À medida que o recesso das festas de fim de ano bate em nossa porta, é provável que as pessoas estejam se planejando para colocar em dia todos os filmes e séries que estrearam este ano e ficaram de lado por conta do trabalho.
Atenção: se você é daqueles que passam o fim de semana todo colado à tela da TV, acompanhando suas séries favoritas sem pausa, quase sem se levantar do sofá sequer para ir ao banheiro ou se alimentar direito, é bem possível que você esteja adotando um novo modo de consumir conteúdo audiovisual que chamamos de binge-watching, que significa maratonar, assistir a muitos episódios em rápida sucessão.
Este conceito não é propriamente uma novidade. Antes do surgimento das plataformas de streaming, muitos passavam a noite em frente à TV assistindo filmes ou maratonando séries. Mas foi depois do aparecimento dessas novas ferramentas que tal hábito se espalhou e cresceu rapidamente.
A facilidade de acesso, a possibilidade de assistir quantas vezes quiser a uma infinidade de episódios e as tramas cada vez mais complexas das produções, de fato, nos mantêm presos à tela. É quase como um pseudo vício, uma vez que não experimentamos a síndrome de abstinência, como ficar com a boca seca ou ter taquicardia quando longe da TV.
Um fator que facilita esse hábito é a vontade de gastar o pouco tempo que nos sobra em algo voltado para o lazer. Mas a pandemia acrescentou-se um outro ponto: fugir um pouco das pressões diárias e das notícias ruins.
O binge-watching é uma boa maneira de relaxar, mas pode facilmente se tornar um problema quando a TV é colocada à frente de outras atividades importantes. Ao compartilhar a vida com alguém, por exemplo, tal hábito pode facilmente ter um impacto negativo.
Eu mesmo já ouvi várias vezes pacientes se queixando de que seus parceiros ou parceiras não lhes davam atenção, preferindo ficar à frente da TV do que conversar ou fazer algo em conjunto. Outro impacto é da ordem da saúde: alguns levantamentos apontam que o binge-watching pode piorar a qualidade do sono.
Como romper esse hábito? Se você divide a vida com alguém, procure fazer um combinado. Por exemplo, estipular o tempo máximo de horas na frente da TV ou se comprometer a fazer maratonas apenas de uma a duas vezes por semana. Outra ideia é colocar um alarme para evitar ficar o dia todo sentado no sofá. Ou, ainda, procurar perceber se você está consumindo um conteúdo apenas porque todos estão falando sobre. Não se obrigue a assistir algo, veja só o que lhe dá prazer porque a ideia é se divertir. Um bom Natal a todos. Cuidem-se.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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