Recentemente, minha mulher foi visitar a família italiana e passar um tempo com os seus. Me vi sozinho em casa, com o meu cachorro, e resolvi arriscar na cozinha, uma missão difícil para quem é casado com uma chef que prepara pratos deliciosos. Não é que peguei gosto pela coisa? Cozinhar virou o meu mais recente hobby. Hoje, acho até que disputo com minha mulher quem prepara a massa mais gostosa.
Encontrar um tempo para dar vazão àquilo que sentimos prazer em fazer e coisas que despertam o nosso interesse não serve apenas para distrair os pensamentos e relaxar, mas também é algo que pode melhorar a nossa saúde mental, como muitas pesquisas têm mostrado.
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Ter um hobby parece estar relacionado à sensação autorrelatada de melhor saúde e a sintomas depressivos mais baixos. Estamos falando, claro, de formas mais leves de depressão.
Um estudo feito em 16 países apontou também que os passatempos aumentam a nossa satisfação com a vida, a sensação de bem-estar e de senso de pertencimento (quando se trata de uma atividade coletiva), algo que é especialmente importante para muitas pessoas da terceira idade que, sabemos, são mais isoladas socialmente.
Além disso, ter um passatempo traz outros benefícios. Pode estimular a criatividade (por exemplo, escrever), melhorar o nosso condicionamento físico (correr, dançar, pedalar, fazer trilhas), além de ser um importante estímulo cognitivo, como é o caso do Sudoku ou das palavras-cruzadas. Por fim, pode melhorar o humor e reduzir o estresse.
De fato, ir para a cozinha preparar uma comidinha gostosa após um dia com uma agenda de compromissos profissionais lotada tem funcionado como uma válvula de escape das preocupações.
Além da gastronomia, incorporei um outro hobby. Leio e acompanho tudo o que diz respeito à conquista de Marte pelo homem. Estou, inclusive, me tornando um especialista no tema. E você? Também tem algo que entretém você?
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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