Quando os irmãos Rodrigo e Felipe Carvalho decidiram fundar a Positive Brands, há sete anos, o mercado de alimentos orgânicos e naturais ainda era um campo pouco habitado. “A maior parte do público, até então, era de veganos e intolerantes a lactose, consumidores com algum tipo de restrição alimentar”, relembra Rodrigo. Desde então, uma onda de pessoas buscando saúde, bem-estar e cuidado com o meio ambiente atingiu esse mercado, que começou a cativar novas plateias. De jovens a idosos, o mundo verde se tornou uma opção curiosa, inclusive, para crianças.
Leites e achocolatados sempre foram frequentes no cardápio infantil – a não ser que houvesse alguma restrição alimentar. No entanto, e se crianças aprendessem a consumir, desde cedo, versões veganas e orgânicas no seu dia a dia? Foi essa a pergunta que os fundadores da Positive Brands fizeram antes de lançar a linha Mini, da já conhecida marca de leites vegetais A Tal da Castanha, um achocolatado sem origem animal. A resposta do público foi clara e efetiva: em um mês, venderam 120 mil unidades, o dobro do esperado.
“Planejamos vender em torno de 50 mil unidades no primeiro mês”, conta Rodrigo animado pela aceitação do mercado. Para ele, isso é resultado de uma aceleração na mudança do hábito alimentar no Brasil. “Principalmente na pandemia, houve um aumento da busca por comidas naturais. A maior parte do nosso público não é de veganos, mas de flexitarianos. Pessoas que querem reduzir o consumo de produtos animais, seja pela saúde ou pela questão ambiental”, explica o fundador.
Nesse caso, muitos pais e responsáveis já pensam em introduzir uma alimentação saudável em seus filhos desde a infância. “Achocolatados tradicionais tem quase 30 gramas de açúcar em sua composição. Na nossa versão, temos um produto à base de água, castanha de caju orgânica, açúcar demerara orgânico, farinha de aveia, fibra de chicória, proteína de fava, carbonato de cálcio e aromas naturais”. A composição completamente orgânica e com teor de açúcar bastante reduzido conta com quatro opções de sabores – chocolate, morango, baunilha e maçã com banana -, uma das maiores dificuldades para o time de desenvolvimento.
“Estamos há dois anos desenvolvendo o produto”, desabafa o empreendedor. Principalmente quando se lida com um público infantil, o gosto do produto é o pilar decisivo para o sucesso do lançamento. “As pessoas ainda julgam o sabor de algumas comidas saudáveis, então precisávamos fazer algo que surpreendesse e que fosse muito próximo ao gosto de produtos de origem animal.” De certa forma, após meses de acompanhamento de nutricionistas e testes de qualidade, o Mini parece ter agradado aos pequenos consumidores. “Vamos cumprir o que tínhamos planejado com esse produto: ter um papel transformador na alimentação das crianças. Embora os adultos tenham gostado também”, diz com humor.
Mais do que mudança comportamental, esse sucesso também tem relação com o avanço tecnológico para a produção de alimentos veganos. Segundo a pesquisa de insights da plataforma Tastewise, é estimado que o mercado de alimentos veganos movimente, até 2027, US$ 74,2 bilhões em nível global. O cenário promissor faz com que mais marcas invistam em produtos diferenciados que conquistem o público. Se antes havia apenas leite de soja como substituto do leite de vaca, hoje a tendência é completamente diferente.
A Positive Brands, por exemplo, já conta com 34 produtos em seu portfólio, de diferentes marcas. De achocolatados a isotônicos, a estratégia da empresa é lançar versões veganas para todos os produtos possíveis. “Estamos de olho em todas as categorias que não possuem opções plant-based ainda. O isotônico Jungle nasceu da observação do mercado. Percebemos que quem consome o produto são atletas e, mesmo assim, as marcas eram repletas de açúcar, corante e aroma artificial. Química pura”, explica. “Vimos oportunidade e lançamos uma versão feita com suco de frutas, tapioca e água de coco.”
Embora o consumo de alimentos de origem animal já seja uma questão discutida no mundo inteiro – a American Heart Association, em 2020, publicou um estudo apontando que as dietas plant-based estão atreladas à redução do risco de doenças cardiovasculares e mortalidade -, no Brasil, os dados ainda são imprecisos. Mesmo assim, Rodrigo consegue enxergar uma maior aceitação em grandes centros, como São Paulo. A metrópole chega a representar 40% das vendas da Positive Brands.
Aos passos lentos e otimistas, os fundadores esperam expandir ainda mais pelo Brasil nos próximos anos. A paciência para lidar com o setor é resultado de uma forte experiência familiar, já que seus pais são donos de uma empresa de processamento de exportação de caju, a Amêndoas do Brasil. Foi dentro da companhia que perceberam o aumento de leite de amêndoas em países como os Estados Unidos, o que gerou o insight para explorarem o mercado em solo nacional. “Começamos com a marca A Tal da Castanha e, desde então, não paramos mais”, destaca Rodrigo. “Queremos um futuro melhor para nossas crianças e isso começa pela alimentação”, finaliza.
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