A maioria dos anúncios de emprego informa o título do cargo, a experiência exigida pelos empregadores e as responsabilidades da função, mas deixa de fora a informação mais essencial: o salário.
Mas isso está prestes a mudar, de acordo com uma nova pesquisa que descobriu que novos empregadores planejam divulgar publicamente faixas salariais nos próximos anúncios de emprego, seguindo uma série de leis estaduais e locais que agora obrigam essas divulgações.
Uma pesquisa com cerca de 400 empregadores feita pela empresa de consultoria WTW, anteriormente conhecida como Willis Towers Watson, descobriu que apenas 17% dizem que atualmente publicam faixas salariais quando não há uma exigência legal para isso, mas outros 62% dizem que estão planejando ou considerando adicionar faixas salariais a anúncios de emprego, mesmo em lugares onde isso não é exigido por lei.
“No início do próximo ano, os candidato provavelmente verão um mundo totalmente novo em termos de anúncios de emprego – onde eles poderão ver quanto o trabalho paga antes mesmo de terem que passar por uma inscrição ou entrevista”, diz Christine Hendrickson, vice-presidente de iniciativas estratégicas da Syndio, que realiza análises de equidade salarial para corporações.
Ela aponta que muitos estados populosos nos EUA e grandes localidades têm projetos de lei nesse sentido ou leis que entrarão em vigor nos próximos meses. No final do mês passado, a legislatura da Califórnia aprovou um projeto que pode ser assinado ou vetado pelo governador até o fim de setembro. Ele exigirá que os empregadores com 15 ou mais trabalhadores incluam a tabela salarial nos anúncios de emprego, além de fornecer informações semelhantes aos funcionários. E, para empresas com mais de 100 funcionários, enviar um relatório de pagamento ao estado que inclua o salário médio e as taxas por raça, gênero e etnia.
A partir de 1º de novembro, os empregadores que contratarem candidatos na cidade de Nova York terão que incluir informações salariais nos anúncios de emprego e, no início do próximo ano, o estado de Washington terá uma exigência semelhante.
O Colorado foi o primeiro a aprovar uma lei nesse sentido, em 2019, e ela entrou em vigor no início de 2021. Os governos locais de Ithaca, NY, Westchester County, NY e Jersey City, NJ aprovaram medidas parecidas.
A nova lei de Washington foi o catalisador mais provável para a Microsoft anunciar em junho que divulgaria faixas salariais em todos os anúncios de emprego internos e externos nos EUA até janeiro de 2023. Depois que a empresa disse em um post no seu blog que adicionaria a “melhor prática” de se comprometer a divulgar publicamente as faixas salariais até janeiro, muitos previram que outras companhias seguiriam o movimento da líder da tecnologia.
Para empregadores nacionais ou de vários estados, ter uma colcha de retalhos de políticas entre diferentes locais pode tornar as coisas muito complexas, dizem especialistas em recursos humanos, estabelecendo regras distintas para diferentes estados e acesso desigual à informação para funcionários que moram em locais que não têm leis em vigor.
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Mariann Madden, que lidera a prática de pagamentos justos da WTW para a América do Norte, compara o crescente interesse em adotar essa política com a forma como os empregadores responderam depois que vários estados aprovaram proibições de perguntar aos candidatos sobre seu histórico salarial.
Espera-se que a nova lei na Califórnia tenha um grande impacto. “É a quinta maior economia do mundo”, diz Hendrickson. O estado de Nova York também tem uma legislação em andamento, e tanto Hendrickson quanto Madden esperam que mais jurisdições locais trabalhem esse tipo de lei.
É claro que alguns empregadores não estão prontos para revelar esses números ao mundo, seja devido a preocupações de que não estão pagando no nível dos concorrentes, falta de clareza interna sobre como os empregos são pagos ou, mais provavelmente, preocupações com a equidade salarial e como isso seria recebido pelos funcionários se compartilhadas publicamente. Quase metade das organizações citou as reações das pessoas como uma razão pela qual eles estavam retendo a comunicação sobre o pagamento, e um quarto apontou a falta de clareza em relação a cargos e salários como motivos para não expor essas informações.
Mas os especialistas em recursos humanos preveem que não conseguirão se segurar por muito tempo, graças à mudança nas normas e expectativas dos funcionários em relação à transparência salarial. “Os empregadores precisam assumir essa narrativa porque é caótico ter informações incorretas circulando”, diz Hendrickson. “Os empregadores estão percebendo que meias verdades e informações parciais não são boas para eles e criam muito mais complicações do que soluções.”
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