Sempre me interessei muito pela cultura mexicana e todas as suas cores, aromas e sabores, mas o que mais me intrigava era a forma alegre com que o povo mexicano encara a morte. Quando a The Macallan me convidou para cobrir o lançamento de sua garrafa em homenagem à Cidade do México – e, principalmente, ao Día de los Muertos –, meu coração sorriu. Finalmente, entenderia o porquê de essa cultura pré-hispânica festejar os mortos.
Para os mexicanos, 2 de novembro é o dia em que seus entes queridos falecidos voltam à Terra para matar as saudades das pessoas e aproveitar um pouco dos prazeres mundanos. Não importa a classe social, todos celebram a data, que é como o Carnaval para os brasileiros. Eles se fantasiam e saem às ruas para comemorar.
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Faz parte da tradição montar um altar com a foto do morto que esperam receber. A imagem é cercada de oferendas, a mais conhecida o pan de muerto (pão de morto), um pão doce polvilhado com açúcar, muito tradicional na data, além de flores amarelas – uma espécie de calêndula mexicana. Também são colocados incensos, papel picado, peças de roupas, joias e tequila, é claro.
Visitei a cidade um pouco antes da data, em outubro, e foi muito legal ver o clima de “esquenta” que pairava no ar. Todos os estabelecimentos estavam enfeitados com as tradicionais flores amarelas e com muitas caveiras. Voltei dessa viagem certa de que, no fim, o Día de los Muertos serve para comemorar a vida.
LA CATRINA, A DEUSA DA MORTE
Figura emblemática do Dia dos Mortos, as Catrinas são as caveiras femininas adornadas com um vestido elegante e chapéu extravagante. Elas estão por toda a parte e há concursos no país para escolher a fantasia mais bonita ou a que melhor representa La Catrina.
Ela surgiu a partir da deusa da morte asteca, Mictecacihuatl, que guardava os ossos dos mortos para que, se fosse necessário, pudessem ser usados. Também presidia as festividades do Dia dos Mortos.
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Criada pelo cartunista e ilustrador José Guadalupe Posada (1852-1913) em 1910, antes de se chamar La Catrina, seu nome era La Calavera Garbancera, ou A Caveira Garbanceira (acima). O artista desenhou um crânio usando um extravagante chapéu, representando o fato de a morte ser universal e democrática, uma vez que atinge a todos indiscriminadamente e sem privilégios de classe social ou qualquer outro atributo.
Foi Diego Rivera (1886-1957), pintor muralista e marido de Frida Kahlo, quem deu o nome de La Catrina à Calavera Garbancera, quando a retratou no mural Sueño de una Tarde Dominical en la Alameda Central, de 1948, resgatando as raízes da cultura mexicana e representando mais de 400 anos de história do México por meio de diversos ícones. La Catrina foi feita de corpo inteiro, com vestido muito enfeitado e elegante, adornada por acessórios próprios da época. A partir daí, permaneceu o nome.
DISTIL YOUR WORLD X ROCA BROTHERS
A The Macallan está celebrando a terceira edição do projeto Distil Your World, uma parceria da marca de uísque escocês com os Roca Brothers – chefs por trás do premiado restaurante espanhol El Celler de Can Roca.
“Destilar uma cultura dentro de uma garrafa e de um menu.” Essa é a ideia por trás da iniciativa, que já homenageou Londres, Nova York e agora, Cidade do México. Para tanto, a escocesa Diane Stuart, whisky maker da Macallan, fez uma imersão na Cidade do México ao lado do chef Joan Roca para estudar e conhecer a fundo a cultura mexicana. Dessa experiência, nasceu um blend exclusivo, com notas doces inspiradas no sabor do pan de muerto, nas flores de calêndula e com um toque de laranja.
“Mais que os aromas e sabores, o que me inspirou na hora de criar o blend desse uísque foi a energia das pessoas do México”, contou Diane. Cinco pessoas-chave serviram de guia para a criação – que chegará ao Brasil no primeiro semestre de 2024 pelo valor de R$ 11.500.
Entre elas a curadora Josefina García, a makeup artist Erika Ponce, a chef Elena Reygadas (do restaurante Rosetta) e o artista mexicano Alfredo Ríos, que criou o rótulo da garrafa. “Se existe uma cultura que pode abarcar uma bebida única como o uísque escocês, é a mexicana. Apesar de distintos, os dois países são cheios de personalidade”, disse o chef Joan Roca.
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Esta matéria faz parte da edição 113 da Forbes, que já está disponível nos aplicativos na App Store e na Play Store e também no site.