“Deixe os robôs fazerem o que eles fazem de melhor e libere seus funcionários humanos para fazerem o mesmo – ou seja, aquilo que eles realmente sabem como fazer.” Essa é a frase mais ouvida na feira e na convenção da National Retail Federation (Federação Nacional de Varejo, em tradução literal), que está sendo realizada esta semana.
E o setor de varejo decidiu que o que os robôs fazem de melhor – e os humanos nem tanto – é detectar quando os frascos de xampu estão esgotados ou as latas de sopa estão no lugar errado, além de acompanhar se as prateleiras das lojas precisam de reposição.
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Um sinal claro de que os robôs de escaneamento de prateleiras e outros sistemas automatizados de rastreamento de estoque atingiram o ponto de inflexão aconteceu na última segunda-feira (13), quando o Walmart anunciou que está expandindo o uso dessas máquinas para fiscalizar as gôndolas de outras 650 lojas, o que eleva o número de estabelecimentos da rede assistidos por elas para 1.000.
Essa notícia deu à Bossa Nova, a empresa de robótica e tecnologia de varejo que fornece os robôs para o Walmart, um impulso durante o evento, onde as máquinas estavam expostas para demonstração.
Várias outras empresas presentes na feira também exibiram suas versões de robôs de varredura, incluindo a Badger Technologies, uma divisão da Jabil, e a Savioke, que fez parceria com a Brain Corp para adicionar recursos de escaneamento de prateleiras aos seus robôs de limpeza de pisos e recepção. A Gather.ai apresentou um drone de contagem de inventário equipado com câmera e projetado para escanear caixas nas prateleiras dos armazéns.
Inúmeros outros expositores estão apresentando sistemas automatizados de digitalização de prateleiras que fazem uso de câmeras instaladas para monitorar os níveis de estoque, combinados com softwares que analisam as informações das imagens captadas para alertar os funcionários da loja quando os espaços precisam ser reabastecidos.
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Sarjoun Skaff, fundador e CEO da Bossa Nova, diz que varejistas como o Walmart estão adotando robôs porque eles são capazes de resolver os problemas de estoque que atormentam os varejistas há décadas.
“Em vez de gastar tempo procurando problemas, você pode começar a corrigi-los. Você se torna alguém orientado por dados”, diz ele. “Agora, quando começa o turno de trabalho, os profissionais já sabem quais problemas precisam ser resolvidos.”
Os funcionários da loja recebem uma lista dos problemas encontrados pelo robô – falta de estoque, produtos extraviados, preços errados. Skaff disse que a lista é organizada de acordo com a gravidade do problema, de forma que os mais graves sejam resolvidos primeiro e a loja seja colocada em ordem rapidamente.
Mas será que o executivo tem a pretensão de ver seus robôs evoluindo a ponto de reabastecer as prateleiras sem a ajuda de um humano? Não, diz ele. Isso não seria um uso inteligente do tempo do robô, porque reabastecer as prateleiras é algo que os seres humanos fazem melhor.
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“Competir com um humano para reabastecer prateleiras seria ineficiente. As pessoas são estranhamente boas em escolher e posicionar produtos”, diz Skaff. “Os robôs ainda têm um longo caminho a percorrer antes de serem bons o suficiente para competir com um humano nessa tarefa.”
Em vez disso, a Bossa Nova planeja se concentrar em fornecer mais informações aos varejistas com base naquilo que os robôs fazem de melhor: digitalizar, gravar e memorizar informações, como a rapidez com que uma marca de refrigerante se esgota, qual a posição das prateleiras foi capaz de incrementar as vendas ou dados sobre o ambiente físico na loja.
Criada em Pittsburgh, a Bossa Nova nasceu no Instituto de Robótica de Carnegie Mellon. Atualmente, possui escritórios em São Francisco, Pittsburgh, Bentonville, Arkansas, Mountain View, Califórnia, Leetsdale, Pensilvânia e Sheffield, Inglaterra. Começou como uma empresa de brinquedos robotizados e mudou para robôs para o varejo em 2012.
A Intel apresentou a Bossa Nova para executivos de tecnologia para o varejo em 2013, depois de receber a startup em uma feira do setor no mesmo ano.
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“Em 2013, ninguém tinha um robô na loja ou pensava que ele pudesse examinar as prateleiras”, disse Skaff. Inicialmente, a Bossa Nova enfrentou dificuldades para convencer os investidores de que havia mercado para a criação de tecnologia que ajudasse as lojas físicas. Em 2013, 2014 e 2015, segundo ele, todo mundo achava que a Amazon acabaria com os estabelecimentos físicos. “Até ela comprar a Whole Foods. Isso mudou toda a conversa”, disse.
Agora, a empresa, assim como outras de tecnologia para o varejo, estão mudando o tom novamente. E o resultado é que, este ano, na feira, os maiores varejistas dos Estados Unidos estão falando sobre seus planos para usar robôs, inteligência artificial, visão computacional e aprendizado de máquina como uma maneira de permitir que seu time de funcionários faça o que os humanos fazem melhor: conectar-se com outros seres humanos, ou seja, os clientes.
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