A Microsoft disse na quarta (8) que incluirá faixas salariais em todos os seus anúncios de empregos nos Estados Unidos. Esse movimento deverá ser seguido por uma série de outras grandes corporações, segundo especialistas, já que a competição por talentos continua alta.
Em uma postagem em seu blog, a Microsoft disse que divulgaria as faixas salariais em todas as vagas internas e externas dos EUA até janeiro de 2023. Essa data é quando o estado de Washington, onde a sede da Microsoft está localizada, começará a exigir que empregadores com pelo menos 15 funcionários divulguem faixas salariais para cada cargo. A lei abrange apenas o estado, mas a iniciativa da Microsoft será aplicada em todo o país.
A Microsoft é considerada uma referência entre as grandes empresas para práticas de emprego, e provavelmente será imitada por outros grandes empregadores. “Conheço várias grandes multinacionais que estão prestes a divulgar que farão o mesmo”, diz Christine Hendrickson, ex-sócia do escritório de advocacia internacional Seyfarth Shaw e atual vice-presidente de iniciativas estratégicas da Syndio, que realiza análises salariais para grandes corporações . “Algumas empresas divulgaram essas informações internamente, mas a Microsoft está na vanguarda ao incluir isso em todos os anúncios de emprego externos”, afirma.
As mudanças podem não atingir as grandes empresas imediatamente. Muitos empregadores não gostam de compartilhar dados de pagamento, que historicamente são mantidos em segredo. As leis em algumas outras jurisdições que exigem a divulgação de faixas salariais – agora são seis, incluindo a cidade de Nova York – ainda não entraram em vigor, e os empregadores já pressionaram para adiar a prática.
Mas à medida que as expectativas dos funcionários sobre a transparência salarial aumentam e o número de lugares onde as leis foram aprovadas cresce – o Colorado tem uma e tanto a Califórnia quanto o estado de Nova York têm projetos semelhantes pendentes – mais empregadores podem adotar a prática em vez de combatê-la. “Quando as empresas começarem a agir, outras virão em breve. Haverá mais pressão para também sermos transparentes para conquistar talentos”, diz Hendrickson.
Especialistas em pagamento já previam que as empresas não gostariam de manter práticas distintas em diferentes estados. Fazer isso não apenas complica as condutas de contratação dos departamentos de recursos humanos, mas também significa um acesso desigual às informações para funcionários que vivem em estados com leis diferentes.
Como resultado, especialistas em remuneração dizem que os empregadores que fizeram o trabalho de auditar suas escalas salariais e garantir que as pessoas sejam pagas igualmente provavelmente serão os primeiros a adotar a prática em nível nacional, enquanto aqueles que não o fizeram podem ser mais lentos.
Em seu post, a Microsoft fez referência a uma outra decisão, tomada há vários anos, de proibir perguntas aos candidatos a emprego sobre seus históricos salariais. Essa prática, que muitas empresas adotaram, também seguiu leis em vários estados e cidades que, se não fossem adotadas nacionalmente, teriam criado uma colcha de retalhos de políticas, além de dores de cabeça administrativas.
Estar entre os primeiros pode ser uma vantagem para a Microsoft. Uma série de empregadores menores, como a empresa de tecnologia Textio, já divulgam faixas salariais em todas as listas de empregos, mas Hendrickson não conseguia pensar em outras multinacionais globais do tamanho da Microsoft que fizeram anúncios semelhantes. “Há um prêmio para quem é o primeiro”, diz ela. “Eles ganham confiança em um mercado de trabalho muito competitivo.”
O post da Microsoft também dizia que a empresa estava removendo cláusulas de não concorrência de seus acordos de funcionários nos EUA. A multinacional também não aplicará cláusulas existentes no país, com exceção de executivos em cargos de liderança sênior, além de fazer algumas alterações em seus acordos de rescisão. A fabricante de software também disse que contrataria uma empresa externa para fazer uma auditoria de direitos civis de suas políticas e práticas de força de trabalho.
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