Após a Covid-19 se espalhar pelo mundo e ser classificada como uma pandemia, muitos países afetados entraram em quarentena e pregam agora o distanciamento social, incluindo várias cidades brasileiras. Com escolas fechadas, eventos cancelados e pessoas fazendo home office, a recomendação é não sair de casa para evitar maior contágio da população.
A situação causou um “boom” no mercado de delivery de comida, que se tornou uma opção salva-vidas para que não seja necessário se expor em supermercados ou restaurantes. Para estabelecimentos que não possuem entrega à domicílio, o momento é preocupante, já que os ganhos se congelam com a falta de clientes. Já para outros, o aumento de pedidos e a falta de estrutura para atender a demanda maior do que a esperada podem saturar o negócio e tornar a experiência do consumidor estressante. Mas o contexto da pandemia pouco afeta a eficiência das cozinhas específicas para delivery –as famosas dark kitchens–, que se colocam como uma alternativa viável em tempos de turbulência financeira.
O aumento de pedidos durante o surto do novo coronavírus não assusta Andres Andrade, cofundador da primeira startup do tipo no Brasil: a Mimic, vinculada às hamburguerias Patties. Com cerca de um ano de atuação, a Mimic já atende 1.200 pedidos por dia em seus dois hubs de produção. “Nossas cozinhas foram feitas para absorver demandas fora do padrão normal de restaurantes”, afirma o ex-Forbes Under 30.
Com média de meia hora para entrega, o cofundador revela alguns pilares essenciais para que sua startup cumpra as metas desejadas. Em primeiro lugar, a preocupação com o imóvel, a reforma e a preparação para construir as cozinhas. “Nossa média de imóvel é de 500 metros quadrados. Temos hoje na [avenida] Rebouças e na [avenida] Bandeirantes (em São Paulo) e temos projeção para inaugurar mais quatro imóveis ainda neste ano”, indica.
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Porém, como peça principal na eficiência das dark kitchens está a tecnologia. “Uma das coisas mais difíceis é que você tem aplicativos como iFood, por exemplo, mas os restaurantes, no geral, não estão preparados para se juntar a essa inovação”. Assim, ele conta ter um setor focado apenas no desenvolvimento de softwares que integram esses dois mundos e aprimoram ferramentas como geocalização de motos para priorizar os pedidos de acordo com o endereço do destino final. “Digamos que eu receba 100 solicitações. Não necessariamente preciso prepará-las na ordem. Existem vários fatores que vão influenciar em qual deve ser feita primeiro, como a localização do motoboy: ele pode estar longe do primeiro pedido e do lado do último”, exemplifica o empresário que tem na Patties sua marca de lançamento.
Segundo ele, o sucesso da marca aconteceu após a união Mimic-Patties. “Antigamente, o cliente demorava cerca de uma hora para receber a comida. Muita gente queria experimentar o hambúrguer mas não queria esperar uma hora para comer ou se deslocar até o Brooklin, onde ficava a loja”, conta ele. “Eles cuidavam do cliente de uma forma maravilhosa no restaurante, e a gente no delivery.”
No que diz respeito ao combate ao novo vírus, ele revela ter tomado medidas como a contratação de táxis para fazer o trajeto hub-casa dos funcionários todos os dias, e de enfermeiros que devem estar presentes todos os dias nas cozinhas e escritórios a fim de contribuir com a segurança e prevenção dos colaboradores.
Preocupado com os próximos acontecimentos da pandemia, Andrade diz que o delivery está com uma missão muito importante nas mãos: o papel de ajudar restaurantes pequenos que vão ter dificuldade de se manter apenas com loja física e uma sociedade em distanciamento social. “Viramos soldados de fronte para as pessoas que estão em quarentena”, pontua.
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