando o isolamento começou, passamos a fazer lives diárias no Instagram, de todas as modalidades”, conta Ana Carolina. “Quisemos levar uma experiência muito parecida com a que oferecemos nos estúdios para dentro da casa das pessoas: música, os melhores professores, treinos novos e muita variedade para não ficar monótono. Funcionou muito bem. Aumentamos nossa relevância nas redes sociais – e tivemos em média 5 mil pessoas por dia fazendo nossos treinos.”
Animado com o sucesso, o grupo vai apostar na rentabilização do negócio, criando uma plataforma paga de treinos para pequenos grupos. “Esse modelo vai continuar mesmo depois do fim do isolamento.”
Reportagem publicada na edição 78, lançada em junho de 2020
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