A Forbes atualmente avalia a fortuna de Prokhorov em US$ 11,4 bilhões.
Com a Covid-19 ainda no status de ameaça constante, o bilionário russo Mikhail Prokhorov anunciou na segunda-feira (17) que sua empresa de realidade virtual e inteligência artificial, a Sensorium Corporation, está desenvolvendo uma nova plataforma social para que os usuários possam assistir concertos virtuais, festivais de música e muito mais.
“Imagine assistir seus artistas favoritos onde você estiver, com liberdade para chegar o mais perto que você quiser”, disse Prokhorov em um e-mail para a Forbes. “A realidade virtual é uma nova forma de arte.”
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A plataforma, chamada Sensorium Galaxy, tem lançamento previsto para o primeiro semestre de 2021. Mas ainda existem muitas incógnitas. A empresa diz que atraiu US$ 100 milhões em investimentos de empresas de entretenimento, mas não revelou o nome de nenhum desses investidores. Apesar de afirmar que tem “grandes artistas a bordo”, ele também não divulgou quais músicos ou bandas já assinaram contrato.
A realidade virtual ainda é incipiente e, como tal, um negócio não comprovado. Mas Prokhorov não é o único bilionário que aposta em suas oportunidades. O Facebook de Mark Zuckerberg, que gastou US$ 2 bilhões em 2014 para comprar a empresa de hardware de realidade virtual Oculus, lançou no início deste ano o Facebook Horizon, uma plataforma de RV aberta a um grupo seleto de usuários beta.
“Neste momento, o mundo das pessoas está limitado a uma tela minúscula”, disse Prokhorov em seu e-mail. “O surgimento de tecnologias que combinam inteligência artificial com realidade virtual representa uma oportunidade de consertar a situação atual, ampliando as comunicações digitais por meio de uma nova geração de ambientes virtuais para conexões sociais.” Um comunicado da empresa no início da semana revelou que um de seus objetivos é alcançar a “imortalidade digital”.
A indústria de shows despencou em 2020, com apresentações e festivais cancelados em todo o mundo em um esforço para conter a disseminação da Covid-19. Embora tenha havido algumas iniciativas para realizar shows ao vivo socialmente distantes – de concertos em drive-ins em Chicago a apresentações com grades no norte da Inglaterra, nas quais os participantes foram separados em 500 plataformas de metal elevadas -, a maioria desses eventos foi adiada. De acordo com a publicação especializada “Pollstar”, essa indústria pode perder até US$ 8,9 bilhões em receita este ano se a situação atual continuar.
A pandemia também afetou as operações do Sensorium Galaxy, com “pequenos atrasos em termos de desenvolvimento”, disse Matias Lapushin, porta-voz da empresa. “Temos um grande [estúdio de captura de movimento] onde virtualmente recriamos artistas em RV, mas a crise obviamente nos impediu de fazer isso nos últimos meses. No entanto, todas as nossas parcerias ainda estão em vigor e grandes artistas estão a bordo.” Lapushin acrescenta que a plataforma, onde os usuários também podem bater papo e jogar, pode ser acessada tanto por meio de um fone de ouvido RV quanto por um computador pessoal.
A Sensorium, fundada por Prokhorov em 2018, está registrada nas Ilhas Cayman, com escritórios em Moscou, Zurique e Los Angeles. Possui uma participação de 27% na Redpill VR, uma empresa de tecnologia com sede em Los Angeles que também está usando a realidade virtual para eventos de entretenimento. A empresa está usando uma ferramenta de criação 3D da Epic Games, fabricante do popular videogame Fortnite, para sua plataforma virtual. Outros parceiros incluem a fundação de caridade de Sergei Polunin, um bailarino nascido na Ucrânia que em 2019 teve o convite para dançar no Balé da Ópera de Paris retirado devido a comentários homofóbicos feitos nas redes sociais.
Prokhorov é um investidor aparentemente improvável em uma empresa de entretenimento de realidade virtual. Sua fortuna vem da complicada era da privatização russa no início dos anos 1990, quando fundou o Onexim Bank com o colega oligarca bilionário Vladimir Potanin. Na época, o banco administrava empréstimos ao governo e às empresas estatais falidas e acabou assumindo o controle da Norilsk Nickel, uma gigante dos metais que os dois venderam em 2008 para outro bilionário russo, Oleg Deripaska. Naquele ano, Prokhorov esteve na lista dos bilionários da Forbes com um patrimônio estimado em US$ 19,5 bilhões. A Forbes atualmente avalia sua fortuna em US$ 11,4 bilhões.
Mas Prokhorov realmente se difere de outros oligarcas. Ele comprou o Nets, um time da NBA, em 2010, por US$ 200 milhões e trabalhou com o bilionário magnata da mídia Jay-Z para mover o time de New Jersey para o Brooklyn. O bilionário, então, vendeu a equipe e os direitos da arena em 2019 por cerca de US$ 3,3 bilhões para outro bilionário, o cofundador do Alibaba Joe Tsai.
Ele é conhecido por frequentar a ilha espanhola de Ibiza – famosa por suas casas noturnas. Talvez por isso um dos primeiros parceiros de conteúdo do Sensorium Galaxy seja Yann Pissenem, um DJ que possui duas casas noturnas na ilha.
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Prokhorov concorreu contra Vladimir Putin como presidente da Rússia em 2012, obtendo 8% dos votos. E ele é o único oligarca que apareceu no “The Daily Show”, talk show apresentado por Stephen Colbert. E, embora tenha dito à Forbes, em 2013, que planejava concorrer à presidência novamente, parece que ele deixou suas ambições políticas para trás.
O bilionário não é um usuário ativo de produtos de RV, revelou em seu e-mail, mas explicou que se sente atraído por seu potencial. “Os mundos virtuais são parte de uma evolução da comunicação humana”, disse. “É um processo natural e as pessoas não deveriam ter medo disso… Em uma galáxia virtual, a única limitação é a sua imaginação.”
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