Por que paixão não é o principal aspecto da carreira

16 de março de 2018

Em vez de buscar sua paixão, seja apaixonado. Ou, pelo menos, finja até que isso aconteça de verdade (iStock)

O conselho “encontre sua paixão”, quando direcionado à vida profissional, é um dos piores que se pode oferecer. A ideia de que esse é um pré-requisito para a felicidade e realizações na carreira é errada. O pensamento engloba dois mitos prejudiciais sobre a paixão e, como todos os mitos, tem uma essência de verdade.

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O primeiro desses mitos é que se você “fizer o que ama” é bem possível que, em algum momento, torne-se bom o suficiente e, consequentemente, bem pago pelo trabalho. O conselho que se extrai de uma situação como essa é o de não se preocupar com dinheiro enquanto trabalha para crescer profissionalmente, porque o sucesso virá automaticamente depois de um período indeterminado fazendo aquilo que ama. Infelizmente, isso nem sempre é verdade. As pessoas geralmente têm um desempenho melhor nas tarefas que gostam do que teriam naquelas de que não gostam, e alta performance pode levar à compensação financeira. Porém, existem muitas pessoas apaixonadas por coisas que não são tão rentáveis ou que não têm mercado. Além disso, há também muitos empregos nos quais até os profissionais mais habilidosos não são bem remunerados. Ou seja, esse é um conselho que não se adequa à nenhuma dessas duas realidades.

O segundo mito é que se você encontrar e seguir sua paixão, você será muito feliz durante toda a sua vida profissional. “Faça o que você ama e nunca terá que trabalhar!”, afirma o ditado clichê. Muitas carreiras dos sonhos incluem elementos que não são divertidos – pelo contrário, alguns são até bem dolorosos.

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Em vez de buscar sua paixão, seja apaixonado. Ou, pelo menos, finja até que isso aconteça de verdade. Um estudo revelou que sorrir pode fazê-lo feliz mesmo que você não estivesse nesse estado de espírito. Portanto, pare de se preocupar sobre a sua paixão e aprenda a amar seu trabalho.

Quer saber como? Comprometa-se com ele profundamente. Identifique as partes que você mais gosta e trabalhe para se tornar melhor na realização delas. Minimize as tarefas menos agradáveis, mas também aceite que qualquer trabalho – até os melhores – tem deveres, dias e até semanas terríveis. Isso não significa que o funcionário está destinado a uma vida miserável, e, ainda mais importante: não significa que ele deve se demitir para entrar de cabeça em uma busca inútil. Se você não consegue se tornar apaixonado pelo seu emprego atual, tente algumas mudanças sutis, como onde e de que jeito você faz o seu trabalho. Isso pode direcioná-lo a um caminho mais feliz.

Lembre-se de que sua carreira não tem que realizar todas as suas necessidades ou atender a todas as suas expectativas. Você pode desenvolver suas paixões fora do escritório: comece uma família, escreva um livro, abra uma ONG, arrecade dinheiro para caridade, inicie um negócio paralelo ou, até mesmo, entre na política. Claro que algumas das figuras mais famosas, bem-sucedidas e ricas são completamente focadas nas suas paixões, como artistas e atletas. Mas, na maioria das vezes, elas nasceram dessa forma, não “encontraram” a paixão, e suas vidas são cheias de dor, dificuldade e comprometimento. Além disso, existe um número maior de pessoas bem-sucedidas, algumas até famosas e ricas, que chegaram aonde estão ao perseguir uma carreira pela qual se apaixonaram ao longo do tempo.