Por que chegou a vez de os introvertidos virarem o jogo

28 de junho de 2019

Não há razão para os introvertidos não conseguirem formar relacionamentos de sucesso no trabalho

Não há razão para os introvertidos não conseguirem formar relacionamentos de sucesso no trabalho

Resumo:

  • A maior parte das organizações desenvolve atividades que, aparentemente, favorecem os extrovertidos, como apresentações e avaliações, mas é preciso que os introvertidos participem delas;
  • De acordo com a autora Devora Zack, o networking permite alcançar o potencial e viabiliza inúmeros objetivos pessoais e profissionais;
  • Segundo ela, é possível que os introvertidos tenham sucesso sem essencialmente mudar sua personalidade, uma vez que a autenticidade gera redes valiosas e resilientes.

Em seu livro “The Art of Quiet Influence” (a arte da influência silenciosa, em tradução livre), Jocelyn Davis fala sobre a importância do mindfulness e sua crescente aceitação nos negócios, mas também aponta a necessidade de ter não apenas uma mente focada, mas a capacidade de aplicá-la na vida profissional diariamente. Para dar esse passo, muitas pessoas introvertidas – como a própria autora – precisam de ajuda extra. “Nós, que naturalmente gravitamos em direção à reflexão, em vez da ação, precisamos de um manual para tirar a atenção da academia e ir para o campo”, ela escreve, acrescentando que o seu livro é “a cartada”.

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Dada a infinidade de outros títulos sobre o tema – como “Quiet”, de Susan Cain, “Introvert Power”, de Laurie Helgoe, e “The Introvert Advantage”, de Marti Olsen Lany, para citar apenas três – parece que essa é uma realidade. Mas, como a vida nos negócios, praticamente em qualquer organização, parece girar em torno de apresentações, avaliações e outras atividades que aparentemente favorecem os extrovertidos, é possível analisar o raciocínio por trás do discurso. Há algo com o intuito de ajudar os introvertidos a se tornarem mais extrovertidos (ou, pelo menos, adotarem algumas de suas características) e ajudar os extrovertidos a entenderem melhor – e apreciarem – os introvertidos. 

Quem também está abordando o assunto é Devora Zack, com uma versão atualizada de seu livro, “Networking For People Who Hate Networking” (networking para pessoas que odeiam networking, em tradução livre). “Este livro não é apenas para introvertidos. Mesmo extrovertidos dedicados podem colher benefícios e aprender novas técnicas. Os extrovertidos também obterão insights sobre a mentalidade dos introvertidos, fazendo com que seus próprios esforços de networking produzam resultados mais fortes”, diz.

Este é um objetivo nobre e válido. No momento em que tanto desenvolvimento gerencial parece ser projetado para criar uma noção padrão do líder ideal, é importante que as organizações valorizem a diversidade genuína do pensamento em vez de se concentrarem demais em questões de raça e gênero. Mas também é certo que os indivíduos, mesmo que sejam introvertidos – e Devora aponta que, segundo pesquisas, as pessoas com essas características existem em maior quantidade do que as extrovertidas – devem assumir parte da responsabilidade.

Daí o incentivo para pessoas que geralmente não se vêem como networkers felizes para participar da atividade. “O networking permite que você atinja seu potencial”, ela escreve. “Pense em um grande objetivo. Você quer encontrar um emprego, ganhar uma promoção, fazer um novo contato, melhorar o mundo, expandir sua influência, vender um produto, fornecer um serviço, escrever um livro, selar um acordo, melhorar a colaboração, construir uma reputação, alcançar o seu sonho, ampliar seus círculos ou desenvolver um negócio? O networking viabilizará a sua meta. Em mais de 20 anos como coach executiva, nunca conheci uma pessoa que não se beneficiasse substancialmente de aprender a se relacionar – à sua própria maneira.”

Ao explicar que o networking é realmente “a arte de construir e manter conexões mutuamente benéficas para resultados positivos compartilhados”, a especialista alega que é possível que um introvertido brilhe sem, essencialmente, mudar sua personalidade. “A autenticidade gera redes valiosas e resilientes”, escreve ela, argumentando que é possível que pessoas tímidas tenham sucesso por serem fiéis a si mesmas e aprenderem a aproveitar ao máximo suas qualidades. “Honrar seu temperamento é o segredo para alcançar seu maior potencial. Passos anteriormente rotulados são agora seus pontos fortes.”

Escrito com um estilo contagiante, o livro é, ao mesmo tempo, um guia de autoajuda altamente prático para uma área central da vida organizacional e um desafio para o pensamento dos introvertidos. Devora desconstrói alguns mitos sobre o que os introvertidos conseguem ou não fazer (essencialmente, da mesma forma que os extrovertidos) e mostra como suas principais características – reflexão, foco e autoconfiança – podem ser utilizadas para uma rede altamente eficaz. Além disso, ela deixa claro quanto da incompreensão dos introvertidos decorre do pensamento tendencioso, como revelado pelas respostas a algumas perguntas simples:

  1. Por que os extrovertidos têm correio de voz? (Para nunca perder uma ligação)
  2. Por que os introvertidos têm correio de voz? (Para nunca atender o telefone).

“Ações idênticas podem surgir de motivações diferentes”, explica Devora . “Este ponto nos lembra que há mais no comportamento do que se vê. Alguns afirmam que observar uma ação é uma prova da motivação do outro. Isso nunca é verdade. As deduções revelam apenas o viés do observador. As razões por trás dos comportamentos revelam intenções.” Julgar os outros, conclui ela, é um desperdício de tempo. Os indivíduos devem se responsabilizar por si mesmos. “Presumir saber o que é certo para todos é um erro de principiante.”

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