O mais recente relatório Workforce Confidence Index do LinkedIn sobre trabalho remoto mostra que esse modelo está ficando mais popular, com cada vez mais empresas reconhecendo seus benefícios. Nos últimos dois meses, a preferência pelo trabalho remoto voltou a aumentar e chegou à porcentagem de 28%. Os resultados da pesquisa – que é disparada para usuários norte-americanos do LinkedIn por email a cada duas semanas e tem cerca de 3 a 5 mil respondentes a cada edição – são uma indicação clara de que o crescente retorno ao regime presencial pode estar se estabilizando. Conversando com 5 a 10 líderes todas as semanas sobre questões relacionadas a regimes de trabalho, posso afirmar que eles estão de acordo com esses resultados.
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Trabalho remoto está em alta
A pesquisa mostra que, em novembro de 2022, havia uma diferença de 30% entre a proporção de profissionais que trabalhavam presencialmente (55%) e os que trabalhavam em suas casas (25%). Mas agora essa diferença diminuiu para apenas 22%, com a popularidade do trabalho remoto subindo para 28% em janeiro de 2023.
O trabalho híbrido passou de 16% em novembro de 2022 para 18% e a parcela de profissionais trabalhando presencialmente caiu para 50%. Ou seja, a mudança veio da diminuição do número de pessoas trabalhando presencialmente e do aumento tanto do trabalho remoto quanto do híbrido.
As porcentagens de adoção do trabalho remoto variam dependendo do tamanho da organização. O maior percentual de trabalho remoto (33%) foi em grandes organizações, com mil ou mais funcionários. Esse percentual cai para 26% em pequenas organizações, que têm 1 a 200 funcionários, e 27% para profissionais em organizações de médio porte, com 201 a mil funcionários.
Por que até Elon Musk adotou o modelo remoto no Twitter
Como está sendo, na prática, essa diminuição do trabalho presencial? Como exemplo, considere Elon Musk. Ele é conhecido por criticar o trabalho remoto. Ele disse que aqueles que trabalham remotamente apenas “fingem trabalhar” e estão “fazendo o mínimo esforço possível”. Por isso, ele forçou todos os funcionários da Tesla e da SpaceX a voltarem ao escritório e proibiu o modelo remoto no Twitter ao assumir a plataforma no início de novembro.
No entanto, como parte das medidas de corte de custos sob a liderança de Musk, o Twitter fechou seus escritórios em Seattle e em Cingapura, por exemplo, instruindo os funcionários a trabalhar remotamente. O que fez ele mudar de ideia? Foram os custos associados aos escritórios da empresa nessas cidades, como aluguel, limpeza e segurança.
O fato de Musk – um cético em relação ao trabalho remoto – reconhecer os benefícios de redução de custos desse regime de trabalho ilustra o futuro do trabalho remoto na economia dos EUA. Isso mostra o erro de muitas notícias afirmando que uma recessão econômica iminente levaria ao fim do trabalho remoto, já que um resfriamento no mercado de trabalho daria aos executivos mais poder para exigir que os funcionários voltem a trabalhar presencialmente. Isso porque muitos funcionários preferem trabalhar remotamente e cada vez mais executivos querem seus funcionários no escritório.
Em tempos de crescimento econômico, os executivos têm mais liberdade para tomar decisões com base em seus interesses pessoais, preferências e intuições. Mas, durante uma recessão, eles podem ter que desacelerar essas mudanças, ser mais disciplinados e confiar mais em dados para tomar as melhores decisões para a empresa do ponto de vista financeiro – como Musk escolhendo colocar a equipe do Twitter para trabalhar remotamente para reduzir custos. Esse foco na lucratividade acima das preferências pessoais beneficia o trabalho remoto.
Outros benefícios do trabalho remoto
O trabalho remoto oferece uma infinidade de benefícios, incluindo maior produtividade, custos indiretos mais baixos e melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal para o funcionário. Os trabalhadores remotos têm a flexibilidade de trabalhar de qualquer lugar e a qualquer hora. Eles ainda podem ajustar seus horários de trabalho para atender suas necessidades pessoais, o que resulta em uma maior satisfação no trabalho e redução nos níveis de estresse.
Com o trabalho remoto, as empresas podem acessar um grupo maior de talentos e contratar os melhores profissionais, independentemente da localização deles. Isso leva a mais inovação e competitividade, pois as empresas podem aproveitar as competências dos melhores trabalhadores disponíveis.
O remoto também ajuda as empresas a economizar em custos indiretos, como aluguel, serviços públicos e material de escritório. Um de meus clientes – uma empresa de serviços financeiros de médio porte –, por exemplo, conseguiu economizar US$ 13 milhões por ano em despesas gerais após a transição para um modelo híbrido e flexível. A maioria das pessoas vai ao escritório um dia por semana e outras trabalham de forma totalmente remota – diferentemente do regime anterior, no qual todos trabalhavam presencialmente três dias por semana. Essa flexibilização veio após a empresa cortar metade de seu espaço de escritório e outros custos associados ao trabalho presencial.
Uma pequena empresa de design conseguiu aumentar sua competitividade e inovação adotando o trabalho remoto. A companhia recrutou os melhores talentos, o que resultou em aumento da criatividade e maior qualidade do trabalho, além de pagar menos na folha de pagamento. Desde então, a empresa tem visto maior crescimento e sucesso e, ao mesmo tempo, custos mais baixos.
O aumento do trabalho remoto é uma clara reversão do crescente retorno ao presencial. As companhias estão reconhecendo que o home office não é apenas uma solução temporária para a pandemia, mas sim uma solução sustentável e de longo prazo que oferece muitos benefícios. Com o aumento desse modelo, as empresas podem continuar crescendo e tendo sucesso, mesmo em um ambiente econômico desafiador.
Gleb Tsipursky é colaborador da Forbes USA. Ele foi considerado “expert em trabalho híbrido” pelo New York Times e ajuda líderes a usar esse modelo de trabalho para melhorar a produtividade e a retenção, além de ter mais de 20 anos de experiência como consultor de grandes empresas.
(traduzido por Gabriela Guido)