No início do ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do medicamento Wegovy (ainda não disponível no Brasi), nome comercial da Semaglutida na dose de 2,4 mg, para o tratamento da obesidade e do sobrepeso associado a comorbidades, como por exemplo, o diabetes e a hipertensão arterial.
Além dessa nova aprovação, o Ozempic (Semaglutida nas doses de 0,25, 0,5 e 1 mg), que é aprovado no Brasil para o tratamento do diabetes, vem sendo usado também off-label (sem indicação formal em bula) para o tratamento da obesidade, já que o princípio ativo é a mesma substância do Wegovy, a Semaglutida.
Leia também:
- Para prevenir a hipertensão, adotar hábitos saudáveis é sempre melhor opção
- O sono é um grande aliado na jornada de emagrecimento
- Menopausa e andropausa: como a alimentação pode ajudar com os sintomas
O tratamento da obesidade tem evoluído ao longo dos anos, e o surgimento de novas medicações que auxiliam no emagrecimento faz parte dessa evolução. Os resultados são promissores e encantam a população que sofre com essa condição crônica, por isso, muitas pessoas estão comprando as medicações, mesmo sem indicação médica de uso.
No Brasil, a compra da Semaglutida não exige receita médica e tem sido feita mesmo sem acompanhamento do especialista. Tem se observado o uso crescente em todo o território nacional, seja por pessoas que alegam usar por questões estéticas, ou por muitas que usam sem nem sequer apresentar o diagnóstico de obesidade.
Essa prática pode ser a responsável por levar à falta do medicamento nas farmácias a quem precisa, associada à normalização do uso impulsionada pelas redes sociais, com consequente consumo indiscriminado pela população.
Pessoas com obesidade merecem receber o tratamento correto, que consiste no acompanhamento multidisciplinar com médico, nutricionista, educador físico e abordagem comportamental e que, associados, causam impacto positivo na saúde e na qualidade de vida do indivíduo. Promovem o emagrecimento saudável e duradouro.
As medicações, quando indicadas, são bem-vindas e têm o seu importante papel em ajudar o indivíduo nessa jornada.
Como qualquer remédio, existem indicações e contraindicações, além de possíveis efeitos colaterais. A decisão sobre a prescrição é do médico em conjunto com o paciente, levando todos esses pontos em consideração.
A obesidade é uma doença crônica e multifatorial, e o seu tratamento envolve também múltiplos fatores que merecem ser bem conduzidos por uma equipe de saúde especializada e centrada em promover o emagrecimento, preservando a saúde do indivíduo como um todo. Esse cuidado pode envolver o uso de medicamentos e com certeza contará com a inserção de novos hábitos e mudanças no estilo de vida.
*Eduardo Rauen é cofundador da healthtech Liti, que trabalha para resolver a dor do sobrepeso e da obesidade no Brasil. É médico formado pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Integra o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. É médico nutrólogo (com título de especialista pela ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia) e do Exercício e do Esporte (com título de especialista pela SBMEE – Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte). Também atua como diretor técnico do Instituto Rauen – Medicina, Saúde e Bem-Estar.