A startup brasileira de entrega de comida iFood anunciou hoje (13) um investimento de US$ 500 milhões no que alega ser a maior rodada de financiamento para uma startup tecnológica na América Latina.
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“Para continuar crescendo exponencialmente, temos de investir como as empresas norte-americanas e chinesas, e é o que faremos nos próximos 14 meses”, afirma Fabricio Bloisi, fundador do grupo de marketplaces móveis Movile, dona da iFood.
A empresa é líder no segmento de delivery no Brasil, com 50 mil restaurantes associados e 120 mil entregadores, tendo processado 10,8 milhões de pedidos somente em outubro. Segundo dados da ferramenta de inteligência competitiva online SimilarWeb, a iFood é 16 vezes maior do que sua concorrente mais próxima em termos de usuários ativos diários.
O último investimento da iFood envolveu os investidores Innova Capital e Naspers, além da própria Movile. O conselho da empresa também está negociando com potenciais investidores que podem aumentar o valor do aporte nos próximos dois meses. Antes desta última rodada, a iFood havia captado US$ 100 milhões, em cinco aportes anteriores.
O novo investimento vai bancar prioridades para a empresa como tecnologia, particularmente, áreas como inteligência artificial (IA), análise de dados e reconhecimento de voz. A empresa também está considerando a possibilidade de abrir um escritório em um hub tecnológico fora do país, como um meio adicional de acessar o talento necessário para impulsionar seus projetos de IA.
Segundo Bloisi, o Brasil está atrasado em termos de adoção de IA e expertise disponível: “Ninguém está investindo em IA no Brasil. Como país, estamos atrasados nesse jogo, mas temos de mudar esse cenário para garantir nossa competitividade. Como empresa, estamos fazendo muito nesse sentido e nos tornaremos líderes locais no desenvolvimento de soluções baseadas em IA”.
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Outras áreas que ganharão mais músculo financeiro com o novo aporte incluem logística: a empresa quer triplicar o número de restaurantes que usam o serviço e dobrar sua frota de entregadores e o quadro de funcionários. A startup quer aumentar consideravelmente a equipe de 1.200 pessoas, especialmente em funções relacionadas à tecnologia.
Fusões e aquisições também reivindicarão uma fatia do novo investimento. A empresa buscará negócios principalmente no Brasil, mas outras oportunidades poderão ser encontradas no México e na Colômbia, onde a iFood também tem operações.
Segundo Bloisi, a empresa de entrega de comida alcançou o status de unicórnio (termo usado para definir empresas que valem mais de US$ 1 bilhão) há cerca de um ano e meio.
“A iFood poderia facilmente fazer um IPO hoje. Mas, atualmente, temos um melhor acesso ao capital como uma empresa privada com a vantagem de não ter de dizer ao mundo o que estamos fazendo”, acrescenta Bloisi.
Quando questionado se a foodtech pretende seguir os passos da Nubank, outra startup bem financiada que recentemente atraiu uma gigante chinesa de tecnologia, Tencent, como investidor estratégico, Bloisi não nega que isso seja uma possibilidade.
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“É preciso ser local com uma mentalidade global. Aprender com os líderes de mercado é essencial”, destaca o executivo, acrescentando que o time executivo da Movile passa um tempo considerável fora do Brasil acompanhando tendências, particularmente, em mercados de alto crescimento como a China e a Índia.
Bloisi não costumava falar muito quando o assunto são números, mas agora está empenhado em destacar suas ambições de transformar a iFood em um negócio de US$ 10 bilhões nos próximos anos.
“Estamos vendo muito otimismo no Brasil novamente. Os recentes IPOs de empresas locais como a Stone e a PagSeguro atestam o fato de que é um ótimo momento para investir em companhias brasileiras”, aponta.
“Tornou-se moda falar sobre ser um unicórnio. Embora eu ache que isso crie uma distração, tenho certeza de que a partir de agora não veremos apenas unicórnios no Brasil, mas muitas empresas que valem muito mais do que isso. O futuro é próspero.”