Existem mais de 200 sintomas associados à Covid longa afetando dez diferentes órgãos – incluindo perda de memória, alucinações, tremores e fadiga – de acordo com um novo estudo publicado hoje (15), fornecendo um dos mais abrangentes insights sobre a doença persistente e debilitante que pode afetar pacientes por meses ou anos após a infecção.
Os portadores da Covid longa relataram um total de 203 sintomas diferentes nos sete meses entre dezembro de 2019 e maio de 2020, variando de erupções cutâneas, descamação da pele e problemas digestivos a espasmos musculares, perda auditiva e zumbido, segundo uma pesquisa publicada no portal E Clinical Medicine, da “Lancet”.
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O estudo, baseado em pesquisas de quase 4.000 pessoas de 56 países, identificou fadiga, névoa cerebral e mal-estar pós-esforço (onde os sintomas pioram após esforço físico ou mental) como mais comuns.
Em média, os pacientes sofriam de 56 sintomas diferentes e aqueles que ainda sofriam após seis meses – quase dois terços dos participantes da pesquisa – ainda apresentavam uma média de 14 sintomas.
Quase metade (45%) dos participantes do estudo relatou precisar de um horário de trabalho reduzido por causa de sua doença e cerca de um quinto (22%) não conseguia trabalhar.
A Dra. Athena Akrami, neurocientista da University College London e autora sênior do estudo, disse que ele destaca “uma necessidade clara de ampliar as diretrizes médicas” para avaliar uma gama mais ampla de sintomas do que problemas respiratórios e cardiovasculares para a Covid longa.”
Os pesquisadores notaram que os pacientes relataram sintomas que “não são comumente mencionados na discussão pública da Covid longa”, como convulsões, suicídio, paralisia facial, novas alergias e mudanças na sensibilidade à medicação.
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As descobertas reforçam o entendimento de que a Covid-19 é muito mais do que uma doença respiratória e afeta todo o corpo. O estudo também destaca que alguns sintomas podem surgir apenas meses ou semanas após a infecção inicial. A gravidade da infecção inicial não parece estar fortemente ligada às chances de ficar com a Covid longa, tornando crianças e jovens – assim como os não vacinados – especialmente vulneráveis. Dado que a maioria das pesquisas iniciais cobriu apenas pacientes hospitalizados e a contínua falta de critérios diagnósticos consistentes, ainda não se sabe quão comum pode ser a Covid. Estudos sugerem que cerca de 10% a 30% dos pacientes com a doença podem se tornar esses “portadores prolongados”, embora esse número, provavelmente, mude à medida que mais pesquisas são realizadas.
Também não há compreensão ainda da duração da Covid longa. Os pesquisadores estimam que mais de 90% do grupo observado no estudo ainda apresenta sintomas após seis meses. Outras síndromes pós-infecção podem variar de semanas a décadas de duração, algumas só se manifestando muito depois de a infecção inicial ter sido eliminada. O Dr. David Strain, professor clínico sênior da Universidade de Exeter, disse à Forbes que a doença mais próxima da Covid longa é, provavelmente, a síndrome da fadiga crônica (também conhecida como encefalomielite miálgica), que pode durar décadas.
33,9 milhões de pessoas tiveram Covid-19 nos Estados Unidos, de acordo com dados da Johns Hopkins University. Usando uma estimativa conservadora de 10% para quantas pessoas desenvolvem a Covid longa e subtraindo quantas morreram da doença, são 3,3 milhões de norte-americanos que poderiam estar vivendo com sintomas persistentes e debilitantes.
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Athena diz que a predominância e a natureza, muitas vezes, oculta da Covid longa justificam uma rede nacional de clínicas dedicadas para identificar e tratar os pacientes que sofrem da doença. Já existem pelo menos 41 hospitais que oferecem clínicas pós-Covid nos EUA, de acordo com o Becker’s Hospital Review.
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