Os esforços para retenção de talentos ganham novos ares durante a pandemia. Com todo mundo em casa, sala de descompressão ou upgrade no carro da empresa passam a valer menos do que ganhar um home office novinho em folha, com reforma paga pela empresa. Em vez de um escritório com vista, uma ajuda para comprar o novo apartamento pode ser mais efetivo para melhorar a produtividade.
Essa foi a estratégia da Rupee, fintech de contabilidade do Rio de Janeiro, para conter a alta rotatividade dos funcionários. No primeiro ano da pandemia, sentiram que a quebra de algumas empresas estava aumentando a troca de cadeiras entre os profissionais. Enquanto alguns saíam dos seus postos para buscar uma oportunidade melhor, outros aceitavam posições de forma temporária. Nesse cenário, o CEO, Guilherme Baumworcel, decidiu oferecer algo além do que já existe no mercado. E, com toda a equipe em casa, resolveu acenar com o sonho de quase todo o time: a compra de um imóvel.
A startup passou a oferecer um consórcio imobiliário com carta de crédito de até R$ 100 mil para os funcionários. A ação começou em janeiro e, por conta da adesão total, em agosto passou a incluir os estagiários, somando 37 beneficiados. “Aumentar o salário não é a mesma coisa que aproximá-los do sonho da casa própria”, diz Baumworcel. Hoje, todos os colaboradores da empresa estão inscritos no benefício. No Brasil, o pacote de benefícios é o segundo critério mais importante na hora da escolha de um emprego, atrás apenas da perspectiva de crescimento na carreira. O dado faz parte de um levantamento com 600 executivos c-level feito pelo Guia Salarial 2020, publicado pela consultoria Robert Half.
A rotatividade de funcionários da Rupee diminuiu de 70% para 16% após a adoção do benefício. E, além dos números, a equipe notou a diferença no clima do escritório. “Melhoramos nossa relação com os colaboradores”, conta Baumworcel. O benefício ficou conhecido no mercado e agora a empresa está sendo procurada por outras que querem aderir ao programa. “A criatividade é fundamental para esse momento de crise.”Na ArqExpress, uma plataforma de decoração, os colaboradores ganham uma espécie de extreme makeover de cômodos da casa. Todo mês, um colaborador é escolhido para ter uma parte da casa transformada, incluindo desde a elaboração do projeto até compra dos móveis. A fundadora da plataforma, Renata Pocztaruk, conta que a iniciativa tem o objetivo de bonificar a equipe. Para ela, as empresas que não apostarem em uma gestão humanizada correm o risco de perder seus melhores talentos nesse momento de crise. “Notamos que as pessoas ficaram mais entusiasmadas esperando para ver quem será o próximo sortudo.”
Até agora, o grupo reformou 10 casas diferentes, tendo investido, em média, R$ 25 mil por ação. O plano é para que as reformas se estendam até 2026, quando todos os funcionários já terão alguma área de sua casa imóvel reformada. Além disso, a escolha do benefício-moradia teve outra estratégia: promover a sensação de segurança e estabilidade para o time através de uma moradia mais confortável. “Pessoas felizes e satisfeitas trabalham melhor”.
Mercado imobiliário também está de olho no benefício
Para o mercado imobiliário, essas vantagens corporativas passaram a ser vistas como oportunidade de novos produtos. A Housi, empresa de moradia por assinatura, resolveu oferecer os próprios serviços como benefício empresarial. A ideia é que o valor gasto em vale-transporte pelos clientes seja destinado a cobrir parte das despesas da locação de um apartamento para seus funcionários.
Há apartamentos mobiliados e prontos para quem faz home office e o processo de locação é 100% digital. Para os profissionais que já voltaram à empresa em regime presencial, a proposta é oferecer um imóvel que fique próximo ao escritório. “Morar bem significa viver melhor e produzir mais”, diz o CEO da empresa, Alexandre Frankel.
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