Como a pandemia vai mudar a maneira de investir

11 de agosto de 2020
Divulgação

Vitor Ohtsuki, diretor do Santander Private Banking: banco é o único no país a oferecer assessoria filantrópica

As consequências econômicas decorrentes do ambiente de pandemia do novo coronavírus desencadearão um boom nos investimentos sustentáveis, responsáveis e de impacto nos próximos 12 meses. A aposta, feita no fim de março deste ano, quando o pessimismo global com a economia provocou uma queda generalizada na rentabilidade dos fundos, é de Nigel Green, fundador e CEO do deVere Group, uma das maiores consultorias financeiras independentes do mundo.

A previsão do especialista, que tem mais de US$ 12 bilhões sob sua gestão, foi feita no mesmo momento em que a Bloomberg noticiava que os fundos ESG (do inglês environment, social and governance, ou ambiental, social e governança corporativa, em português) havia registrado a metade da queda dos fundos tradicionais no S&P 500.

Green aponta três fatores principais para embasar sua previsão. O primeiro deles leva em conta uma pesquisa realizada antes da pandemia que já indicava que investimentos com boa pontuação em termos de credenciais ESG frequentemente mostravam performances melhores e menor volatilidade no longo prazo. “Desde que a Covid-19 se instalou, uma análise mais ampla mostra que esses fundos continuaram superando os demais.”

O segundo argumento de Green passa por uma realidade que a atual crise de saúde pública enfatizou: a vulnerabilidade e a fragilidade das sociedades e do planeta de uma maneira geral. “A complexidade e a interconexão do mundo em que vivemos no que diz respeito à demanda e ao abastecimento ficaram muito claras, assim como a ameaça que representam quando não são sustentáveis. E, cada vez mais, as empresas só vão sobreviver e prosperar se contarem com níveis cada vez maiores de aprovação pública”, diz.

Por último, o CEO acredita que o aspecto geracional será um forte aliado no suporte à tendência. “77% dos millenials citam os fundos ESG como sua prioridade ao considerar oportunidades de investimento”, diz ele, citando o resultado de uma pesquisa global realizada pelo deVere Group. “Isso é crucial uma vez que a maior transferência de riqueza já gerada – algo em torno de US$ 30 bilhões – dos baby boomers para a geração do milênio ocorrerá nos próximos anos.” Segundo o levantamento, embora fatores tradicionais como retorno antecipado (10%), histórico de desempenho (7%) e tolerância ao risco (4%) sejam importantes na tomada de decisão, eles não são suficientes para os millenials.

EVOLUÇÃO E POTENCIAL DE MERCADO

A evolução dos investimentos nesse tipo de fundo corrobora a tese de Green. Segundo um levantamento divulgado em abril deste ano pela Aliança Global de Investimentos Sustentáveis (GSIA, na sigla em inglês), o volume aportado em ativos dessa categoria na Europa, Estados Unidos, Japão, Canadá, Austrália e Nova Zelândia totalizavam US$ 30,7 trilhões no início de 2018 – 34% mais do que em 2016.

Por aqui, onde este segmento está começando a despontar, dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) indicam que, em junho deste ano, fundos de ações sustentáveis acumulavam quase R$ 550 milhões – 29% a mais na comparação com 2019. Segundo a mesma entidade, eles registraram alta superior a 11% até 21 de julho, a melhor performance entre todas as categorias. Mesmo assim, representam apenas 1% da indústria de fundos como um todo – o que indica o potencial deste mercado.

E engana-se quem pensa que é preciso recorrer a instituições financeiras alternativas ou independentes para investir em fundos desse tipo. O Santander, por exemplo, reconhecido como o banco mais sustentável do mundo pelo Dow Jones em 2019, inclui critérios ESG na avaliação de seus produtos em seus direcionamentos de negócios no Brasil, movimento que se tornou posicionamento global do banco espanhol.

Outras medidas vêm ajudando a consolidar a estratégia de sustentabilidade da instituição financeira também em solo brasileiro. Uma delas foi o pioneirismo na estruturação do primeiro ESG Linked Loan operacionalizado no Brasil, em parceria com a FS Bionergia – maior produtora de etanol exclusivamente de milho no Brasil –, um tipo de financiamento inédito por aqui. Batizado de “Financiamento Verde”, a alternativa oferece diminuição nas taxas de juros a partir do momento que a empresa se compromete com metas de ampliação de impactos ambientais positivos, estrategicamente e intrinsecamente ligado aos negócios.

A filantropia é outra área no radar do banco – o único do país a oferecer assessoria nesse quesito, capaz de apoiar famílias e indivíduos no desenvolvimento do seu legado filantrópico e organizações sociais, hospitais e universidades na constituição de seus fundos patrimoniais. “Há dois anos o Santander estruturou sua oferta de valor para o segmento de endowment e uma atuação mais próxima às famílias com interesse filantrópico, concretizada agora na área de Sustainable Solutions, liderada pela Renata Biselli”, diz Vitor Ohtsuki, diretor do Santander Private Banking.

Para Nigel Green, iniciativas sustentáveis reformulariam o cenário dos investimentos de qualquer jeito, mas, a exemplo do que aconteceu em outras áreas, a pandemia acelerou esse processo. “Os investidores estão cada vez mais conscientes de que é possível – e cada vez mais necessário – obter lucro ao mesmo tempo em que protegemos positiva e proativamente as pessoas e o planeta. E eles tomarão suas decisões após analisarem o impacto social de um setor ou de uma empresa, pois esses critérios ajudam a determinar melhor seu desempenho financeiro futuro ou, em outras palavras, seu risco e retorno”, conclui.

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