Deu na inglesa Autocar: a próxima geração do Quattroporte será puramente elétrica. Previsto para o 2024, será o único sedã da Maserati, adotará o sobrenome Folgore (relâmpago, em italiano) e ficará entre o SUV Levante e o cupê Granturismo.
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Eletrificar seu modelo mais tradicional não é um passo solitário da fabricante italiana, já que essa é uma tendência ainda mais intensa no segmento de luxo, demonstrada por modelos como Rolls-Royce Spectre e Cadillac Celestiq, entre outros.
Longe de ser também a primeira guinada mais radical da marca fundada em 1914, em Bolonha, pelos irmãos Alfieri, Ettore, Ernesto e Bindo – cujos primeiros capítulos na história automotiva foram com carros de corrida. O primeiro deles foi o Tipo 26, com 11 unidades fabricadas entre 1926 e 1932.
Já em 1937, a marca do tridente conhece um trauma que se repetiria mais três vezes no futuro: sai das mãos dos irmãos Maserati para as de Adolfo Orsi.
Carros de rua surgiram somente em 1947, com o A6 1500. Dez anos depois, durante o Salão de Genebra, apresentou o 3500 GT, síntese do que deveriam ser os grand tourers: confortáveis, espaços e potentes.
Sob o comando do empresário italiano, um rol de bólidos, corridas e vitórias se seguiram até o 250F, carro pilotado por Juan Manuel Fangio no início da temporada de 1954 da Fórmula 1, quando o argentino conquistou o bicampeonato. Após correr pela Mercedes-Benz e pela Ferrari, Fangio voltou a sentar em um Maserati 250F para o quinto e último título, em 1957 – mesmo ano em que a fabricante decide se retirar das competições e focar na produção de automóveis potentes e luxuosos.
Entre eles, o Quattroporte.
Ícone entre os sedãs de luxo, estreou no Salão de Turim de 1963 com desenho de Pietro Frua, um dos principais designers italianos da época, baseado no 5000 GT. Era a combinação de luxo, potência e espaço para até cinco passageiros e suas bagagens.
Os primeiros modelos tinham um sistema de suspensão traseira conhecido como De Dion, com articulações em cada roda. Complexo, logo foi substituído por um eixo rígido, mais simples. O motor V8 de 4,7 litros dava conta do peso extra de todo luxo interno, que oferecia forração em couro, ar-condicionado e vidros elétricos. Hoje o modelo está em sua sexta geração.
Outra curiosidade sobre a Maserati: em 1968, a Citroën assume seu controle com o plano de obter um motor V6 desenvolvido e produzido pela italiana para instalar no SM, que seria lançado em 1970. Em troca, elevaria a capacidade produtiva da Maserati e lhe daria tecnologias a ela então inacessíveis, sobretudo em recursos hidráulicos e elétricos.
O problema é que a Citröen abraçou a bancarrota em 1974. Comprada pela conterrânea Peugeot, vendeu a Maserati para a De Tomaso no ano seguinte. Dessa fase nasceram os modelos mais erráticos da marca, como o Kyalami – um De Tomaso Longchamp reestilizado e com um V8 da Maserati no lugar do orginal Ford V8 – e a terceira geração do Quattroporte, uma releitura do De Tomaso Deauville.
Em 1993, a Fiat compra a Maserati de Alejandro De Tomaso, para em 1997 vender 50% da companhia para a Ferrari, ela mesma uma propriedade da Fiat. Hoje, a Maserati é uma das marcas da Stellantis, o conglomerado formado pela Fiat Chrysler Automobiles e pela PSA Peugeot Citroën.