Com 25 das 27 unidades da federação com lotação acima de 80% nas UTIs e 19 capitais com comprometimento acima dos 90% devido à pandemia de Covid-19, o sistema de saúde brasileiro entrou em colapso, o maior da história, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O acompanhamento semanal feito pelos cientistas da Fundação mostra um aumento rápido na ocupação dos hospitais desde janeiro, mas uma aceleração cada vez maior desde o início de fevereiro até chegar na situação atual. Apenas dois Estados, Roraima e Rio de Janeiro, ainda não chegaram aos 80% de ocupação de UTIs –estão com 73% e 79% de ocupação das UTIs, respectivamente–, mas com a velocidade de contaminação ainda altíssima, podem alcançar esse patamar em breve.
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De acordo com a Fiocruz, apesar dos esforços de prefeitos e governadores para abrir novos leitos, a ocupação alta se mantém estável na maior parte dos Estados e vem aumentando em outros.
“Em termos gerais, os números elevados denotam o colapso do sistema de saúde para o atendimento de pacientes que requerem cuidados complexos para a Covid-19, além de prejuízos imensuráveis no atendimento de pacientes que demandam cuidados em razão de outros problemas de saúde”, diz o boletim.
Na maior parte dos locais, cirurgias eletivas e internações que possam ser postergadas foram adiadas por falta de leitos e outras doenças também deixam de ser atendidas, o que piora a situação geral da população.
Os pesquisadores lembram ainda que o crescimento acelerado do número de casos de Covid-19 em todo país levou a uma sincronização da pandemia, o que impede a transferência de doentes de um Estado em situação pior para onde houvesse mais leitos, como aconteceu com o Amazonas no início do ano. Não existe mais situação melhor no país.
O cenário futuro traçado pela Fiocruz também não traz alento, com a taxa de transmissão ainda em crescimento acelerado. Os pesquisadores mostraram que o número de casos cresce a uma taxa de 1,5% ao dia, e o número de óbitos por Covid-19 aumenta em 2,6% ao dia.
“Esse crescimento de casos certamente vai gerar uma grande quantidade de casos graves, que exigem internação, num momento em que os hospitais apresentam sinais de superlotação”, diz o boletim da fundação.
O remédio apontado pelos pesquisadores é o mesmo defendido por especialistas dentro e for a do Brasil e que, até agora, o governo federal se recusa a aceitar: restringir todas as atividades não essenciais, incluindo qualquer tipo de evento, aulas presenciais, fechamento de praias e bares, incentivo ao trabalho remoto, instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais, ampliação de testagem e acompanhamento dos testados.
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O boletim cita como exemplo da efetividade das políticas de lockdown severo a cidade paulista de Araraquara, que teve um rápido crescimento no número de casos e chegou a 100% de UTIs ocupadas no início de fevereiro. Depois de duas semanas de lockdown severo, a média móvel dos casos, de acordo com a Fiocruz, caiu 43%.
O presidente Jair Bolsonaro é crítico das medidas de distanciamento social para restringir a disseminação do vírus e ataca constantemente prefeitos e governadores que as adotam.
Na última terça-feira (16), de acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil bateu o recorde diário de mortes causadas pela Covid-19, 2.841 em 24 horas. O país registrou até terça 282.127 óbitos por Covid-19, segundo maior número do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. (Com Reuters)
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