Há 168 anos, o agrônomo francês Michel Aimé Pouge não podia imaginar que transformaria a história do vinho na América do Sul ao trazer as primeiras mudas de malbec para as terras argentinas. A uva, difícil de madurar em ambientes chuvosos, acabou se consagrando no terroir da região de Mendoza. Desde então, o 17 de abril é usado para lembrar – e degustar – a fruta que deu origem a um dos vinhos mais amados pelo público brasileiro.
Dominada pelo estilo frutado, a malbec é considerada pelos enólogos como uma uva versátil, com potencial para a produção de vinhos elegantes, frescos e suculentos. “É uma variedade tinta, de pele espessa e quase totalmente adaptada ao clima continental, produzindo, quando jovem, vinhos profundos de cor púrpura. Os aromas podem variar entre notas florais de azaléia, violeta, mirtilo, amora, ameixa e groselhas. Tipicamente seco, encorpado, de acidez alta e com taninos generosos”, define Thiago Mendes, sócio-fundador da escola Enocultura.
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Sua adaptação ao terroir argentino é outro ponto de destaque quando comparado ao desempenho em Bordeaux e Cahors, regiões da França da onde a uva se origina. Para além do gosto “fácil de agradar”, como explicam os especialistas, a malbec encontrou na Argentina um ambiente propício ao seu desenvolvimento. “O clima quente, seco e estável da Argentina permite ano após ano a perfeita maturação da uva, entregando vinhos sempre corretos. Além disso, temos um país de grandes dimensões, com variedade de solos e microclimas, contribuindo com variedade de estilos que potencialmente podem atingir um público consumidor muito mais amplo”, explica Diego Arrebola, três anos premiado pela ABS (Associação Brasileira de Sommeliers) como o melhor sommelier do Brasil.
No Brasil, o sucesso dos vinhos malbec é creditado tanto ao sabor equilibrado, quanto ao custo-benefício financeiro, já que a proximidade dos vinhedos facilita os acordos comerciais. “A malbec é um case no Brasil muito provavelmente por produzir vinhos com certa facilidade de ser bebido, com taninos mais redondos e não tão ásperos, acidez média e bastante aromático, já que o consumidor de vinho normalmente gosta de encontrar aromas reconhecíveis. Além disso, no Brasil temos outros dois pontos positivos: o preço e a preferência nacional por tintos”, exemplifica Paulo Brammer, também sócio-fundador da escola Enocultura.
Uma vez na mesa, o consenso dos enólogos é que o vinho malbec se dá bem com carnes vermelhas, como churrasco, cordeiro, chorizo e hambúrguer. Alguns queijos curados também harmonizam bem, assim como risotos cremosos e empanadas. Mas por fim, vale a palavra mágica do mundo dos vinhos: depende. “Justamente por conta da versatilidade da uva você vai encontrá-lo junto com uma variedade de pratos. É isso, depende do prato e depende do malbec”, sintetiza Arrebola.
Veja, na galeria de fotos abaixo, dez malbecs de qualidade cujas garrafas estão entre as mais caras disponíveis no Brasil:
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Divulgação 1. Cobos Bramare Chanares Malbec 2015
Malbec do Vale do Uco, considerado expressivo e carnudo. Com elevada complexidade aromática, apresenta uma mistura de ervas frescas do campo, como tomilho, alecrim, camomila, violetas, frutos vermelhos maduros, cassis e algumas notas de baunilha, além de taninos aveludados que continuam a evoluir. A garrafa é encontrada no portal da GrandCru por R$ 3.178.
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Divulgação 2. Catena Zapata Adrianna Mundus Bacillus Terrae 2015
Outro exemplar do Vale do Uco, esse Catena Zapata se diferencia pelo cultivo da uva em um solo de carbonato de cálcio e fósseis marinhos, permitindo que a malbec absorvesse mais nutrientes do que a média. Nota 96 na classificação de Robert Parker, a garrafa é vendida pela Mistral por R$ 3.063,71.
