O ponto que antes era uma tediosa agência bancária na Vila Madalena, em São Paulo, agora em novembro se tornou um point da boa mesa, especialmente quando o assunto é confeitaria e panificação. A empreitada é da jovem confeiteira Isabela Honda, que depois de quase um ano de expectativa e sete meses de obra, abre seu negócio dos sonhos em um imóvel de 600 metros quadrados e tecnologia de ponta: a Joya Boulangerie.
O nome não é à toa. A novidade foi inaugurada este mês na capital paulista com a intenção de elevar o nível das cafeterias. “Não conheço nenhum lugar em São Paulo que faça o que pretendemos, hoje em dia tudo é muito igual. Queremos trazer uma nova estética, sabores novos, com produção alta e a maior parte dos insumos feitos aqui. Entramos no jogo já para fazer diferente”, explica a dona, com 12 anos de experiência na área, descrita como perfeccionista por quem trabalha ao seu lado.
Leia também
Tudo ali, da comida ao design, foi pensado nos mínimos detalhes para propiciar a melhor experiência possível de cafés, doces, pães, folhados e chocolate. Para isso, Isabela uniu o que aprendeu por anos como autodidata – fazendo encomendas em casa desde os 17 anos – com a técnica da alta gastronomia que teve contato em seu um ano e meio de Tuju, restaurante duas estrelas Michelin de Ivan Ralston.
Na Joya, ela usa sua base francesa com toques autorais, traduzindo em pratos como o (delicioso) sanduíche de croissant recheado com rosbife, molho aioli e salsa criolla e os delicados entremets e tarteletes, lindamente decorados, que enfeitam a vitrine – destaque para a torta de laranja confitada, que leva manjericão na massa crocante, e o mousse de earl grey com recheio de laranja e crocante de amêndoas, que deve agradar os amantes do chá.
A tecnologia também é uma aliada para trazer diferencial à nova casa, especialmente quando o assunto é bebidas. A Joya é o único estabelecimento do Brasil, por exemplo, a ter uma Gaggia Professional Milano La Reale, referida no mundo dos baristas como a “lamborghini” das máquinas de café. “Com ela, conseguimos controlar 100% de todos os aspectos do café”, explica. Outro motivo do apelido é seu preço: nada menos do que R$ 180 mil. Ela é usada de versões clássicas do cafezinho até as mais originais, como o gelado espresso tônica peach – que leva água tônica e koso (xarope milenar japonês) de pêssego, combinação de sucesso.
Outra notável da casa é a máquina americana Nitron, que retira o nitrogênio do ar e o injeta na saída da bebida. No mercado, ela é encontrada por R$ 110 mil. Nas mãos de Isabela, é usada para fazer chás fora do óbvio, como o mate nitrogenado com tangerina, servido com espuma alta no copo. “A Nitron não é novidade no exterior, mas no país é a primeira do Sudeste e a segunda do Brasil. Eles querem nos fazer de showcase”.
Colocar o negócio em pé, atendendo o grau de exigência de Isabela, demandou um alto nível de investimento. R$ 2 milhões foram destinados só para os equipamentos de alta eficiência. O esforço também foi em família: o marido da confeiteira, o engenheiro civil Carlos Piccoli, trouxe sua expertise para construir um negócio otimizado, projetado com placas solares para autonomia, aparelhos de última geração e iluminação cênica de teatro. A sogra, a aposentada Marisol Piccoli, entrou como investidora e ajuda na hospitalidade, recebendo clientes e provando os testes de Isabela. “Ela sempre me dá para provar, e o que acho que já está maravilhoso, diz que foi reprovado. Só vai para a vitrine o que for extraordinário”, ri Marisol, feliz da vida com o primeiro negócio próprio.
Com a casa de 95 lugares cheia desde o soft opening, o resultado final parece promissor. Sem nem um mês de vida, a Joya já está em negociações para abrir outras unidades e pensa em expandir o horário de funcionamento e o espaço – especialmente para conseguir fornecer pães para outros restaurantes paulistanos e fazer eventos. “É tão bonito ver a operação rodando. A gente se preocupa para que tudo seja o mais fresco e original possível. Essa atenção aos detalhes é nítida no produto final, esse é o nosso diferencial”, finaliza Isabela.