As ações da Kingsoft Cloud, empresa de serviços em nuvem presidida pelo bilionário de tecnologia da China Lei Jun, subiram 40% em sua estreia na Nasdaq na sexta-feira (8), com expectativa de que será beneficiada por um boom no mercado de serviços em nuvem do país e evitará danos causados por um período brutal nas relações entre EUA e China.
A Kingsoft Cloud fechou em US$ 23,84 na sexta-feira, em comparação com um preço de IPO de US$ 17. A empresa levantou US$ 474 milhões em sua estreia; a avaliação no final do dia era de US$ 4,8 bilhões.
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A Kingsoft Cloud tem como alvo um mercado em nuvem que está se expandindo à medida que as empresas optam por um serviço relativamente barato em relação à infraestrutura e equipamentos de TI tradicionais. A China é o segundo maior mercado de serviços em nuvem do mundo depois dos EUA, com aumento de custos em 38% ao ano até 2019, para US$ 23 bilhões. Eles devem aumentar outros 28% ao ano para US$ 79,5 bilhões em 2024, afirma a consultoria Frost & Sullivan, segundo dados do prospecto da Kingsoft Cloud. Os serviços em nuvem, como parte dos gastos com TI na China, foram de 6,0% em 2019, contra 15,8% nos Estados Unidos em 2019 –espera-se que a China atinjam 15,8% em 2024.
A Kingsoft Cloud ainda tem um caminho a percorrer antes de fazer dinheiro. A empresa perdeu US$ 167 milhões no ano passado, com receita de US$ 568 milhões. A companhia também está enfrentando concorrência da Alibaba Cloud e da Tencent Cloud, parte dos pesos pesados da Internet na China. Os clientes da Kingsoft Cloud incluem ByteDance e China Construction Bank.
A abertura de capital é resultado da pandemia de Covid-19, que aumenta o atrito comercial e geopolítico entre os Estados Unidos e a China e intensifica os temores de uma nova Guerra Fria entre os dois blocos. Os EUA disseram na sexta-feira que imporiam limites de visto de 90 dias a jornalistas chineses depois que Pequim expulsou repórteres do “New York Times”, “Wall Street Journal” e “Washington Post”. O IPO da Kingsoft Cloud vem após um escândalo contábil na Luckin Coffee, de Pequim, listada na Nasdaq, no mês passado, que consumiu bilhões de dólares em riqueza.
Jun, 50 anos, um dos homens mais ricos da China, com uma fortuna avaliada em US$ 10,7 bilhões na lista dos bilionários da Forbes, também é CEO da Xiaomi, a quarta maior fornecedora de smartphones do mundo no primeiro trimestre de 2020, depois de Samsung, Huawei e Apple, segundo a empresa de pesquisa Canalys. A Xiaomi foi a única dos quatro primeiros cujas remessas aumentaram em relação ao ano anterior, no momento em que a pandemia de coronavírus afetou a demanda global.
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A Kingsoft Cloud faz parte do que é conhecido na China como “ecossistema Xiaomi” das empresas associadas à Jun. Esse grupo também inclui o fornecedor de software Kingsoft Corp., que possuía 54% da Kingsoft Cloud antes do IPO de sexta-feira, e a Beijing Kingsoft Office Software, que abriu capital em Xangai no ano passado. As empresas listadas nos EUA associadas à Jun incluem YY, Cheetah Mobile, Huami, Viomi e Lizhi.
O ecossistema da Xiaomi também inclui a Shunwei Capital, com sede em Pequim, presidida por Jun. O CEO da companhia, Tuk Lye Koh, ficou em 42º lugar na lista Forbes Midas de 2020 dos melhores investidores em capital de risco do mundo, lançada no mês passado; Koh discutiu Lei em uma entrevista no mês passado (clique aqui).
O primeiro grande feito de Jun foi vender a varejista online Joyo.com para a Amazon em 2004 por US$ 75 milhões.
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