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Divulgação 3. Zuccardi Piedra Infinita 2016
Este 100% malbec é fermentado em tanques de concreto com leveduras nativas e depois levado a um estágio em carvalho, o que resulta em um tinto de boa maciez. Com grande expressão de frutas, como morango e framboesa, o vinho tem acidez acentuada. Pode ser encontrado na GrandCru por R$ 2.648.
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Divulgação 4. Château de Haute Serre Icône WOW 2009
Produzido em Cahors, o Icône WOW foi privilegiado por uma colheita impecável em 2019. Com complexidade de aromas, elegância e estrutura, o tinto tem a presença de taninos macios e um toque tradicional dos vinhedos franceses. A garrafa é vendida na Mistral por R$ 1.742,80.
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Divulgação 5. Susana Balbo Nosotros Sofita 2017
Vinícola fundada em 1999 por Susana Balbo, a primeira enóloga da Argentina, produz vinhos feitos a partir da junção de malbec, cabernet franc e cabernet sauvignon. Bem equilibrado, o Nosotros Sofita possui traços de frutos vermelhos maduros, cacau e carvalho francês. Pode ser encontrado na WineBrasil por R$ 1.249.
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Divulgação 6. Aluvional Paraje Altamira Malbec 2016
Produzido no Vale do Uco, o Paraje Altamira tem a identidade ligada ao solo de carbonato de cálcio, o que resulta em um vinho complexo, com notas florais, herbáceas e minerais. Sedoso no paladar, tem um final de boca longo com a acidez mineral muito presente. A garrafa é vendida pela GrandCru por R$ 1.418.
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Divulgação 7. Mosquita Muerta Malcriado 2015
Elaborado com malbecs colhidas a mão em diferentes altitudes na Cordilheira dos Andes, o Malcriado foi fermentado com leveduras indígenas em barricas de carvalho francês, estagiando por 24 meses nas mesmas pipas. Aparece no Descorchados de 2020 como um dos 10 melhores exemplares de Malbec na América do Sul. É vendido pelo Sovinno por R$ 1.300.
6. Aluvional Paraje Altamira Malbec 2016
Produzido no Vale do Uco, o Paraje Altamira tem a identidade ligada ao solo de carbonato de cálcio, o que resulta em um vinho complexo, com notas florais, herbáceas e minerais. Sedoso no paladar, tem um final de boca longo com a acidez mineral muito presente. A garrafa é vendida pela GrandCru por R$ 1.418.
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Divulgação 8. Cobos Malbec Rebon Vineyard 2016
Com notas de cereja, ameixa madura, camadas de grafite e chocolate branco, o Rebon Vineyard estagiou por 18 meses em barris de carvalho francês, adquirindo maior complexidade e maciez. A garrafa é vendida pela GrandCru por R$ 1.132.
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Divulgação 9. Catena Zapata Adrianna Fortuna Terrae 2016
“Sorte da terra” em latim, o Fortuna Terrae faz referência no nome ao solo argiloso em que a Malbec foi cultivada. Superando o irmão e atingindo nota 97 na classificação de Robert Parker, o vinho traz aromas florais e ótimas acidez ao paladar. É encontrado na Mistral por R$ 1.046,84.
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Divulgação 10. Yacochuya Malbec 2016
Produzido na cidade de Salta, na Argentina, o vinho é fruto da parceria entre os enólogos Marcos Etchart e Michel Rolland. Complexo e estruturado, o malbec carrega aromas perfumados de jabuticaba, cereja negra, cassis e café. Com taninos doces e acidez equilibrada, o Yacochuya pode ser encontrado na GrandCru por R$ 932.
1. Cobos Bramare Chanares Malbec 2015
Malbec do Vale do Uco, considerado expressivo e carnudo. Com elevada complexidade aromática, apresenta uma mistura de ervas frescas do campo, como tomilho, alecrim, camomila, violetas, frutos vermelhos maduros, cassis e algumas notas de baunilha, além de taninos aveludados que continuam a evoluir. A garrafa é encontrada no portal da GrandCru por R$ 3.178.