O movimento #Metoo fez muitas organizações lutarem para descobrir como reduzir o assédio sexual em seus locais de trabalho. Infelizmente, os programas tradicionais de treinamento em prevenção desse tipo de violência não são muito eficientes e, até o momento, não há um método seguro garantido para reduzi-la. A boa notícia é que as “National Academies of Science, Engineering and Medicine” (NASEM) norte-americanas acabaram de completar dois anos de pesquisa sobre o tema e têm algumas sugestões a oferecer.
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A pesquisa de clima
Em seu relatório divulgado em junho, a NASEM propôs várias soluções interessantes e implementáveis para reduzir o assédio. Embora todas as suas recomendações sejam razoáveis, uma se destaca não apenas pelo potencial para reduzir a violência, mas também porque pode ser implementada de maneira fácil e imediata pelas organizações.
A solução que oferece tantas promessas é uma simples pesquisa de clima. “Criar um ambiente que previna o assédio sexual requer, primeiro, uma compreensão clara do ambiente atual e, em seguida, seu acompanhamento ao longo do tempo”, descreve a NASEM no relatório. Em outras palavras, a sugestão é que as organizações estejam cientes do estado atual de assédio sexual em seus ambientes internos e do tipo, caso tenham. Essa solução é facilmente implementável e, na sua forma mais simples, envolve apenas o levantamento regular de funcionários e o questionamento se eles já experimentaram ou presenciaram os tipos de comportamentos expostos em uma lista.
O uso desse tipo de pesquisa de clima alertaria as organizações sobre problemas existentes ou possíveis e, especificamente, sobre a frequência e a natureza do assédio sexual na empresa. A companhia poderia, então, adaptar sua própria resposta aos problemas específicos enfrentados por seus funcionários. Atualmente, as empresas se baseiam em reclamações formais para determinar a extensão do assédio. No entanto, pesquisas indicam que a maioria das vítimas de assédio sexual não faz uma denúncia oficial. Pesquisas de clima dariam às organizações uma avaliação mais precisa do nível e do tipo de assédio sofrido por seus profissionais.
O melhor de tudo é que as organizações poderiam usar os resultados das pesquisas de clima para determinar a eficiência de suas iniciativas para reduzir o assédio. As empresas oferecem treinamentos de prevenção de assédio sexual há décadas e, recentemente, pesquisadores descobriram que a maior parte desse treinamento faz pouco para reduzir esse tipo de violência. A parte triste é que ninguém sabia há anos se o treinamento de prevenção de assédio sexual era eficaz ou não. O feedback das pesquisas sobre clima pode ajudar as organizações a descobrirem o que funciona ou não para reduzir o comportamento.
A improbabilidade do uso dessa ferramenta
Infelizmente, as mesmas pesquisas de clima que podem ajudar a reduzir o assédio também representam um risco significativo de relações públicas e jurídicas para a organização. Suponha, por exemplo, que o relatório indique que a empresa tem muitos casos ou, até mesmo, uma quantidade moderada de assédios. E que os resultados do levantamento tenham vazado para a imprensa. Isso resultaria em um pesadelo de relações públicas.
Além disso, se a pesquisa revelar que os funcionários de uma empresa estão enfrentando problemas de assédio sexual e que ela não está conseguindo erradicá-los, acabará tornando-se legalmente responsável. A justiça pode entender que a organização não está tomando o devido cuidado para evitar e corrigir o problema.