Como em grande parte do sudeste da Ásia, o mercado vietnamita é dominado pelos smartphones fabricados pela Samsung e uma pequena lista de marcas chinesas. Eles têm as especificações, de câmeras ao tamanho da tela, que os usuários desejam e operam no familiar sistema Android do Google. Além disso, custam menos que um iPhone. Tudo isso é ideal para um país em desenvolvimento.
Ao longo dos anos, várias empresas vietnamitas tentaram conquistar uma fatia desse mercado cada vez mais próspero, mas encontraram pouca resposta. As marcas estrangeiras chegaram antes que as do Vietnã pudessem começar.
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Mas, neste ano, o conglomerado vietnamita Vingroup pretende superar algumas das marcas chinesas. Sua unidade telefônica buscará essa liderança, oferecendo aos consumidores vietnamitas uma lista de especificações procuradas, mantendo os preços em torno de US$ 100 por telefone e comercializando-os offline, de maneira que as marcas estrangeiras tenham problemas para fazer igual.
Virada de jogo
O conglomerado de propriedade do homem mais rico do Vietnã, Pham Nhat Vuong, viu sua fatia de mercado crescer após crescimento nas vendas iniciais do modelo Joy 3, em 14 de fevereiro, diz o vice-presidente executivo da Vsmart, Tran Minh Trung. A empresa vendeu 12 mil telefones em 14 horas, observa Tran, porque os consumidores gostaram dos recursos.
“Embora os telefones da Vsmart usem o sistema operacional Android, o departamento de engenharia de software da empresa personalizou o OS original para transformá-lo em um sistema operacional VOS com recursos específicos para os consumidores vietnamitas”, diz o vice-CEO, usando o nome de propriedade do sistema. Os telefones funcionam mais rápido do que um Android comum e suportam mensagens gratuitas de Vsmart para Vsmart, além de chamadas gratuitas entre dispositivos Vsmart, acrescenta ele.
A empresa de Tran detinha uma participação de mercado de 6% no final de 2019, abaixo da líder de mercado Samsung com 32% e atrás das marcas chinesas Oppo (23%), Vivo (11%) e Xiaomi (9%), calcula a empresa de pesquisa de mercado Canalys. A consultoria IDC deu à Vsmart uma participação de 12,4% no quarto trimestre do ano passado, em comparação com os 29,9% da Samsung e 19,1% da Oppo. A pesquisa afirma que cerca de 5 milhões de telefones foram vendidos no Vietnã naquele trimestre.
Uso da rede do Vingroup
O trabalho agressivo de vendas offline no Vietnã pode aumentar a participação doméstica da Vsmart para até 15% este ano, diz Matthew Xie, analista de mobilidade da Canalys. Ele estima que cerca de 85% das vendas no Vietnã ocorrem offline.
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Com certeza, o surto de coronavírus no Vietnã prejudicou o transporte, observa Xie, o que significa que o mercado geral de smartphones do país cairá de 1% a 16%, “considerando que o canal offline seria seriamente afetado”.
Mas a Vsmart pode “se alavancar” com as outras linhas de negócios do Vingroup para marketing, diz ele. O Vingroup administra uma ampla rede de shoppings, lojas de conveniência, resorts e empreendimentos habitacionais no Vietnã. A fornecedora já havia distribuído 100 mil telefones gratuitamente para as pessoas que moravam nas propriedades da marca (Vinhomes).
Preços baixos, maior participação de mercado
O preço é outro ponto de pressão. O Vietnã, apesar de seu rápido crescimento econômico desde 2012 e de uma classe média em expansão, continua sendo um mercado em que os telefones básicos com preços em torno de US$ 200 são responsáveis por cerca de 67% das transações, diz Xie. Essa composição “torna viável para a Vinsmart começar da produção de dispositivos básicos e atualizar para a fabricação de dispositivos premium aos poucos”, diz ele.
Os telefones Joy 3 são vendidos a US$ 98 cada. Eles vêm com processadores Snapdragon 632, telas de 6,5 polegadas e um sistema de cluster de três câmeras traseiras com uma câmera selfie de 8MP. A Vsmart já havia oferecido “planos de preços” para telefones com preço inferior a US$ 150, mas com especificações parecidas com seus concorrentes chineses, diz Nguyen.
A Vsmart deve usar esquemas de preços para enfrentar a concorrência, diz Lam Nguyen, diretor da IDC Indochina na cidade de Ho Chi Minh. Para esse fim, a empresa ingressou no programa de universalização de smartphones do Ministério da Informação e Comunicações do Vietnã, oferecendo aparelhos por 500 mil dong vietnamitas (US$ 21,60) cada um, em troca de pacotes sem fio e aplicativos pré-instalados, diz Nguyen.
Parcerias fora do Vingroup
Momentos difíceis como esse devem ajudar a Vsmart a construir um “ecossistema” destinado a conquistar e manter clientes, diz Nguyen. A empresa também está trabalhando em uma “parceria” com a empresa de telecomunicações doméstica Viettel, informa o Hanoi Times.
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“Formar uma aliança de parceria e construir um ecossistema provavelmente forçará a VSmart a avançar à frente de seus concorrentes”, diz Nguyen. “Não fazer isso também terá um efeito inverso.”
A Vsmart também espera trabalhar mais de perto com o Google, diz Tran. Os parceiros procurariam “estrategicamente” maneiras de usar sistemas operacionais com Android em dispositivos controlados sem fio, como aparelhos de televisão, diz ele. A dupla já começou nas TVs.
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