Resumo:
- Movimentação do ex-CEO da Uber, Travis Kalanick, reforça a tendência de que cozinhas tradicionais serão substituídas por espaços alugados em bairros muito movimentados;
- Os novatos no ramo de restaurantes podem ter menos custos, já que economizam com a compra de um imóvel e também no pagamento de contas;
- Aplicativos de entrega de comida como Uber Eats serão responsáveis pelo transporte.
Travis Kalanick, cofundador e ex-CEO da Uber, lançou a CloudKitchens, uma nova startup capaz de acabar com os restaurantes como os conhecemos agora. Se atingir seus objetivos, os restaurantes construídos à base de tijolos e argamassa serão substituídos por “cozinhas fantasmas”. Elas são formadas por alguns cozinheiros e a comida é entregue por Uber Eats, DoorDash e outros serviços similares.
Kalanick levantou US$ 400 milhões do fundo soberano da Arábia Saudita e usou parte de sua própria fortuna da Uber para desenvolver esse conceito em todo o mundo. O dinheiro será gasto na compra de imóveis baratos em áreas urbanas, em locais densamente povoados, onde as entregas podem ser feitas rapidamente.
LEIA MAIS: Presidente da Uber diz que errou ao chamar assassinato de jornalista de engano
Esses restaurantes virtuais são semelhantes ao conceito da WeWork. A empresa aluga ou compra imóveis e, em seguida, aluga os espaços. Da mesma forma, a CloudKitchens será proprietária do estabelecimento e das cozinhas comissionadas e, em seguida, alugará o espaço para os empreendedores alimentícios.
Os locatários podem ser marcas conhecidas que não desejam gastar o dinheiro em um local tradicional ou empreendedores iniciantes que desejam experimentar um novo conceito de restaurante, mas não podem pagar um estabelecimento sozinhos.
Para os proprietários atuais ou potenciais de restaurantes, em vez de pagar mais de US$ 1 milhão para construir um restaurante, eles poderiam começar facilmente na CloudKitchens com um pequeno depósito, além de outras despesas. Com este tipo de restaurante, os custos serão consideravelmente menores do que o caminho tradicional.
Os proprietários não precisarão procurar um local e realizar estudos de tráfego de pedestres na região, assinar um contrato de longo prazo caro, investir em todos os utensílios de cozinha, mesas e cadeiras necessárias. O dono do negócio não terá de pagar uma grande equipe de garçons, barman e outros funcionários. Tudo o que eles precisam para começar a trabalhar é um chef e alguns cozinheiros para preparar a comida. Isso pode ser uma bomba para os empreendedores de restaurantes.
Ao contrário de ir para um local físico, os clientes fazem seus pedidos por meio de um aplicativo e a comida é entregue por contratados independentes. A economia de custos deve ser repassada aos clientes que pagarão menos do que o normal se fossem a um restaurante comum.
Esse conceito alimenta a tendência de as pessoas ficarem em casa, assistindo ao Netflix e pagando pela entrega de comida. Também é uma brincadeira com as consequências não intencionais do impulso para aumentar o salário mínimo. O negócio de restaurantes opera notoriamente com uma margem de lucro fina. Os trabalhadores são uma das maiores despesas. Sem a necessidade de pagar garçons, anfitriões e outros funcionários do restaurante, os lucros devem ser muito maiores. Não é preciso pagar aluguel exorbitante, pois as cozinhas ficam sem espaços comuns em locais baratos. Como os entregadores são contratados, não há necessidade de pagar esses benefícios aos motoristas, dias de doença e férias.
VEJA TAMBÉM: Guerra entre serviços de entrega de comida parece Netflix vs. Amazon
O mercado de entrega de alimentos, de acordo com a CloudKitchens, vale mais de US$ 35 bilhões por ano nos EUA e está crescendo rapidamente. A maior parte da entrega de comida vem de restaurantes tradicionais, mas esses locais nem sempre são configurados para executar com êxito essa função. Essa abordagem parece atraente tanto para o consumidor como para a perspectiva do restaurate.
Infelizmente, algumas pessoas perdem com o sucesso dessa tendência. Essas são as pessoas que trabalham duro na extremidade inferior do espectro do trabalho. Os novos imigrantes nos EUA, aqueles que não possuem o ensino médio ou não conseguem um emprego permanente em tempo integral, dependem, em parte, de empregos na indústria de alimentos. A falta desse tipo de posição dificulta o acesso de certos grupos ao trabalho.
A CloudKitchens pode ter os mesmos problemas que afetam a Uber e as demais empresas de tecnologia baseadas em aplicativos que usam contratados independentes. Há um grande movimento das legislaturas estaduais, como na Califórnia e em Nova Jersey, para perseguir empresas que, em suas opiniões, classificam incorretamente os funcionários como contratados independentes. Os estados afirmam que as empresas de tecnologia estão aproveitando esses trabalhadores por não oferecerem os benefícios e os salários que normalmente seriam concedidos a um funcionário. Além disso, os estados afirmam que as empresas estão fazendo isso para evitar pagar sua parcela justa de impostos.