A Boeing adicionou mais de US$ 1 bilhão em peças de avião em excesso à GoDirect Trade, uma plataforma blockchain projetada para provar a origem das peças e garantir que elas estejam de acordo com padrões de segurança, segundo a iniciativa, projetada pela gigante aeroespacial Honeywell. Lisa Butters, gerente-geral da Honeywell, diz que a transação no fim de semana passado fez com que a Boeing adicionasse as peças –em excesso ou que não eram mais necessárias–, diretamente à plataforma, que conecta as camadas da cadeia de suprimentos a um único e compartilhado livro de transações que rastreia de forma transparente seus movimentos. Não foi possível contatar a Boeing para confirmar a transação, que foi revelada no Hyperledger Global Forum para empresas que operam em blockchain, em Phoenix, Arizona.
Tradicionalmente, as peças de aviação possuem documentos de qualidade em papel e atestam o fabricante original e a conformidade de segurança atual, com cada um precisando ser movido fisicamente de um lugar para outro e reinserido nas contas do novo proprietário. Isso torna as peças algo quase impossível de vender on-line, já que os documentos em papel podem ser facilmente falsificados. Mas, ao mover cada camada da cadeia de suprimentos para a versão personalizada do Hyperledger Fabric, empresa Blockchain 50 com código-fonte aberto que qualquer pessoa pode criar, cada listagem é vinculada a imagens da peça e a documentos correspondentes da peça exata que está sendo oferecida para venda, ajudando não apenas a garantir que a peça esteja lá, mas também que os documentos associados não sejam falsificados.
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Atualmente, menos de 3% das transações (do mercado que vale US$ 4 bilhões) em peças aeroespaciais de segunda mão são feitas on-line a cada ano, de acordo com Lisa Butters, que acredita que isso está prestes a mudar. Em seu primeiro ano de negócios, a GoDirect Trade teve US$ 7 milhões em vendas, diz ela. Até o final de 2020, a executiva espera que a plataforma tenha realizado US$ 25 milhões em vendas, US$ 100 milhões em 2021 e US$ 1 bilhão em 2022. “Acabamos de comemorar nosso primeiro aniversário”, afirma. “Estamos apenas tentando sobreviver e ter um crescimento realmente bom e exponencial.”
Diferentemente do blockchain de bitcoin, o Hyperledger Fabric exige que as empresas tenham acesso à plataforma. Nesse caso, a Boeing teve de montar uma loja digital na GoDirect Trade, um processo que Lisa Butters diz que leva cerca de dois minutos. Depois que a loja é criada, empresas verificadas podem carregar seus próprios materiais excedentes e obsoletos diretamente na plataforma, de forma semelhante à da Amazon, por meio de uma API (Interface de programação de aplicações) ou transferindo um arquivo de texto diretamente para a Honeywell.
Em seu primeiro ano completo de negócios, os clientes mais tradicionais incluíram companhias aéreas que precisam de peças de reposição para reinstalar novamente em suas aeronaves. Lisa diz que, em média, as peças aéreas são reutilizadas quatro vezes antes de serem descomissionadas, tornando a validade de seus documentos de qualidade especialmente importante. Mas os usuários menos tradicionais, que podem se beneficiar de um processo cada vez mais digitalizado, são traders de arbitragem aeroespacial, que anteriormente tinham de confiar no processo mais lento baseado em papel. “São empresas e pessoas que compram peças aeroespaciais a um custo menor e depois tentam encontrar um comprador para isso”, diz ela. “Eles tentam negociar um acordo para ganhar dinheiro.”
Além de construir a rede de cadeia de suprimentos de peças aeroespaciais usadas, a Honeywell também está usando o GoDirect Trade, que agora acompanha digitalmente todas as peças fabricadas (duas por minuto, segundo Butters) para possíveis vendas na plataforma.
No início da semana passada, Butters conversou em um painel com a diretora sênior de blockchain do Walmart, Archana Sristy e o vice-presidente da American Express Michael Concannon sobre suas implementações de blockchain ao vivo e o que vem a seguir para a empresa. Ao mesmo tempo, a equipe de Butter em Bangalore, na Índia, enviou a ela uma lista de compras para dez itens que eles acham que ajudarão a preparar seus laptops em preparação para um projeto para desenvolver o GoDirect Trade ainda este mês.
Chamado de “Alfred”, o projeto automatizaria o processo de digitalização de documentos de peças aeroespaciais, lendo-os e registrando-os com uma inteligência artificial. “Todo esse material existe”, diz Butters, referindo-se aos componentes de computador solicitados por sua equipe, incluindo um disco rígido externo projetado especificamente para ajudar um laptop a alimentar a IA. “Eles podem montar tudo, configurar tudo para o que estamos tentando montar”, pontua Butters. É assim que trabalhamos juntos, realmente na base de tudo.”
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