A Universidade de Oxford anunciou hoje (23) que está investigando o fármaco antiparasitário ivermectina como um possível tratamento para a Covid-19, um estudo que pode, finalmente, resolver as controvérsias em torno do remédio, que vem sendo amplamente promovido pelo mundo como solução para a doença apesar das advertências das organizações reguladoras e da falta de dados concretos que comprovem sua eficácia.
A ivermectina será avaliada como parte do estudo “Principle”, apoiado pelo governo do Reino Unido, que avalia tratamentos não hospitalares contra a Covid-19. Trata-se de um teste de controle clínico randomizado em grande escala (no qual um grupo recebe, aleatoriamente, o medicamento, enquanto outro recebe placebo), considerado o “padrão ouro” na avaliação da eficácia de remédios.
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Enquanto pesquisas já demonstraram que a ivermectina inibe a replicação do vírus em laboratório, estudos em pessoas têm se mostrado mais limitados e não comprovaram, de forma conclusiva, a eficácia ou segurança do remédio no tratamento da Covid-19.
O medicamento tem um bom perfil de segurança e é amplamente utilizado em todo o mundo para tratar infecções parasitárias, como a oncocercose.
O professor Chris Butler, um dos principais pesquisadores do estudo, diz que o grupo espera “gerar evidências robustas para determinar quão efetivo é o tratamento contra a Covid-19 e se há benefícios ou danos associados ao seu uso”.
A ivermectina é o sétimo tratamento a ser testado no ensaio “Principle”. Dois deles, os antibióticos azitromicina e doxiciclina, foram considerados, no geral, ineficazes em janeiro, e um esteróide inalável, o budesonida, foi provado em abril como eficaz na redução do tempo de recuperação da doença.
O Dr. Stephen Griffin, professor associado da Universidade de Leeds, diz que o ensaio deve finalmente fornecer uma resposta às dúvidas sobre se a ivermectina deve ser ou não usada como um fármaco contra a Covid-19. “Muito parecido com o que aconteceu anteriormente com a hidroxicloroquina, tem havido uma quantidade considerável de uso off-label (para além das especificações da bula) desta droga”, ele explica, principalmente com base em estudos do vírus em ambientes de laboratório, não em pessoas, e usando dados de segurança de seu uso generalizado como antiparasitário, em que doses muito mais baixas são normalmente usadas.
Griffin acrescenta: “O perigo com esse uso off-label é que a droga passa a ser impulsionada por grupos com interesses específicos ou que propõem tratamentos não convencionais – e se torna politizada”. O estudo deve ajudar a “resolver a controvérsia em curso”, diz.
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A ivermectina é um medicamento barato e prontamente disponível que tem sido usado para tratar infecções parasitárias em pessoas e animais por décadas. Apesar da falta de provas de que é seguro ou eficaz contra a Covid-19, a droga frequentemente elogiada – pela qual seus descobridores receberam o Prêmio Nobel na categoria de medicina ou fisiologia em 2015 – rapidamente ganhou o status de “cura milagrosa” para Covid-19 e foi adotado em todo o mundo, particularmente no Brasil (e na América Latina como um todo), África do Sul , Filipinas e Índia.
No entanto, os principais reguladores médicos, incluindo a Organização Mundial da Saúde, o FDA (a Anvisa norte-americana) e a Agência Europeia de Medicamentos, não apoiam seu uso como tratamento para o novo coronavírus fora dos testes. A Merck, que fabrica o remédio, concorda: “Não acreditamos que os dados disponíveis sustentem a segurança e a eficácia da ivermectina” para uso contra Covid-19, disse a empresa em fevereiro.
Além da ivermectina, o estudo “Principle” está investigando o antiviral Favipiravir (normalmente usado para casos de gripe) como possível tratamento para a Covid-19.
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