A Olimpíada de Tóquio mal acaba de terminar e já posso dizer que os atletas que competiram nesta edição dos Jogos nos deram muitas lições. Já tive a oportunidade de falar sobre a ginasta norte-americana Simone Biles e sobre o quanto ela foi corajosa ao colocar a sua saúde mental em primeiro lugar.
Agora eu quero falar sobre atletas – ou times – que demonstraram pouca ou bastante inteligência emocional e como isso teve consequências para o desempenho deles.
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Inteligência emocional nada mais é que do que a capacidade que muitos de nós têm de entender as suas emoções e controlá-las de forma a conseguir alcançar um objetivo.
A seleção brasileira de vôlei masculino admitiu que sofreu um apagão em quadra, provavelmente por não conseguir administrar a pressão de vencer o time russo, o que os credenciaria à final. O tenista sérvio Djokovic deu um chilique depois de ter perdido uma partida, uma demonstração de que ele não soube reagir bem a uma frustração.
Quem nunca se descontrolou quando pressionado? Quem nunca ficou paralisado quando forçado a apresentar resultados, metas ou bom desempenho? Esse é um sinal de baixa inteligência emocional.
É fundamental aprender a administrar as emoções, porque diariamente estamos expostos à alegria, tristeza, raiva e desesperança. Saber navegar todas essas emoções sem deixar que elas nos dominem é um aprendizado importante para a nossa saúde mental e ainda mais importante para a vida. É um ativo caro na vida pessoal, familiar, social, espiritual e profissional.
Vimos nesta edição também exemplos de grande inteligência emocional. A jovem Rayssa Leal, medalha de prata no skate, e a nossa grande medalhista Rebeca Andrade nos mostraram como foco aliado à busca de alegria, de diversão, de descontração, de leveza, mesmo estando em uma prova olímpica, em que a pressão por resultados é enorme, foi importante para que conseguissem controlar as suas emoções. O resultado delas também foi consequência disso.
Vimos cenas muito bonitas também no skate, de atletas que haviam perdido em suas provas torcendo pelos adversários, indo comemorar junto àqueles que ganharam. Esses atletas mostraram que é possível responder bem mesmo quando uma situação não sai como gostaríamos. Essa é uma das maiores lições de inteligência emocional que essa Olimpíada nos deixou.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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