Como ter uma grande ideia: 5 dicas de um ganhador do Prêmio Nobel

13 de agosto de 2022
TT News Agency/AFP via Getty Images

O professor de medicina e ganhador do Prêmio Nobel de 2019, William G. Kaelin Jr., recebendo o prêmio do rei da Suécia

Ao contrário do que dizem as lendas sobre ideias brilhantes simplesmente caírem das árvores como maçãs, grandes inovadores não ficam sentados ou andando sem rumo esperando que a inspiração os atinja na cabeça. A casualidade é real, assim como as ideias que vêm como um estalo no chuveiro, mas os inovadores de maior sucesso trabalham ativamente para aumentar suas chances de fazer descobertas importantes.

Seja escolhendo tópicos até então pouco explorados, selecionando problemas importantes, mapeando novos territórios ou aproveitando habilidades prévias, eles têm o dom de se colocar no lugar certo na hora certa.

Em uma conversa recente com William G. Kaelin Jr., ganhador do Prêmio Nobel de 2019 e professor da Faculdade de Medicina de Harvard e do Instituto de Câncer Dana-Farber, ele compartilhou isto: “Quando eu era menino, meu pai gostava de pescar. E eu aprendi que uma das decisões mais importantes que um pescador toma é onde pescar. Da mesma forma, quando você é um cientista, uma das decisões mais importantes que você toma é com o que trabalhar.”

O trabalho do Dr. Kaelin revelou o mecanismo que permite que as células percebam e se adaptem às mudanças nos níveis de oxigênio, que são um bom presságio para novos tratamentos para câncer, anemia e outras doenças.

Nessa ideia de encontrar o lugar certo para pescar estão uma série de decisões conscientes e inconscientes que grandes mentes como a do Dr. Kaelin fazem todos os dias.

Aqui estão cinco lições para nos ajudar a ter boas e desbloquear uma mente mais inovadora.

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1. Encontre um problema importante

Se você quer grandes inovações, geralmente precisa lidar com problemas grandes (ou frequentes). Corrigir um processo que falha uma em cada dez mil vezes não vai atrair tanto apoio ou atenção quanto resolver um problema que ocorre todos os dias.

Então por que o Dr. Kaelin concentrou seu trabalho na rara doença de von Hippel-Lindau? Ele percebeu que “a maioria dos exemplos em que tivemos vislumbres fascinantes sobre a causa de um câncer envolvia cânceres que eram epidemiologicamente muito raros. Mas ficou claro que se nós íamos contribuir para reduzir a mortalidade por câncer, teríamos que começar a progredir em um dos dez principais cânceres em termos de incidência. E sabendo que a doença de von Hippel-Lindau deu origem a vários tipos de câncer, incluindo de rim, um dos mais comuns, por que não trabalhar em um câncer comum em vez de um câncer raro?”

O foco dele era alcançar o máximo de benefícios para um grande número de pacientes. Mas há outro benefício em sua estratégia: financiamento.

Embora a maioria de nós não esteja trabalhando para curar o câncer ou outras doenças, o apoio e o financiamento não são imutáveis. Os orçamentos são cortados, os apoiadores são transferidos e as prioridades corporativas mudam. Embora esses choques nem sempre sejam fáceis de prever, algumas áreas resistem aos cortes melhor do que outras.

Uma rápida olhada nas prioridades financeiras de uma empresa nos últimos anos geralmente fornece algumas pistas rápidas sobre o que elas valorizam ou não. Não estou sugerindo que você evite trabalhar com questões menos populares, mas que pelo menos esteja ciente dos desafios.

2. Explore algo novo

Uma marca registrada dos grandes inovadores é sua preferência por resolver novos problemas. Eles são muito mais propensos a seguir a estrada menos percorrida, preferindo mapear novos territórios a detalhar mapas já existentes.
Um tema comum entre grandes inovadores é a paixão por resolver quebra-cabeças. E, para muitos cientistas, inovadores e inventores, eles são o combustível que impulsiona sua resiliência à medida que enfrentam frustrações e contratempos.

3. Aproveite suas experiências prévias

Usar as habilidades que você já tem é uma ótima maneira de maximizar a velocidade e o tamanho das suas inovações e ideias. “Se você olhar para os experimentos que levaram ao prêmio Nobel, não precisávamos de um grande avanço técnico. Adicionamos pequenas coisas, mas as tecnologias de que precisávamos para resolver o quebra-cabeça já estavam disponíveis.”

Você também pode buscar novas habilidades, mas por que não tentar trabalhar com o que você já tem? As primeiras aplicações do Teflon, por exemplo, foram militares, incluindo em fusíveis de artilharia. E agora, esse mesmo material reveste grande parte de nossos utensílios de cozinha.

4. Vá fundo no assunto

Se você chamar alguém de reducionista, a pessoa pode entender isso como um insulto. Mas para cientistas e inovadores em geral, essa palavra tem um significado muito mais sutil. Em sua forma mais simples, significa apenas reduzir as explicações às menores entidades possíveis.

A ideia é desmontar as coisas, dissecar um problema até suas menores entidades e descobrir a essência de uma questão difícil. Essa abordagem é especialmente útil quando os inovadores estão inundados de dados e das mais recentes tecnologias de ponta. Já é difícil gerar inovações brilhantes. Ironicamente, esse problema às vezes pode se tornar mais difícil quando somos confrontados com uma quantidade insuperável de dados e de novas tecnologias que correm o risco de desviar nossa atenção sem fornecer uma visão mais profunda. Muitas pessoas têm informações, mas poucas têm insights.

5. Dê uma chance para o inesperado

Muitas grandes inovações não são facilmente previsíveis. Na verdade, é provável que a maioria não seja. Se você realmente deseja aumentar suas chances de descobertas revolucionárias, o Dr. Kaelin recomenda fortemente que você “siga as descobertas inesperadas, porque é aí que surgem descobertas verdadeiramente transformadoras”.

“Muitos dos avanços recentes com os quais estou mais empolgado não eram inicialmente previsíveis. Mas algum cientista dedicou tempo a isso e confiou no seu instinto e curiosidade e descobriu algo que acabou sendo incrivelmente útil.”

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