A Forbes recebeu Flávio Rocha na primeira terça-feira de julho no Forbes Live, no Instagram. O executivo, que é presidente do Conselho do Grupo Guararapes (dono da rede de moda Riachuelo) falou com Antonio Camarotti, CEO e Publisher da Forbes, sobre empreendedorismo, moda, lifestyle e a transformação digital acelerada pela quarentena que os países estão passando.
A relação de Flávio Rocha com a Forbes já vem de alguns anos. O empreendedor é colunista da revista, além de aparecer na lista de bilionários do país e ter sido capa de três edições até hoje. Uma das mais marcantes para ele é a que divide com seu pai, Nevaldo Rocha, fundador do Grupo Guararapes e falecido em 17 de junho de 2020. Ele relembra a relação com seu pai e afirma: “Duas gerações diferentes podem ter trajetórias complementares”.
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Rocha revelou que começou a ajudar na empresa de sua família ainda adolescente. Aos 12 anos, o filho de Nevaldo Rocha já possuía funções para exercer à tarde, depois das aulas escolares. Aos 15 anos, começou a distribuir os estoques da matriz para as lojas e, aos 19, criou sua própria marca de jeans, a Jeans Pool.
A entrada tão cedo no mercado de trabalho gerou histórias curiosas para Rocha. Uma delas é a aposta em marketing da marca Pool em Ayrton Senna, quando ele ainda era um piloto de kart. Além disso, a vida empresarial custou ao bilionário –a fortuna de Rocha é estimada em R$ 2,88 bilhões pela Forbes na edição dos mais ricos do Brasil, lançada em setembro de 2019– a sua graduação universitária: “Não recomendo a ninguém largar a faculdade. Esse é um arrependimento da minha vida”, afirmou.
Além de empresário de sucesso, Rocha também possui vida política: ele já foi eleito deputado federal por duas vezes, entre 1987 e 1995. Ele recorda que o momento era de extrema importância, já que estava sendo feita uma nova legislação para o país. “Foi um grande aprendizado. Desta época, trago um grande jogo de cintura que o mundo empresarial não desenvolve. A política te ensina a conquistar pelo convencimento”, avaliou.
Voltando a falar sobre a relação com seu pai, a diferença entre as personalidades de Nevaldo e Flávio foi, segundo o filho, uma benção. “Meu pai tinha uma cabeça industrial, um estilo hierárquico. E eu estou mais adaptado ao novo cenário de empoderamento do consumidor, da gestão de marcas, formulação estratégica. A sucessão na empresa foi extremamente natural.”
A empresa da família Rocha passou por diversos momentos da economia empresarial, mas a transição da produção para o varejo foi, segundo Rocha, uma das fases mais importantes para que a Riachuelo se tornasse tão poderosa. “A posição no varejo nos garantiu a condição de desenvolvimento e liderança, e é o nosso grande diferencial competitivo: vamos desde a produção até as prestações da venda”, explicou o empresário.
E os planos para o futuro são de mais crescimento e diversificação: “Queremos ser o superapp de moda”, revelou. Para Flávio, as redes de lojas físicas tendem a ficar obsoletas, e a quarentena forçada pela pandemia de Covid-19 provocou um “salto de inclusão digital” na sociedade.
O mercado digital, segundo o entrevistado, é muito mais restritivo e desafiador. “Só há espaço para um vencedor”, analisou. E, para um aplicativo ser o escolhido pelos consumidores, ele deve conter duas características fundamentais: recorrência e relevância. Flávio garante que “é uma grande oportunidade no mercado de moda brasileiro”.
O Grupo Guararapes já havia dado os primeiros passos em direção à digitalização de suas vendas, mesmo antes da necessidade imposta pela nova situação do país. O objetivo, segundo Rocha, é praticar o melhor “fast fashion” possível: “A gestão contínua desde o fio até o leitor de código de barras, de forma integrada”.
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Dessa forma, ele explicou, é possível adaptar sua produção ao que o cliente está demandando. A tecnologia ajudou as lojas Riachuelo a trabalhar com muito mais eficiência durante a quarentena, se comparada com seus concorrentes, segundo o executivo.
A nova realidade dá muito valor ao que move o mundo digital: dados. E as informações que os próprios clientes cadastrados oferecem é muito mais confiável do que as vindas de um sistema puramente financeiro. “Informações como hábitos de consumo, estilo de vida, número de pessoas na família e histórico de gastos com moda serão essenciais para construir o nosso superapp”, concluiu Rocha. “Esse é o futuro do varejo: navegar concomitantemente e desfrutar do melhor dos dois mundos, do físico e do digital.”
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