Usando placas tectônicas como metáfora, o sócio da KPMG, Oliver Cunningham, prevê um abalo sísmico no tema inovação na próxima década: “Será difícil separar o agro do que acontece na cidade, por exemplo. O paradigma fundamental movimentando as áreas será o mesmo.”
O epicentro desse terremoto estará no aumento exponencial da capacidade de processamento de dados, na escalabilidade da computação em nuvem e no modelo pós-industrial de negócios colaborativos.
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A tecnologia trará as ferramentas, mas a verdadeira transformação será cultural, diz o especialista: “Teremos que dar um salto de fé, entendendo que precisaremos de um novo modelo mental”. Cunningham crê que, em 2030, estaremos mais aptos a correr riscos como requisito para inovar. “Quem inova com mais facilidade hoje já viu a ameaça bater à porta. Em dez anos, teremos uma quantidade maior de pessoas que enxergam mais longe.”
Veja, na galeria de fotos abaixo, como a inovação influenciará cinco áreas:
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Wera Rodsawang/Getty Images 1. Alimentação
A produção de cereais, carne e leite não acompanhará a demanda da população mundial (8,3 bilhões em 2030), segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A América Latina precisará de 120 milhões de hectares de plantações a mais para a produção de alimentos, que em grande parte virá de áreas florestais, além de mais água. Ciência de dados reduzirá a necessidade de ocupação de terras e o impacto ambiental, segundo Mariana Vasconcelos, da Agrosmart – que usa inteligência artificial para controlar colheita, irrigação e plantio e prever doenças na lavoura. “Não adiantará só produzir mais. Teremos que fazer isso de forma sustentável”, diz ela.
Recursos naturais limitados vão provocar a reinvenção de alimentos com novos materiais, segundo a Accenture. A RethinkX aponta que a agricultura celular, onde a comida é projetada em nível molecular, distribuída em bancos de dados e acessada por designers de alimentos em qualquer lugar, substituirá sistemas convencionais de agricultura em menos de uma década.
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Jackie Niam/Getty Images 2. Mobilidade
Quando veículos totalmente autônomos chegarem às ruas, eles não serão mais carros. A visão do empreendedor cultural Simon Caspersen traduz o desafio do setor automobilístico. Segundo a consultoria McKinsey, um em cada dez carros vendidos em 2030 será compartilhado e 15% serão totalmente autônomos.
Nesse cenário, o setor buscará ressignificar o automóvel como uma plataforma aberta de desenvolvimento, tal como
aconteceu com os smartphones, diz Breno Kamei, diretor de portfólio, pesquisa e inteligência competitiva na FCA América Latina da Fiat Chrysler Automobiles. “Mais que mobilidade, o carro conectado ampliará possibilidades para simplificar tarefas cotidianas e será o ponto de partida para grandes transformações na jornada do consumidor.” -
Westend61/Getty Images 3. Habitação
O lar, doce lar deve ser transformado na próxima década por forças como crescimento populacional, demanda por habitação acessível e mudanças comportamentais e tecnológicas. Robôs e impressão 3D serão itens comuns em canteiros de obras e em produção de mobiliário, como resposta à baixa produtividade e escassez de mão de obra humana.
Equipamentos de smart home estarão massificados, com itens como interruptores substituídos por voz. Em 2030, dois terços de nós viveremos em grandes centros urbanos e 43% dos domicílios globais terão uma ou duas pessoas, aumentando demanda por espaços menores e mais funcionais pelos que comprarem um imóvel, segundo
o Boston Consulting Group (BCG).O compartilhamento de espaços terá se consolidado, bem como assinaturas de habitação-como-serviço, com a inclusão de produtos e facilidades.
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Sompong Rattanakunchon/Getty Images 4. Trabalho
Relações de trabalho sofrerão o impacto simultâneo da urbanização, flexibilidade e modelos descentralizados de produção. O trabalho terá sido desagregado em tarefas especializadas entregues por plataformas e não haverá um lugar fixo de trabalho, segundo o Centro Europeu de Estratégia Política.
A automação trará declínio econômico para a maioria da população, e humanos poderão desempenhar tarefas que antes
eram voluntárias. A fundação Nesta prevê a valorização do perfil sociotécnico, que alia a habilidade de trabalhar com conexões e feedback constante a competências cognitivas avançadas, em áreas como psicologia e filosofia. “Treinamento multidisciplinar, contínuo e determinado pelo próprio indivíduo, e não pelo empregador, será a regra”, diz o antropólogo e designer instrucional Tim Lucas, da Hyper Island. -
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Miriam-Doerr/Getty Images 5. Saúde
A análise intensiva de dados sobre como cuidamos de nossa saúde significará que, em pouco mais de uma década, hospitais se assemelharão a “pit stops da Nascar, onde pacientes serão consertados e colocados de volta na pista”, segundo Melanie Walker, conselheira sênior do Banco Mundial.
Prevenção e intervenção em estágios iniciais de doenças com base em dados serão a ordem nos setores público e privado, para reduzir o custo de serviços e atender a demandas por tratamento personalizado. Big techs como Google, Amazon e Facebook se beneficiarão disso, com sistemas e produtos de monitoramento de saúde vestíveis, segundo a PwC. A PA Consulting prevê que robôs para companhia e assistência de uma população mais idosa e solitária serão comuns.
1. Alimentação
A produção de cereais, carne e leite não acompanhará a demanda da população mundial (8,3 bilhões em 2030), segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A América Latina precisará de 120 milhões de hectares de plantações a mais para a produção de alimentos, que em grande parte virá de áreas florestais, além de mais água. Ciência de dados reduzirá a necessidade de ocupação de terras e o impacto ambiental, segundo Mariana Vasconcelos, da Agrosmart – que usa inteligência artificial para controlar colheita, irrigação e plantio e prever doenças na lavoura. “Não adiantará só produzir mais. Teremos que fazer isso de forma sustentável”, diz ela.
Recursos naturais limitados vão provocar a reinvenção de alimentos com novos materiais, segundo a Accenture. A RethinkX aponta que a agricultura celular, onde a comida é projetada em nível molecular, distribuída em bancos de dados e acessada por designers de alimentos em qualquer lugar, substituirá sistemas convencionais de agricultura em menos de uma década.
Reportagem publicada na edição 72, lançada em outubro de 2019
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