Na última onda de pedidos de retorno aos escritórios, o CEO da Disney, Bob Iger, exigiu que os funcionários voltassem pelo menos quatro dias por semana a partir deste mês. Suas razões são parecidas com as do CEO da Apple, Tim Cook, que também impôs algo do tipo aos funcionários da gigante de tecnologia – que responderam com uma petição contra essa política. Para ambos os CEOs, o trabalho presencial é essencial para a inovação e a colaboração.
Mas enquanto líderes continuam a pedir o retorno ao escritório, novos dados mostram que políticas de trabalho flexíveis – onde o trabalho remoto é bem-vindo e os funcionários também têm a possibilidade de ir ao escritório – estão funcionando.
Funcionários com modelos de trabalho flexíveis entrevistados pelo Future Forum, consórcio do Slack focado no futuro do trabalho, tinham 57% mais chances de dizer que a cultura da empresa melhorou nos últimos dois anos em comparação com pessoas que trabalham 100% presencialmente. E eles citaram políticas de trabalho flexíveis como a principal razão para isso.
Mas os modelos de trabalho flexível e híbrido não servem para todos da mesma forma. As empresas que estão experimentando, em vez de retornar aos modelos pré-pandêmicos, estão tendo sucesso, diz Sheela Subramanian, cofundadora e vice-presidente do Future Forum do Slack.
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“Estamos esquecendo que este não é o fim de um grande experimento. Ainda estamos no meio disso. E aqueles que dizem: ‘Acabou. Estamos voltando a como as coisas costumavam ser’, estão tendo muita resistência dos seus funcionários.”
O Future Forum entrevistou mais de 10 mil trabalhadores globais em tempo integral desde seu lançamento em 2020. E entre 16 de novembro e 22 de dezembro de 2022, entrevistaram 10.243 funcionários.
67% disseram preferir um modelo de trabalho híbrido com acesso a um espaço de trabalho físico. Mas quando se trata de oferecer políticas de trabalho flexíveis, os executivos estão mais preocupados com o envolvimento dos funcionários, cultura da empresa, produtividade e inovação, diz Kate Lister, presidente da empresa de pesquisas Global Workplace Analytics.
25% dos executivos da pesquisa do Future Forum disseram que “a cultura é impactada negativamente” como uma das principais preocupações em oferecer mais flexibilidade para os funcionários.
No entanto, em comparação com os 35% de funcionários que estão 100% no escritório, profissionais em modelos de trabalho flexíveis têm igual ou maior probabilidade de se sentirem conectados às suas equipes diretas e aos valores da empresa, constatou a pesquisa.
“[Os chefes] estão percebendo que, se quiserem manter seu pessoal, terão que abrir mão [do presencial]”, diz Lister. “Mesmo aqueles que são muito contra, como Elon Musk, estão vendo o potencial do trabalho remoto para reduzir drasticamente o espaço de seus escritórios”.
Conexões em um mundo de trabalho híbrido
Na SymphonyAI, a empresa de IA corporativa está encontrando maneiras de garantir que, quando os funcionários estiverem no escritório, “ele seja produtivo para o que foi planejado para trazê-los ao escritório”, diz a diretora de recursos humanos Jennifer Trzepacz. Como? Eles estão normalizando avisos “no escritório” em vez de apenas avisos com “fora do escritório”. “Sabe como recebemos avisos que dizem ‘estou fora do escritório, não estou disponível’? Queremos colocar ‘Estou no escritório; Não estou disponível.’”
Três quartos dos participantes do Future Forum disseram que usam o escritório para encontrar colegas de trabalho e clientes, facilitando reuniões pessoais e criando vínculos, enquanto 15% disseram que vão para ter um espaço tranquilo para se concentrar no trabalho.
Lister diz que os modelos de trabalho híbridos “sempre levaram a um maior engajamento do que totalmente remoto ou totalmente no escritório”.
“[Os funcionários] dizem que a cultura melhorou durante a pandemia porque eles sentiram que foram ouvidos e mais confiáveis. E isso começou a desaparecer depois de 2021.”
Agora, as empresas estão redefinindo a cultura, investindo em novas formas de criar conexões em um mundo híbrido, diz Subramanian.
“Os executivos mais bem-sucedidos são aqueles que estabelecem as barreiras gerais em termos do que gostariam de ver”, diz Subramanian. “E então eles estão saindo do caminho.”
(traduzido por Fernanda de Almeida)