No calendário dos meses de conscientização e prevenção do câncer, em janeiro falamos sobre os tumores de colo de útero, doença vai atingir mais de 17 mil mulheres por ano no Brasil, entre 2023 e 2025, segundo o Instituto Nacional do Câncer.
Este tipo de câncer é um dos mais incidentes entre as mulheres brasileiras, com elevada prevalência e mortalidade no Norte e Nordeste do país.
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O câncer de colo de útero é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – o HPV, um vírus bastante comum. No entanto, algumas podem se tornar crônicas que, se não forem diagnosticadas precocemente, podem evoluir para o câncer.
A vacinação é a principal arma contra este câncer, sendo essa uma das prioridades das diretrizes da Organização Mundial da Saúde para a doença. A OMS reconhece a doença como um problema de saúde pública e estabeleceu que todos os países “devem alcançar e manter uma taxa de incidência de menos de 4 novos casos de câncer do colo do útero por 100.000 mulheres por ano” até o fim da década.
Para tanto, criou três pilares principais de ação:
– Vacinação, com 90% das meninas totalmente vacinadas contra o HPV até os 15 anos de idade;
– Rastreamento – meta de 70% das mulheres rastreadas usando um teste de alto desempenho aos 35 anos de idade e novamente aos 45 anos;
– Tratamento – 90% das mulheres com pré-câncer tratadas e 90% das mulheres com câncer invasivo gerenciadas.
Conforme já escrevi diversas vezes por aqui – e reforço essa informação muito relevante – é importante que meninos e meninas sejam vacinados contra o HPV entre os 9 e 14 anos de idade, antes do início da vida sexual, em duas doses, gratuitamente no SUS. Para a população acima destas idades, que não recebeu a vacina, a imunização é ainda é indicada, mesmo com benefícios menores.
Os exames ginecológicos, como o papanicolau, também devem ser realizados periodicamente após o início da vida sexual.
O principal desafio é garantir um diagnóstico mais precoce da doença, para termos mais sucesso com os tratamentos que têm evoluído, com a utilização de novas drogas, que melhoram o prognóstico da doença avançada, como a imunoterapia, que tem sido incorporada no tratamento do câncer de colo uterino metastático.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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