Quase 10% dos brasileiros são ansiosos, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Outros dados recentes apontam o Brasil, ao lado da Irlanda, como os países que não apenas apresentam altos níveis de ansiedade, como a tendência é de piora dessa ansiedade, e não de melhora.
Por que somos um país tão ansioso? Proponho algumas reflexões:
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Getty Images 1. Insegurança
Local de habitação e saúde mental estão ligadas. Morar em um lugar inseguro ou superpovoado – é o caso, por exemplo, de São Paulo – aumenta os níveis de estresse e de ansiedade. Muito barulho também pode nos deixar ansiosos, além de dificuldades para dormir. Problemas com o sono, por sua vez, leva ao aumento da ansiedade.
A insegurança, entretanto, não é um sentimento apenas ligado às condições do lugar em que moramos, mas especialmente às condições do trabalho. A chegada das novas tecnologias, hoje, é tão rápida, que ninguém mais sabe o dia de amanhã. Quem pode garantir que o nosso posto de trabalho continuará a existir no ano que vem, como ocorria no passado? Isso é um forte gerador de insegurança.
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Getty Images 2. Sociedade do desempenho e da competitividade
Vivemos um momento da nossa história em que o nível de exigência é cada vez maior. E não falo apenas das “metas” a serem batidas nas organizações, mas do que se cobra de cada um de nós. Temos de performar também em nossas vidas pessoais. Só que o grande vilão se esconde em cada um de nós. A autocobrança, se feita de forma exagerada, adoece. E um dos sinais disso é a ansiedade e a depressão, dois problemas de saúde mental que andam de mãos dadas.
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Getty Images 3. Vida acelerada
Estamos mergulhados em um mundo cujas principais marcas são o ritmo acelerado e o imediatismo. Os avanços tecnológicos tornaram, sim, o mundo de uma certa forma mais simples, mas desafiaram a nossa capacidade de ser pacientes. Todo mundo quer tudo para ontem! Já nos sentimos ansiosos se alguém demora alguns minutos para responder a uma mensagem no WhatsApp.
Vejo esse desejo de que as coisas se revolvam “agora” em meu consultório, diariamente, quando pacientes me procuram em busca de um remédio para resolver a sua dor ou a sua dependência “já”. Vejo isso no consumo desenfreado de ansiolíticos e de remédios para dormir, que prometem um alívio instantâneo.
Muitas das ansiedades que nós, médicos, nos deparamos hoje em dia são sintomas de um outro problema de fundo. Pode ser depressão, pode ser estresse, pode ser até uma doença física. Tratar esse problema já traria grande alívio, senão o desaparecimento, dessa ansiedade.
1. Insegurança
Local de habitação e saúde mental estão ligadas. Morar em um lugar inseguro ou superpovoado – é o caso, por exemplo, de São Paulo – aumenta os níveis de estresse e de ansiedade. Muito barulho também pode nos deixar ansiosos, além de dificuldades para dormir. Problemas com o sono, por sua vez, leva ao aumento da ansiedade.
A insegurança, entretanto, não é um sentimento apenas ligado às condições do lugar em que moramos, mas especialmente às condições do trabalho. A chegada das novas tecnologias, hoje, é tão rápida, que ninguém mais sabe o dia de amanhã. Quem pode garantir que o nosso posto de trabalho continuará a existir no ano que vem, como ocorria no passado? Isso é um forte gerador de insegurança.
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Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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