CEO, CTO, CFO e outros cargos executivos já fazem parte do beabá corporativo, mas há sempre cargos com nomes pouco autoexplicativos, um movimento impulsionado pela pandemia. “As organizações estão descobrindo que é necessário criar funções com foco específico para repensar sobre esse novo mundo do trabalho”, diz Shannon Hardy, vice-presidente de trabalho flexível do LinkedIn.
Cargos como business development guru, chief inspiration officer e chief visionary officer aparecem especialmente em grandes empresas, com nomes interessantes e salários idem, que podem passar de R$ 1 milhão ao ano. Ana Carla Guimarães, managing director de executive search na consultoria Robert Half, não encara esse movimento como uma manobra de marketing. “São posições que não olham somente para o público interno. Há também o olhar externo na criação de novos produtos, no aprimoramento da experiência com o cliente e no fortalecimento de imagem, por exemplo.”
Veja aqui algumas delas e o que fazem esses profissionais.
1. ZEO
A gigante de comunicação Edelman anunciou no ano passado sua primeira “ZEO”, responsável pelo Gen Z Lab, hub dedicado a insights geracionais da empresa. A ideia é reunir perspectivas baseadas em dados para entender a Geração Z e aconselhar clientes que buscam engajar consumidores nesse perfil. Um executivo especializado em jovens, basicamente.
2. Chief remote officer e chief hybrid officer
Com muitas profissões aderindo ao trabalho remoto durante a pandemia e, hoje, seguindo com o regime híbrido, os novos cargos de chief remote officer e chief hybrid officer ficaram responsáveis por repensar as dinâmicas de trabalho que fazem parte desse novo modelo.
Os modelos de trabalho remoto e híbrido trazem desafios que esse profissional deve gerenciar na organização, como manter a cultura, o engajamento e a produtividade vivos, ainda que à distância. Empresas como Facebook e Twitter têm heads de trabalho remoto e a Microsoft anunciou sua primeira chief hybrid officer no ano passado.
3. Chief innovation evangelist
Google, Tata Consultancy Services, Deutsche Telekom, maior companhia de telecomunicações da Alemanha, entre outras grandes empresas de tecnologia, têm profissionais responsáveis por atuar quase como embaixadores daquela companhia ou do seu produto. “Evangelizar significa simplesmente compartilhar as ‘boas novas’, diz o primeiro e ex-chief innovation evangelist do Google, Frederik Pferdt. Nos negócios, isso significa que o profissional promove as características positivas de um produto ou serviço para aumentar a base de clientes da empresa. O termo provavelmente foi cunhado por Guy Kawasaki, um dos maiores especialistas em tecnologia e marketing, que foi chief evangelist da Apple e hoje ocupa o cargo no Canva. O salário desses profissionais nos EUA é, em média, de US$ 242 mil (R$ 1,2 milhão) por ano, segundo o Glassdoor.
4. Chief future of work officer
Na mesma linha dos chefes de trabalho remoto e híbrido, o chefe do futuro do trabalho vem para endereçar todos os temas relacionados a esse assunto – trabalho flexível, jornada reduzida, metaverso, entre outros. A Unilever tem uma diretora global de futuro do trabalho, Morag Lynagh. Ela liderou o programa U-Work desde o piloto, e dá aos funcionários a flexibilidade de cargos temporários, a “gig economy”, mas com benefícios semelhantes aos de empregos permanentes.
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5. Chief happiness officer
O diretor ou gestor de felicidade é uma das profissões do futuro que já começam a ficar comum em grandes empresas, com a pauta de valorização do bem-estar e do equilíbrio entre vida pessoal e profissional ganhando força no mundo corporativo. O CHO é responsável por inspirar e treinar líderes, gerentes e supervisores para aumentar a felicidade dos funcionários no ambiente de trabalho, avaliando todos os aspectos da vida e das necessidades pessoais e profissionais das pessoas.
Essa posição já pode ser encontrada em grandes empresas e nas atribuições de profissionais da área de RH. Nos EUA, eles ganham uma média de US$ 137 mil (R$ 711 mil) por ano, segundo o site de empregos Glassdoor. Empresas como Coca Cola, Unilever, Tiktok e Siemens têm CHOs, e, no Brasil, Google, Tecfil, Itáu e Ri Happy têm cargos semelhantes. Desde 2020, o Instituto Feliciência, um centro de formação de bem-estar, trouxe a certificação Chief Happiness Officer para o Brasil.