O ciúme é uma emoção complexa que pode causar problemas até mesmo entre os casais mais fortes. Apesar de ser cada vez mais comum falar sobre os desafios psicológicos abertamente, muita gente ainda fica de boca fechada quando o assunto é esse sentimento.
Seja pela crença de que expressar seus sentimentos diminuirá sua “força” no relacionamento ou pela luta para aceitar a insegurança como um aspecto normal da condição humana (em vez de uma fonte de constrangimento), parceiros ciumentos geralmente reprimem suas emoções, o que pode levar a comportamentos como bisbilhotar ou provocar brigas.
Muitas pessoas chegam à terapia com confissões como: “Eu sei que é irracional, mas eu ‘fuço’ o telefone dele quando ele não está olhando. Por que não consigo confiar nele?”, “Isso está me corroendo. Como faço para parar de sentir que todo mundo é uma ameaça ao nosso relacionamento?” ou “Tenho vergonha de admitir, mas o sucesso dele me deixa desconfortável. Por que não posso simplesmente ficar feliz por ele?”.
Veja 2 maneiras de evitar erros relacionados ao ciúme e não comprometer seu relacionamento:
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Getty Images 1. O ciúme é uma emoção, não uma identidade
Sentir ciúme é uma resposta natural a certas situações, mas nem sempre define quem você é. É crucial saber a diferença entre sentimentos ocasionais e ciúme como uma característica que te define.
Um estudo publicado em Psychiatry and Clinical Psychopharmacology investigou esse fenômeno, pesquisando 86 casais. As descobertas foram esclarecedoras: a maioria, entre homens e mulheres, se rotulou como indivíduos “ciumentos”. Embora isso mostre a universalidade da emoção, é importante lembrar que essa autoidentificação não define o destino do relacionamento de alguém.
Compreender o ciúme como uma emoção – em vez de uma identidade arraigada – pode ser o primeiro passo para administrar os efeitos dele em um relacionamento. Aceitar a emoção e abordar as causas dela por meio de terapia ou comunicação saudável, em vez de simplesmente se autorrotular como uma “pessoa ciumenta”, pode abrir caminho para uma dinâmica relacional ideal.
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Getty Images Imagine que você começou a perceber recentemente que seu parceiro passa um bom tempo enviando mensagens de texto para alguém. Cada vez que você se aproxima, ele desliga o telefone rapidamente ou muda a conversa para outro tópico. Com o tempo, pensamentos indesejados entram na sua mente: “Com quem ele está falando? Por que está escondendo isso de mim? Ele tem sentimentos por outra pessoa? Devo ser uma pessoa naturalmente ciumenta se me sinto assim.”
É essencial distinguir conscientemente os comportamentos observados (ou “evidências”) das suas interpretações ou suposições baseadas neles. Portanto, em vez de internalizar a emoção e só dizer que você é uma “pessoa ciumenta”, reformule seu processo de pensamento:
– Reconheça a emoção. “Estou com ciúme agora porque estou vendo comportamentos que não entendo e isso está me deixando insegura.”
– Identifique o gatilho. “O segredo sobre as conversas dele está me deixando ansioso.”
– Distinguir emoção de ação. “Sentir ciúmes não significa que eu tenha que agir de acordo com essa emoção imediatamente. Não tem problema eu me sentir assim, mas como eu lido com isso é importante.”
– Escolha uma comunicação construtiva. Em vez de confrontar seu parceiro com acusações, escolha um momento em que ambos estejam livres de distrações e estresse. Aborde o assunto com curiosidade e preocupação genuínas, em vez de desconfiança. -
Getty Images 2. Comunicação eficaz é o antídoto para o ciúme
A comunicação aberta e compassiva é a chave para entender e lidar com o ciúme. No entanto, por mais contraintuitivo que possa parecer, o ciúme tem raízes profundas na evolução humana — na verdade, os autores de um estudo concluíram que ele pode até ser fundamental para melhorar seu relacionamento. Isso reforça ainda mais a necessidade de nos comunicarmos de forma construtiva com nossos parceiros quando nos sentimos inseguros, pois pode ser um meio viável para fortalecer o relacionamento e crescer juntos.
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Getty Images Ao falar sobre assuntos delicados como esse, não há espaço para agressão. Em vez disso, tente abordar a situação com um senso genuíno de curiosidade e dê ao seu parceiro o benefício da dúvida, talvez dizendo:
– “Posso estar completamente fora da base aqui, mas quero compartilhar algo que tenho sentido ultimamente.”
– “Isso é difícil para mim, mas eu queria falar com você sobre como você fazer piadas internas com seu novo amigo me deixa com ciúmes.”
– “Não é tudo sobre você, eu estou tentando processar meus próprios sentimentos também. Mas queria compartilhar como me sinto desconfortável quando penso em como seu ex agora é seu amigo.”Liderar a conversa dizendo “eu” e suavizar o impacto no seu parceiro é uma das melhores maneiras de evitar jogar o jogo da culpa, pois o ciúme geralmente é acompanhado por sentimentos de mágoa e raiva. No mínimo, com uma comunicação aberta focada na solução, você está estabelecendo um precedente de como você e seu parceiro podem lidar com situações difíceis daqui para frente.
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Getty Images Conclusão
Lembre-se: não dá para fugir das suas emoções. A melhor coisa a se fazer é entender e processar sentimentos de ciúme de maneira saudável. Se a comunicação construtiva com seu parceiro não ajudar, considere procurar um profissional de saúde mental ou um terapeuta de casais te ajudar com isso.
1. O ciúme é uma emoção, não uma identidade
Sentir ciúme é uma resposta natural a certas situações, mas nem sempre define quem você é. É crucial saber a diferença entre sentimentos ocasionais e ciúme como uma característica que te define.
Um estudo publicado em Psychiatry and Clinical Psychopharmacology investigou esse fenômeno, pesquisando 86 casais. As descobertas foram esclarecedoras: a maioria, entre homens e mulheres, se rotulou como indivíduos “ciumentos”. Embora isso mostre a universalidade da emoção, é importante lembrar que essa autoidentificação não define o destino do relacionamento de alguém.
Compreender o ciúme como uma emoção – em vez de uma identidade arraigada – pode ser o primeiro passo para administrar os efeitos dele em um relacionamento. Aceitar a emoção e abordar as causas dela por meio de terapia ou comunicação saudável, em vez de simplesmente se autorrotular como uma “pessoa ciumenta”, pode abrir caminho para uma dinâmica relacional ideal.
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*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.