Enquanto em janeiro de 2022 existiam 24 mil vagas abertas para os 25 cargos de tecnologia em alta, no mesmo período de 2023 há 33 mil,, um aumento de 38%, segundo um estudo realizado pela plataforma de inteligência de vendas Cortex a pedido da Forbes Brasil. “Como é um setor pautado pela inovação e viabilização de projetos, existe uma demanda constante”, diz Marcio Gropillo, que lidera a área de professional search da Korn Ferry no Brasil.
Entre as 25 profissões em alta em 2023, segundo o LinkedIn, pelo menos 10 são de tecnologia. Assim como 8 dos 10 “melhores empregos” nos EUA este ano, de acordo com a lista anual do site de busca de empregos Indeed. “A demanda por profissionais de tecnologia é grande no Brasil, assim como em outras partes do mundo”, diz Priscila Magalhães, gerente de recrutamento e seleção da divisão de tecnologias da Randstad Brasil.
Mas há outras explicações para as recentes demissões em massa. “Ajustes financeiros e pós aquisições, fusões e separações, redução de investimentos e oxigenação de times, mantendo os melhores profissionais nos seus quadros”, diz Gropillo.
Confira algumas das profissões da área tech mais buscadas pelos empregadores em 2022 e 2023, segundo o levantamento da Cortex, e a quantidade de vagas ofertadas.
Top 15 certificações mais buscadas no mercado de TI
2. VMware Certified Professional for Cloud Management and Automation (VMware VCP-CMA)
3. Project Management Professional (PMP)
4. Control Objectives for Information and related Techonology (COBIT 5)
5. CompTIA
6. CCNP Data Center
7. Certified Information Systems Security Professional (CISSP)
8. Certified Information Security Manager (CISM)
9. AWS Certified Solutions Architect (Associate)
10. Microsoft Certified Solutions Associate (MCSA)
11. Linux Professional Institute LPIC; LPIC-1; LPIC-2; LPIC-3 300
12. TERRA
13. Security Certification and Training (CCIE)
14. Certified Associate in Project Management (CAPM)
15. Microsoft Certified Solutions Expert (MCSE)
Salários em tech
Segundo a análise da Cortex, no Brasil, mais de 80% das vagas para profissionais de TI se concentram na faixa salarial que vai de R$ 1.500 a R$ 5.000, e contemplam atividades em níveis iniciais, como estágio e júnior. Já para a faixa de R$ 5.000,01 a R$ 10.000, há 9% das vagas.
Há mais de 2.300 oportunidades que oferecem salários superiores a R$ 20.000, o que corresponde a 3,5% do total de vagas no país, principalmente em São Paulo e no Rio Grande do Sul que, juntos, somam mais de 1.600 vagas.
>> Veja também: Salários em TI: quanto ganham os profissionais que atuam no mercado
Os salários no setor têm sido inflacionados nos últimos anos devido à alta demanda. “Os salários estão altos até para as posições de entrada, como programador júnior, por exemplo”, diz Magalhães, da Randstad, que também destaca a disputa com o mercado internacional e a oportunidade de trabalhar de qualquer lugar. “Acredito que os salários continuarão atrativos, mas estarão mais condizentes com os cargos.”
Os cargos em tecnologia continuam em alta, e o mercado ainda não tem profissionais qualificados o suficiente – o déficit de gente em TI no Brasil deve chegar a 800 mil pessoas em 2025, segundo a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais. Para suprir essa demanda, é preciso abrir mão de certos pré-requisitos. “A exigência de nível superior muitas vezes se restringe a cargos seniores. Para os cargos iniciantes, são contratados também profissionais que fizeram cursos livres ou que migraram de outras áreas”, diz Magalhães.
Para além dos salários, o cenário de necessidade de profissionais de TI e déficit de pessoas qualificadas também contribui para que os empregadores tenham que batalhar por esses talentos oferecendo benefícios como flexibilidade, autonomia, protagonismo de carreira, qualidade de vida, projetos significativos e possibilidade de uma relação a longo prazo. “O desafio não é só encontrar os talentos, mas também retê-los”, diz Magalhães.
Quem está contratando
Para o líder de professional search da Korn Ferry, os setores com maior probabilidade de reabsorver os profissionais de tecnologia demitidos serão:
- X-techs, como fintechs, insurtechs e agrotechs (startups voltadas para os setores financeiros, de seguros e agro);
- mercado financeiro;
- indústrias focadas em inovação e renovação de produtos e serviços;
- utilities (água, eletricidade, gás) e telecom;
- varejo e serviços;
- logística;
- healthcare e saúde.
O que ainda não se sabe é quantos dos profissionais impactados pelos cortes já se recolocaram. “O mercado está bem aquecido, pois os movimentos de demissão em massa também criam espaços nas empresas”, diz Gropillo. Os layoffs podem indicar um cenário de alerta e reacomodação do setor, mas a tecnologia continua tendo oportunidades de carreira e bons salários.