Relacionamentos precisam ser cultivados, e quando não são, os efeitos se tornam claros. Eles prosperam com amor, intencionalidade e apoio, mas começam a definhar com a negligência.
Um estudo de 2022 publicado na Evolutionary Psychology examinou esses efeitos e identificou seis comportamentos principais que podem levar casais ao divórcio. Além de atos profundamente prejudiciais como infidelidade, comportamento abusivo e a falta de esforço pessoal para manter o relacionamento vivo, o estudo destacou três atitudes como as mais prejudiciais para uma relação.
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Aqui estão os três comportamentos que, segundo a pesquisa, podem danificar irreparavelmente um relacionamento:
1. Quando um parceiro não demonstra cuidado
Os participantes do estudo consideraram que a falta de cuidado é o comportamento mais prejudicial em um relacionamento. Isso inclui atos de negligência, indiferença e desconexão emocional, como:
- Não demonstrar interesse pelos sentimentos do parceiro ou pelo relacionamento.
- Deixar de passar tempo de qualidade juntos.
- Ignorar as necessidades, preferências ou opiniões do parceiro.
- Tomar o parceiro como garantido e não expressar gratidão.
- Evitar intimidade emocional ou física.
Quando um dos parceiros se sente invisível ou desvalorizado, isso pode levar a profundos sentimentos de solidão e ressentimento. Um estudo publicado no Journal of Divorce & Remarriage, que analisou pais em processo de divórcio nos Estados Unidos, corrobora essa percepção, apontando que a falta de atenção de um cônjuge é uma razão frequente para o fim do casamento.
A negligência também sinaliza um comprometimento reduzido com o relacionamento, fazendo com que o parceiro afetado questione seu valor e o futuro da união. Por outro lado, quando um parceiro é visto como cuidadoso, receptivo e validante, a satisfação aumenta, fortalecendo significativamente o vínculo.
2. Quando um parceiro não trata bem os filhos
Outro comportamento extremamente prejudicial é quando um parceiro maltrata os filhos em comum ou não cumpre suas responsabilidades parentais. Isso pode incluir:
- Negligenciar o tempo com os filhos.
- Exibir comportamentos parentais inadequados ou abusivos.
- Minar a autoridade ou as decisões do outro pai/mãe.
“Pessoas se preocupam mais quando um parceiro abusivo pode fisicamente prejudicar seus filhos, que são mais vulneráveis do que elas”, explicam os pesquisadores.
Do ponto de vista evolutivo, o bem-estar das crianças é fundamental e uma das razões primárias pelas quais casais escolhem ficar juntos. Por isso, o estudo revelou que participantes considerariam seriamente encerrar um relacionamento se o parceiro apresentasse comportamentos prejudiciais em relação aos filhos.
“Ações que indicam comprometimento reduzido com o relacionamento ou incapacidade de prover de forma confiável para o parceiro e os filhos têm um impacto negativo, gerando emoções como raiva e decepção, motivando uma reavaliação das perspectivas do relacionamento”, acrescentam os pesquisadores.
Pais amorosos priorizam instintivamente a segurança, saúde e felicidade de seus filhos. Assim, o fracasso de um parceiro em fazer o mesmo pode criar rupturas irreparáveis. Em contraste, apresentar uma postura unida como pais e participar ativamente da vida das crianças cria um ambiente familiar de apoio que fortalece o vínculo conjugal.
3. Quando um parceiro é controlador
Comportamentos controladores, como impor a própria vontade sobre o outro, restringir sua liberdade ou manipulá-lo, estão entre os mais tóxicos em um casamento. A pesquisa mostra que, quando um parceiro é percebido como controlador e negligente, isso está associado a menor satisfação no relacionamento.
Exemplos de tais comportamentos incluem:
- Criticar ou culpar constantemente o parceiro.
- Isolar o parceiro de amigos, familiares ou hobbies queridos.
- Demonstrar ciúmes excessivos.
- Pressionar o parceiro a tomar decisões precipitadas.
Comportamentos controladores comprometem o senso de autonomia, uma necessidade humana fundamental. Um estudo de 2016 publicado no Journal of Family Therapy descobriu que, quando essa necessidade não é atendida, isso está fortemente associado à insatisfação no relacionamento e ao aumento de conflitos.
Essas atitudes não apenas prejudicam o bem-estar do parceiro, mas também minam o respeito mútuo necessário para um relacionamento saudável. Com o tempo, para quem está na posição de ser controlado, essa dinâmica pode intensificar ressentimentos, baixa autoestima e o desejo de se libertar.
Reconhecer e enfrentar esses padrões prejudiciais pode abrir caminho para maior intimidade e respeito. Pequenos e consistentes atos de cuidado — seja compartilhar momentos de gratidão, alinhar abordagens parentais ou incentivar a autonomia individual — podem revitalizar um relacionamento em dificuldade.
No entanto, é igualmente importante reconhecer quando o parceiro não está disposto a trabalhar internamente para mudar de verdade. Nessas situações, pode ser necessário tomar a decisão de se afastar e priorizar sua segurança e bem-estar, assim como o de seus filhos, se houver.
No fim das contas, a maioria das pessoas busca se sentir valorizada, amada e profundamente apoiada em seus relacionamentos íntimos. Esse é o alicerce de uma relação duradoura, enquanto a negligência e os comportamentos controladores apenas contribuem para a deterioração. Por isso, é essencial que ambos os parceiros se comprometam com o crescimento — juntos ou separados.
*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.