A frase foi de um empresário entre os mais bem-sucedidos do país, dita para mim numa entrevista. Na mesma semana, o tema surgiu também em uma discussão do curso de direção geral que estou fazendo. O professor perguntou: “É preciso levar ou não a emoção em conta?”. O contexto era uma tomada de decisão nada óbvia em um dilema empresarial no caso que estudávamos. Lembrei do que havia ouvido recentemente e levantei a mão: “Sim, a emoção é fundamental”.
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Mas aprendi também a usar a minha intensidade para, justamente, manter viva a alma do negócio. Principalmente diante de dilemas que a razão não resolve — e que fazem parte da vida de qualquer líder —, as emoções são valiosas aliadas. Não para serem seguidas cegamente, mas para serem ouvidas e consideradas, como alguém de confiança que tem autoridade e suas razões para opinar na discussão.
Sugiro um tratamento das emoções em quatro passos, quando elas nos acometem em momentos profissionais decisivos.
1. Observe-as sem julgamento. O que você está sentindo? Sabe quando o estômago fala? Ou você sente o corpo aquecer, os batimentos cardíacos acelerarem, uma leve sudorese tomar conta do corpo? Pode até vir uma vontade de chorar fora de hora. Dê nome ao que está sentindo. Indignação? Raiva? Desapontamento? Frustração? Faça uma leitura de si, de como sua mente reage às interações e fatores extrínsecos.
3. Pondere e tome decisões racionais (na maior parte das vezes). Se as emoções ocupam seu lugar, você fica livre para levá-las em conta ao lado de outras variáveis. A partir da razão, analisará as emoções e chegará a uma escolha pensada. Ela pode até ser seguir seu coração, com todos os riscos que isso envolve, mas você não estará simplesmente agindo no impulso.
4. Quando a emoção falar alto demais, não a interrompa. Talvez seja o momento de ela assumir o protagonismo. Praticando os passos anteriores, percebo que, em alguns momentos, a emoção vem mais forte, como alguém que pede a palavra em uma reunião, com tamanha ênfase e determinação que, ao redor, o grupo silencia. São momentos que parecem mágicos. Como cenas finais de filmes de tribunais, em que o réu resolve ir contra os conselhos dos advogados e fala com o coração. Nessas horas, gosto de confiar e entregar.
Certa vez um cliente me ligou tarde da noite para dizer que atendeu a um telefonema da imprensa apesar de não ter consultado ninguém da equipe de comunicação que trabalhava com ele — da qual eu fazia parte. Apenas seguiu seu coração. E confiou no jornalista, em meio a eventos que o colocavam numa situação vulnerável naquele momento. “E agora, o que você acha?”, me perguntou. “Eu acho que nunca teria lhe dado esse conselho, porque seria racionalmente irresponsável da minha parte. Mas acredito que vai dar tudo certo. Porque você sentiu que era isso o que precisava fazer e confiou. E eu confio em você”. Naquele momento, como em tantos outros que vivi ou presenciei, o resultado foi melhor do que qualquer plano bem elaborado poderia prever.
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