O mecanismo global para distribuir vacinas contra Covid-19 a países mais pobres corre um risco de fracasso “muito alto”, o que pode deixar nações de bilhões de pessoas sem acesso a vacinas até o final de 2024, disseram documentos internos.
O programa Covax da Organização Mundial da Saúde (OMS) é o principal esquema global para vacinar pessoas em países pobres e de renda média de todo o mundo contra o coronavírus. Ele almeja entregar ao menos 2 bilhões de doses de vacina até o final de 2021 para cobrir 20% das pessoas mais vulneráveis de 91 países pobres e de renda média, a maioria na África, Ásia e América Latina.
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Mas em documentos internos vistos pela Reuters, os divulgadores do esquema dizem que ele sofre com a falta de fundos, riscos de suprimento e arranjos contratuais complexos que podem impossibilitar seus objetivos.
“O risco de fracasso para estabelecer um Esquema Covax bem-sucedido é muito alto”, diz um relatório interno enviado à diretoria da Gavi, uma aliança de governos, farmacêuticas, instituições de caridade e organizações internacionais que preparam campanhas de vacinação – a Gavi colidera o Covax juntamente com a OMS.
O relatório e outros documentos preparados pela Gavi estão sendo debatidos em reuniões da diretoria da aliança realizadas entre os dias 15 e 17 de dezembro.
Um fracasso do programa pode deixar habitantes de nações pobres sem acesso às vacinas contra Covid-19 até 2024, diz um dos documentos.
O perigo de fracasso é mais alto por o esquema ter sido criado tão rapidamente, o que o faz operar em um “território desconhecido”, alerta o relatório.
“A exposição atual a riscos é considerada fora do apetite por risco até haver uma clareza total sobre o tamanho dos riscos e as possibilidades de mitigá-los”, diz o relatório. “Ela exige, portanto, esforços intensos de mitigação para colocar o risco dentro do apetite por risco.”
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No mês passado, a Gavi contratou o Citigroup para receber conselhos sobre como mitigar os riscos financeiros.
Em um memorando de 25 de novembro incluído nos documentos submetidos à diretoria da Gavi, conselheiros do Citi disseram que o maior risco do programa está em cláusulas de contratos de suprimento que permitem que países não comprem vacinas encomendadas através do Covax.
Uma possível incompatibilidade entre demanda e suprimento da vacina “não é um risco comercial suficientemente mitigado pelo mercado ou os MDBs”, escreveram os conselheiros do Citi, referindo-se a bancos de desenvolvimento multilaterais, como o Banco Mundial. (Com Reuters)
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