Novo estudo publicado no Journal of Positive Psychology destaca um tipo de intervenção que pode nos empurrar para fora de nossa zona de conforto e promover mudanças positivas de personalidade e autocrescimento.
“Sempre fui fascinada pela questão de como as pessoas mudam”, diz a Dra. Pninit Russo-Netzer, principal autora do estudo. “Sou especialmente intrigada com a lacuna entre intenção e ação quando se trata de fazer mudanças na vida, a qual frequentemente encontro em minhas pesquisas.”
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Para entender melhor as barreiras que as pessoas enfrentam ao tentar fazer mudanças positivas na vida e como superá-las, a Dra. Russo-Netzer e sua equipe criaram uma nova intervenção, chamada de ‘intervenção de alongamento comportamental’, que incentivou as pessoas a realizar atividades que antes estavam fora de sua zona de conforto.
Os participantes de seu estudo foram designados aleatoriamente para (1) se envolver em uma atividade fora de sua zona de conforto ao longo de um período de duas semanas ou (2) simplesmente manter um registro de suas atividades diárias regulares (condição de controle).
Os pesquisadores mediram quanto crescimento autoavaliado as pessoas sentiram durante o período de teste. Eles descobriram que o envolvimento em atividades no limite da zona de conforto aumentou a satisfação com a vida de pessoas que tinham um nível relativamente baixo nesse quesito.
Além disso, os benefícios mais significativos alcançados durante a intervenção foram vistos por aqueles que saíram de sua zona de conforto para ajudar os outros – participando de atividades voluntárias em uma escola para ajudar alunos com perda auditiva ou doando o próprio cabelo para pessoas em tratamento de câncer, por exemplo.
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Parte da razão pela qual a intervenção foi bem-sucedida, de acordo com Russo-Netzer, tem a ver com o fato de que os participantes puderam decidir por si mesmos qual atividade de ‘extensão’ eles buscavam.
“Um componente-chave de nossa intervenção é que as pessoas escolham por si mesmas sua atividade fora da zona de conforto”, diz Russo-Netzer. “Isso lhes dá liberdade de ação, promove a motivação intrínseca que vem com a escolha pessoal e os expande psicologicamente, ao mesmo tempo em que protege os sentimentos de conforto e segurança.”
Para quem luta para sair de sua zona de conforto, os pesquisadores têm os seguintes conselhos para facilitar o processo:
1. Seja autoconsciente
Anote todas as atividades diferentes do que costuma fazer que deseja tentar. Isso ajudará você a se tornar mais consciente de sua própria gama específica de zonas de conforto e aprendizado.
Por exemplo: pense em coisas que você quer fazer há algum tempo, mas não teve chance, como aceitar um novo desafio ou fazer algo que vai contra sua natureza, caráter ou autopercepção. Pode ser algo que você faz sozinho ou com outras pessoas, grandes ou pequenos desafios.
Em seguida, transforme suas ideias em etapas acionáveis. Estabeleça um horário específico para uma dessas atividades e registre seus resultados.
2. Experimente com a mente aberta
Ao permanecermos abertos e receptivos, ficamos dispostos a experimentar e “brincar” com nossa aversão ao risco e à incerteza.
Podemos fomentar a curiosidade, engajamento e vigor quando pensamos na experiência como uma chance de descobrir algo novo sobre nós mesmos.
Podemos treinar nosso ‘músculo de crescimento’ para expandir nossa zona de conforto por meio da exposição regular a novas experiências. Faça a si mesmo perguntas como:
- O que significa surpreender a si mesmo?
- Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?
“Pode significar experimentar um novo hobby, um novo sabor, sorrir ou elogiar um estranho na rua, ou mesmo comportar-se como um turista em seu próprio bairro”, diz Russo-Netzer.
Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.