A grande pressão do mercado por mais executivas mulheres é um dos possíveis fatores que explicam esse movimento, segundo Rafael Ricarte, líder de inovação e produtos de carreira da Mercer. “O apetite das empresas para contratar mulheres em níveis executivos têm crescido, e isso provoca a rotatividade.”
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O estudo com foco em remuneração tem 862 empresas participantes, mais de 1 milhão de funcionários e em torno de 6 mil cargos. Confira os principais insights:
Grande renúncia
Salvador chama a atenção para os sinais de “great resignation”, movimento que ficou conhecido principalmente nos Estados Unidos e entre os jovens e que se refere à onda de pessoas deixando o emprego atual buscando melhores condições, inclusive em relação à vida pessoal. “O jovem que está começando o trabalho já quer nascer híbrido, com flexibilidade e os mais seniores querem puxar as pessoas para o escritório.”
Motivos do turnover
Estes são os principais motivos de demissão voluntária:
- 77% Salário atual ou aumento maior em outra empresa
- 55% Motivos pessoais
- 40% Sair para uma função diferente no mesmo setor
- 36% Esgotamento e/ou exaustão
- 31% Desacordo entre o trabalho flexível desejado e a política da empresa
- 28% Sair para um setor diferente
- 25% Melhores benefícios em outra empresa
- 23% Aposentadoria
- 18% Insatisfação ou desacordo com a cultura e as políticas da empresa
- 16% Realocações
Incentivos financeiros para atrair e reter talentos
Nesse cenário, as empresas começam a oferecer incentivos para atrair e reter os funcionários, como estes:
- 47% Oferecer salário acima do mercado
- 38% Oferecer bônus de retenção
- 33% Implementar ou aumentar os prêmios de reconhecimento
- 22% Aumentar as metas ou pagamentos de incentivos existentes
- 19% Implementar novos planos de incentivo
- 7% Implementar novos subsídios ou pré-requisitos
Trabalho híbrido
Apesar de já ser considerado o novo normal em grandes organizações, muitas empresas ainda fecham os olhos para o trabalho híbrido. “Por incrível que pareça esse tema ainda assombra as empresas. 6 em cada 10 ainda não perguntam para os seus funcionários como eles estão lidando com o assunto e o que que eles querem fazer.”
Apesar de a flexibilidade ser um imperativo para muitos profissionais, apenas 2% das empresas oferecem benefícios flexíveis (como assistência médica, vale refeição, seguro de vida, previdência, entre outros). Mas 48% dizem ter interesse em implementar.
Talentos tech
Hoje, quase todas as empresas precisam de profissionais de tecnologia, e a escassez de mão de obra cria um cenário de competição por talentos tech.
O turnover voluntário nas carreiras tech é de 20% e o involuntário é 14%. Os principais motivos, além do salário, são o pacote de benefícios, oportunidades de carreira, razões pessoais (em empresas nativas digitais) e busca por trabalho flexível (em empresas tradicionais).
Para atrair esses talentos, as empresas precisam de remuneração e pacote de benefícios competitivos e oferecer flexibilidade e espaço para crescer na carreira. A pesquisa mostra que a remuneração total em dinheiro dos executivos em áreas de tecnologia foi a que mais cresceu (31%). “O setor de alta tecnologia tem estratégias e modelos de remuneração mais agressivos porque é essencial para o futuro e, na prática, todas as empresas estão se transformando em empresas de tecnologia.”
ESG
Também se destaca o novo profissional de ESG, que aparece com carreira gerencial e chega no top 10 de remuneração. “ESG é o novo digital. Quem não olhar as questões ambientais, sociais e de governança vai estar fora do mercado”, diz Ricarte. Segundo ele, não é greenwashing – usar questões ambientais como forma de marketing –, mas sim uma área de investimento das empresas e que já aparece com posições específicas.
Mulheres no mercado de trabalho
Executivas recém-admitidas entram ganhando 19% a menos que seus pares masculinos e as que já estão na empresa ganham 34% a menos. “Começamos a ver sinais de melhora na remuneração por gênero, mas ainda há um gap muito grande entre homens e mulheres”, diz Salvador.
No setor de tecnologia, as mulheres representam apenas 30% dos profissionais. Os setores de agro, alta tecnologia, bens de consumo e ciências da vida tiveram aumento no número de mulheres na base, enquanto os de energia e varejo tiveram uma queda. Em todos os setores, exceto o de energia, o gênero feminino teve aumento da remuneração. “Mas quando comparado com o masculino a remuneração ainda é menor”, diz Carolina Zillig, líder de workforce products da Mercer.
Gerações
Profissionais 50+ ainda são 1% dos contratados, e principalmente para cargos em nível técnico e operacional. Mas isso pode mudar com as recentes movimentações das empresas para incluir esse grupo no mercado. “O mercado prateado, 50 e 60+, está começando a entrar em evidência, até porque a população está envelhecendo e a gente tem que buscar talentos que já se provaram.”