Há alguns dias, o conselho da cidade de San Diego (EUA) votou pela proibição de recipientes de poliestireno para alimentos e bebidas. Alguns proprietários de restaurantes locais combateram a proibição, e afirmaram que embalagens alternativas seriam muito caras.
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A cidade de Encinitas fica na costa da Califórnia e proibiu o poliestireno em 2016. Na época, muitos proprietários de restaurantes também alegaram que a proibição os colocaria fora do negócio, mas Kris Buchanan, fundadora da Goodonya Organic Eatery em Encinitas, apoiou a iniciativa.
Na época, o Goodonya já estava livre de poliestireno e plástico há muitos anos. O restaurante serve toda a sua comida em pratos de vidro e cerâmica. Para pedidos para viagem, eles usam copos e recipientes compostáveis em vez de plástico descartável ou poliestireno. Kris quis mostrar aos outros empresários como era fácil fazer a troca. “Pegamos todas as coisas que usamos e fomos às reuniões do conselho da cidade. Dissemos: ‘Olha, pessoal. Isso custa 10 centavos e isso custa 8. Você não vai sair dos negócios. Aumente seus preços em 15 centavos. Ninguém vai notar na comunidade. Você terá lucro e estará fazendo a coisa certa’”, conta. “Especialmente aqui no sul da Califórnia, é isso que o consumidor quer, de qualquer maneira”, completa.
Kris não teve problemas em encontrar embalagens de alimentos ecologicamente corretas para seus negócios ao longo dos anos. “A World Centric e a Greenware existem há muito tempo”, diz. Ela também enfatiza que os donos de restaurantes provavelmente não terão de trocar de fornecedor. “Todos, possivelmente, já vendem compostáveis. É muito fácil de conseguir.”
Quando se trata de sustentabilidade, o Goodonya, certificada como Empresa B (que tem como modelo de negócio o desenvolvimento social e ambiental), está à frente dos novos hábitos, mas Kris ainda se preocupa com o impacto provocado pelo seu empreendimento. Ela diz que, embora todo o seu cardápio seja livre de transgênicos, os contêineres compostáveis são feitos de milho transgênico. O Goodonya está localizado a meio quarteirão do Oceano Pacífico e, como surfista, Kris está aflita com o escoamento de culturas cultivadas com pesticidas. “Até as não transgênicas são tratadas com produtos químicos tóxicos. Comprar alimentos orgânicos é uma das melhores coisas que você pode fazer pelo meio ambiente, na minha opinião”, afirma.
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Ver todo o lixo plástico que acaba na praia também tem sido um motivador para os restaurantes abandonarem o plástico. “Uma vez que você vê o problema, tem dificuldade em contribuir para o aumento dele. Como proprietária de um restaurante, sei quanto dessas coisas eu compro. Adquiro 10 mil copos de uma só vez”, exemplifica. Ela reconhece que mesmo as opções compostáveis não são perfeitas, já que geralmente acabam no aterro, porque são apenas compostáveis em instalações comerciais, e muitas cidades não têm estrutura para isso. “É tudo sobre os males menores e tentar fazer com que as pessoas não aceitem o que não precisam”, afirma.
“Quando estou em minha casa, peço comida para viagem e recebo guardanapos e acessórios e toda essas coisas na sacola. É um desperdício. Eu digo aos restaurantes: ‘Não coloque nada disso!’.” Quando o DoorDash faz as entregas do Goodonya, pergunta se o pedido está indo para casa ou a um escritório. Se é uma residência, ele não inclui utensílios.
À medida que as empresas cada vez mais se afastam dos canudos de plástico, Kris sugere que os consumidores deem um passo além e também recusem a tampa. “Nós servimos kombucha e café frio. As pessoas levam para viagem e os consomem enquanto andam pela cidade. Você não precisa de uma tampa.” Outra maneira de criar menos resíduos? Pedindo comida “para agora” em vez de “para viagem”. “Desacelere um pouco e pare de comer em seu carro”, exemplifica.
Ao conversar com um proprietário de uma empresa ou com um cliente sobre como fazer escolhas mais sustentáveis, Kris dá sempre o mesmo conselho: “Não fique sobrecarregado e não faça nada. Basta, apenas, uma pequena mudança de cada vez.”