Já comentamos anteriormente aqui que a aparência de estar no peso “certo” não significa, necessariamente, estar saudável. Às vezes, encontramos uma pessoa no peso adequado para a sua altura, ou seja, com o famoso IMC eutrófico (dentro da normalidade), porém, na realidade, esse indivíduo apresenta uma quantidade de gordura corporal alta e uma massa muscular baixa, o que faz com que mesmo que o peso esteja normal, essa proporção não seja adequada para a saúde.
Da mesma forma, precisamos ficar atentos à questão do cansaço mental. Descartadas as possibilidades de diagnósticos mais graves, como depressão, transtornos de ansiedade ou outros, temos visto que esse sintoma tem se mostrado presente na vida dos altos executivos.
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Muitas vezes, os profissionais atribuem essa fadiga ao excesso de trabalho. Porém, o cansaço mental, acompanhado da falta de concentração e clareza de raciocínio, pode estar relacionado a hábitos totalmente descoordenados com o relógio biológico dos indivíduos.
O que é cronobiologia?
A cronobiologia, ciência que estuda os ritmos biológicos dos seres vivos, sugere que adotemos hábitos alimentares sincronizados com o ritmo do organismo, o que nos garante uma vida mais saudável.
A lógica é simples: o ciclo circadiano — que corresponde às 24 horas do dia — coordena a liberação de hormônios e funções corporais essenciais. E quanto mais estivermos alinhados a esse ciclo, mais bem dispostos e produtivos ficamos.
Café da manhã nutritivo
A primeira refeição do dia, o café da manhã, funciona como um sinal para o corpo de que o dia começou, iniciando o ciclo hormonal e metabólico. Por isso, é fundamental começar o dia com uma refeição nutritiva, composta por comida de verdade e em porções equilibradas, para garantir energia para o corpo ao longo da jornada de trabalho.
Executivos que “pulam” o café da manhã estão mais sujeitos à variação de humor, falta de disposição e baixa concentração. Sem falar que o café da manhã é um “empurrãozinho” e tanto para que as demais refeições do dia sejam saudáveis também. Ou seja, se privar dessa refeição significa comprometer as próximas.
Fazer um desjejum rápido, com comida sem valor nutricional ou alimentos industrializados, tende a desregular todo o dia, a começar pelo horário das demais refeições e a inclusão de lanches desnecessários para saciar a fome.
Mesmo sem um grande apetite ao despertar, o fato é que o corpo humano “não desliga”: ele continua a realizar suas funções enquanto dormimos e precisa de energia quando acordamos. O café da manhã funciona, desta forma, como uma forma de repor a energia que foi gasta nesses processos.
Sono restaurador para a cronobiologia
Seu cérebro vai agradecer por uma boa noite de sono, pois uma noite mal dormida piora a concentração, memória, aprendizado, afeta a imunidade e os eixos hormonais do seu corpo.
Um sono é considerado restaurador quando profundo e ininterrupto. O tempo necessário para conseguir essa proeza varia de pessoa para pessoa, mas geralmente é recomendado que se durma entre 7 e 9 horas por noite. Além disso, o ambiente precisa ser adequado, com temperatura, iluminação e ruído apropriados para que o sono seja de qualidade.
O sono também é regulado pelo ciclo circadiano, que funciona a partir dos comandos do hipotálamo. Poucos sabem, mas o principal fator que determina a qualidade e a quantidade do sono é a quantidade de exposição ao sol antes das 10h da manhã nos 2 a 3 dias anteriores. Com 5 minutos de exposição em dias ensolarados, 20 minutos nos dias nublados e 30 nos mais encobertos já conseguimos obter efeitos reais.
Procure seu médico
Caso você esteja sentindo com frequência sintomas como desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as coisas, procure um médico. Sintomas como dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento, ou diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer, desinteresse, falta de motivação e apatia, entre outros, também devem ser levados a um especialista em saúde.
*Eduardo Rauen é cofundador da healthtech Liti Saúde, que trabalha para resolver a dor do sobrepeso e da obesidade no Brasil. É médico formado pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Integra o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. É médico nutrólogo (com título de especialista pela ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia) e do Exercício e do Esporte (com título de especialista pela SBMEE – Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte). Também atua como diretor técnico do Instituto Rauen – Medicina, Saúde e Bem-Estar.
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